Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Rafael Martini faz show com música 'difícil de definir, fácil de escutar'


Lançado em novembro de 2020, “como uma maneira de prover um certo conforto para o público", o álbum "Vórtice", de Rafael Martini, estava pronto quando a pandemia da COVID-19 começou. Devido à suspensão dos eventos culturais em Belo Horizonte, o compositor, arranjador e instrumentista mineiro não conseguiu realizar um show com suas músicas novas. 





Agora, quase um ano depois da chegada do disco às plataformas digitais, Martini apresenta-o ao vivo diante de uma plateia, neste domingo (24/10), às 16h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Segundo ele, a expectativa para a apresentação "está muito grande". 

ESPECIAL

O show, que faz parte do projeto Música de Domingo, também é especial porque terá participação da cantora, compositora e instrumentista mineira Ceumar. "Estar no palco com ela coroa essa apresentação. Esta será a primeira vez que a gente se encontra em show. Estou muito contente também pelo lançamento no Música de Domingo, um projeto muito caro para mim, no qual eu fiz o meu primeiro show autoral em carreira solo", ele comenta.

No palco, Rafael Martini estará acompanhado dos músicos Paulim Sartori (baixo), Yuri Vellasco (bateria) e Davi Fonseca (Teclado). O repertório mesclará as faixas do "Vórtice" com músicas de seus quatro discos anteriores- "Motivo" (2012), "Suíte onírica" (2017), "Gesto" (2017) e "Haru" (2017).





"Vai ser um show bastante dedicado ao meu novo disco, mas também quero celebrar esse encontro com a Ceumar. Então, além das músicas dos meus discos antigos, também vamos fazer duas músicas dela, inclusive a faixa-título do álbum 'Espiral', que ela lançou em 2019. Os nossos dois trabalhos se entrelaçam até mesmo nesse título. O meu, 'Vórtice', e o dela, 'Espiral'. É como se fossem sinônimos ou complementares", analisa Martini.

O título do disco também explica um pouco da história dele. Apesar de ter sido lançado no ano passado, "Vórtice" começou a nascer em 2016 e seria, portanto, o segundo disco de Rafael Martini. Em razão de outros projetos musicais que surgiram na época, o músico acabou engavetando o trabalho, até que, em 2019, surgiu a oportunidade de lançá-lo por meio do selo Estúdio304, do músico mineiro Chico Neves.

"É um título extremamente simbólico. Vórtice é um túnel que te transporta para qualquer espaço-tempo. De certa forma, lançá-lo me transportou para 2016, o ano em que ele foi gravado. Era para ter sido meu segundo disco e acabou sendo o quinto. É uma viagem no tempo para mim. Gravei esse trabalho de forma muito independente, contando com a ajuda de amigos músicos", conta.





As sete faixas do disco trazem uma linguagem própria, que pode ser definida como jazz contemporâneo, ainda que apresente elementos do universo do rock e da música eletrônica. Martini conta que executou essas músicas em apresentações ao vivo e em ensaios, antes que o álbum pudesse finalmente ser gravado.

"Aos poucos, esse disco foi sendo burilado e expandido na maneira como eu imaginava que ele deveria ser. Tudo isso na mão do Chico , que pegou o disco para finalizar. Quando comecei a compor, imaginei que as músicas ficariam boas em trio, a formação original do jazz. Mas, aos poucos, fui entendendo que seria bom ter mais um teclado. Então virou o que chamo de trio mais um", ele brinca.

Curiosamente, “Vórtice” foi criado enquanto o músico se dedicava a estudar arranjos de clássicos do rock dos anos 1970. Por conta disso, Rafael Martini não o vê como um disco de jazz, mas como um trabalho de música instrumental.





"Comecei a compor quando estava dedicado a fazer releituras de rock, que é a minha base musical. Aos poucos, a gente adicionou elementos da música eletrônica e é daí que surge a sonoridade de um trabalho marcado por uma abordagem diferente de qualquer outra coisa no jazz. Acredito que tenha a ver com esse estilo no sentido da liberdade que ele propõe", diz o músico.

ELITISMO

Para ele, o jazz é um gênero que historicamente ficou atrelado a uma espécie de elitismo que insiste em ignorar "sua origem negra e periférica". "Existe um sentido agregado de algo luxuoso. Não é por aí. Conceitualmente, ele foi criado para ser democrático e acessível."

Martini defende que "a ideia é sempre comunicar. Se um artista está preocupado com isso, não há definição de estilo ou gênero que possa limitar que determinada música toque as pessoas que a estão ouvindo. 





Sobre sua própria música, ele diz encará-la “como algo muito menos hermético justamente pela força da comunicação. E eu gosto quando é difícil de definir, mas fácil de escutar. Muitas das definições que estão por aí reduzem as músicas e não querem dizer nada".

RAFAEL MARTINI COM PARTICIPAÇÃO DE CEUMAR
Show neste domingo (24/10), às 16h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas  (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Gratuito. Retirada de ingressos por meio da plataforma Eventim. 









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