Elton John repete por várias vezes que não pensava em gravar durante a pandemia. Nestes tempos de mortes e isolamento, não havia clima. Mas, aos poucos, as pessoas começaram a chegar até ele, e foi como se um novo álbum se desenhasse naturalmente.
Primeiro, ele conheceu, em um restaurante de Los Angeles, o jovem cantor e compositor Charlie Puth, de 29 anos. Cheio de charme e carisma, com parte da sobrancelha direita arrancada por uma mordida de cachorro na infância, Puth ainda não parece ter algo que o diferencie do pop mediano. Mas ninguém se importa com isso. Puth falou de seu estúdio, declamou-se ao ídolo e o convenceu a fazerem algo juntos.
REMIX
Dua Lipa veio em seguida, em outro jantar. Falaram de colaborações, trocaram elogios e, meses depois, saiu “Cold heart”, remix do trio Pnau (coletivo dos produtores Nick Littlemore, Peter Mayes e Sam Littlemore) para a dupla Dua e Elton.
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Elton John, de 74 anos, falou sobre o projeto em vídeo aberto à imprensa. Aberto, mas controlado. Dentro de um estúdio, respondeu a apenas três das milhares de perguntas enviadas por profissionais de todo o mundo. As novas músicas só puderam ser escutadas pelos jornalistas em partes.
“The lockdown sessions” foi gravado nos últimos 18 meses. Elton havia feito uma pausa na turnê “Farewell yellow brick road” e se divertia apresentando o programa de rádio “Apple music rocket hour”, discutindo música com o marido, David Furnish, ou com Eminem.
“A última coisa que esperava durante o lockdown era fazer um álbum. Mas à medida que a pandemia avançava, projetos pontuais continuaram surgindo. Todas as faixas em que trabalhei eram realmente interessantes e diversas, diferentes de tudo pelo que sou conhecido. Elas me tiraram da zona de conforto para um território novo”, disse ele.
Havia algo familiar em trabalhar assim. “No início da minha carreira, fui músico de estúdio. Trabalhar com diferentes artistas durante o lockdown me fez lembrar disso. Estava fechando um ciclo, voltava a ser músico de estúdio. E ainda era o máximo”, afirmou ele, em comunicado à imprensa.
Sir Elton comentou a força da cena queer, do pop LGBT%2b. Citou com empolgação especial o jovem Jake Wesley Rogers: “Procurem saber, ele logo será grande.” Gay assumido, tirou onda: “Nós somos muitos, mas não vamos machucar vocês.”
NOVOS
Elton revelou que ouve muita gente nova. Contou que a primeira canção que o deixou tonto foi “Secret love”, com Doris Day. E não para de buscar artistas desconhecidos. “Ainda faço minhas listas de CDs e dos vinis que quero comprar, fico atento. O Spotify lança 30 mil músicas por semana.”
O astro comentou o prazer em gravar com Stevie Nicks, do Fleetwood Mac, lembrando que colaborações não são novidade para quem já trabalhou com Ray Charles, Aretha Franklin e John Lennon. Só não fez nada – ainda – com Billie Eilish porque não está na hora. “Ela ainda está se descobrindo, encontrando seu caminho”, afirmou.