Beto Guedes, um dos artífices do Clube da Esquina, completa 50 anos de carreira e 70 de vida este ano, mas ele se apressa em desvincular o show que apresenta neste sábado (23/10), às 21h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, de qualquer efeméride.
“Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Essas comemorações foram em agosto, e já estamos em outubro. Esse show é só um apanhado de carreira”, diz. A apresentação de logo mais não deixa, portanto, de contemplar o arco de sua trajetória – ou pelo menos uma parte dele –, já que o repertório se concentra nos três primeiros discos que lançou: “A página do relâmpago elétrico”, de 1979, “Amor de índio”, de 1978, e “Sol de primavera”, de 1979.
“A gente sempre toca um pouco de tudo, é sempre um apanhado do que fiz até aqui, pegando as músicas de mais destaque. Tinha um outro roteiro, mas a gente foi mexendo e chegou nisso aí, uma coisa fechada nos três primeiros discos. Entra um ou outro lado B também”, diz.
O show que ocupa o teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, com canções como “Sol de primavera”, “Amor de índio”, “O sal da terra”, “Feira moderna”, “Vevecos, panelas e canelas” e “Maria Solidária”, é o segundo que Beto faz desde a chegada da pandemia. Com a flexibilização das medidas restritivas de combate à COVID-19, ele retomou o contato direto com a plateia em uma apresentação, no último dia 17, no Bourbon Street, em São Paulo.
SAUDADE
“Foi ótimo. Estava com saudade de ver meu público olho no olho. Ter o contato com a galera é muito bom”, diz. Para ele, o período de isolamento social foi difícil de atravessar, em razão da impossibilidade de exercer plenamente seu ofício. “Não me ocupei de nada durante esse período da pandemia. Sem poder trabalhar, acabei não fazendo nada, as coisas ficaram todas paradas. Agora é que está começando a melhorar. Já era para estar todo mundo vacinado neste país.”
Nem mesmo à composição – válvula de escape para muitos músicos neste contexto pandêmico – Beto se dedicou durante seu período de reclusão. Ele se diz desiludido com o mercado e dá a entender que não pensa em lançar um novo disco. “A chegada da pandemia complicou demais para o nosso lado uma coisa que já estava complicada. Antigamente, você vendia CD, mas aí as coisas começaram a ficar muito difíceis. Você tem um trabalho tremendo para fazer um disco e, depois, com o material pronto, todo mundo quer meter a mão”, afirma.
“A gravadora colocava no disco o preço de R$ 20, aí no dia seguinte você ia ver e ele estava a R$ 5 no camelô. Depois veio o pen-drive, com todo mundo compartilhando tudo, depois o Spotify, então agora ninguém mais compra CD”, lamenta. Ele considera que, para quem está na estrada há muitos anos, esse cenário de mudanças é também de muitas incertezas. Beto entende, no entanto, que algum movimento é necessário. “Eu quero, de repente, lançar um single. Mandei umas ideias para o Milton e para o Ronaldo Bastos. De repente sai um novo ‘Amor de índio’, como um fã já chegou a pedir.”
A abertura do show de Beto logo mais está a cargo de sua neta, Júlia Guedes, o que adensa a presença da família no palco, já que seu filho, Ian Guedes, o acompanha, como integrante da banda – juntamente com Arthur Resende (bateria), Adriano Campagnani (baixo) e Will Motta (teclado) –, há mais de 10 anos.
“A Júlia é uma cantora talentosa, e vai estar acompanhada pelo Pedro (Volta), que também é um músico talentoso. Eles têm feito uma coisa aqui, outra ali, tudo muito bonito”, diz, acrescentando que, com Ian, já existe uma sintonia fina forjada pelo tempo.
“BETO GUEDES IN CONCERT”
Neste sábado (23/10), às 21h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Classificação livre. É obrigatório o uso de máscara dentro do teatro. A bilheteria funciona até 30 minutos depois do início do espetáculo.