Agora, quase um ano depois da chegada do disco às plataformas digitais, Martini apresenta-o ao vivo diante de uma plateia, neste domingo (24/10), às 16h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Segundo ele, a expectativa para a apresentação "está muito grande".
ESPECIAL
No palco, Rafael Martini estará acompanhado dos músicos Paulim Sartori (baixo), Yuri Vellasco (bateria) e Davi Fonseca (Teclado). O repertório mesclará as faixas do "Vórtice" com músicas de seus quatro discos anteriores- "Motivo" (2012), "Suíte onírica" (2017), "Gesto" (2017) e "Haru" (2017).
"Vai ser um show bastante dedicado ao meu novo disco, mas também quero celebrar esse encontro com a Ceumar. Então, além das músicas dos meus discos antigos, também vamos fazer duas músicas dela, inclusive a faixa-título do álbum 'Espiral', que ela lançou em 2019. Os nossos dois trabalhos se entrelaçam até mesmo nesse título. O meu, 'Vórtice', e o dela, 'Espiral'. É como se fossem sinônimos ou complementares", analisa Martini.
O título do disco também explica um pouco da história dele. Apesar de ter sido lançado no ano passado, "Vórtice" começou a nascer em 2016 e seria, portanto, o segundo disco de Rafael Martini. Em razão de outros projetos musicais que surgiram na época, o músico acabou engavetando o trabalho, até que, em 2019, surgiu a oportunidade de lançá-lo por meio do selo Estúdio304, do músico mineiro Chico Neves.
"É um título extremamente simbólico. Vórtice é um túnel que te transporta para qualquer espaço-tempo. De certa forma, lançá-lo me transportou para 2016, o ano em que ele foi gravado. Era para ter sido meu segundo disco e acabou sendo o quinto. É uma viagem no tempo para mim. Gravei esse trabalho de forma muito independente, contando com a ajuda de amigos músicos", conta.
As sete faixas do disco trazem uma linguagem própria, que pode ser definida como jazz contemporâneo, ainda que apresente elementos do universo do rock e da música eletrônica. Martini conta que executou essas músicas em apresentações ao vivo e em ensaios, antes que o álbum pudesse finalmente ser gravado.
"Aos poucos, esse disco foi sendo burilado e expandido na maneira como eu imaginava que ele deveria ser. Tudo isso na mão do Chico [Neves], que pegou o disco para finalizar. Quando comecei a compor, imaginei que as músicas ficariam boas em trio, a formação original do jazz. Mas, aos poucos, fui entendendo que seria bom ter mais um teclado. Então virou o que chamo de trio mais um", ele brinca.
Curiosamente, “Vórtice” foi criado enquanto o músico se dedicava a estudar arranjos de clássicos do rock dos anos 1970. Por conta disso, Rafael Martini não o vê como um disco de jazz, mas como um trabalho de música instrumental.
"Comecei a compor quando estava dedicado a fazer releituras de rock, que é a minha base musical. Aos poucos, a gente adicionou elementos da música eletrônica e é daí que surge a sonoridade de um trabalho marcado por uma abordagem diferente de qualquer outra coisa no jazz. Acredito que tenha a ver com esse estilo no sentido da liberdade que ele propõe", diz o músico.
ELITISMO
Para ele, o jazz é um gênero que historicamente ficou atrelado a uma espécie de elitismo que insiste em ignorar "sua origem negra e periférica". "Existe um sentido agregado de algo luxuoso. Não é por aí. Conceitualmente, ele foi criado para ser democrático e acessível."
Martini defende que "a ideia é sempre comunicar. Se um artista está preocupado com isso, não há definição de estilo ou gênero que possa limitar que determinada música toque as pessoas que a estão ouvindo.
Sobre sua própria música, ele diz encará-la “como algo muito menos hermético justamente pela força da comunicação. E eu gosto quando é difícil de definir, mas fácil de escutar. Muitas das definições que estão por aí reduzem as músicas e não querem dizer nada".
RAFAEL MARTINI COM PARTICIPAÇÃO DE CEUMAR
Show neste domingo (24/10), às 16h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Gratuito. Retirada de ingressos por meio da plataforma Eventim.