(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas AUDIOVISUAL

'Sintonia' volta amanhã com personagens mais maduros

Netflix libera nesta quarta-feira (27/10) seis novos episódios da série que busca mostrar um retrato multifacetado da juventude na periferia brasileira


26/10/2021 04:00 - atualizado 26/10/2021 07:57

MC Doni (Jottapê), Rita (Bruna Mascarenhas) e Nando (Christian Malheiros), sentados num muro, se olham e sorriem
MC Doni (Jottapê), Rita (Bruna Mascarenhas) e Nando (Christian Malheiros) encaram decisões difíceis na nova temporada da série (foto: Netflix/Divulgação)

A série nacional "Sintonia'' estreou na Netflix em 2019, contando a história de três jovens que representam as vivências da periferia brasileira sob a ótica do funk: MC Doni (Jottapê); do crime, Nando (Christian Malheiros), e da igreja evangélica, Rita (Bruna Mascarenhas).
A segunda temporada, que a plataforma de streaming disponibiliza a partir desta quarta-feira (27/10), aprofunda a história do trio e também a vocação de representar uma realidade de milhares de jovens brasileiros, na opinião de seus intérpretes.

“Não é a série só do Doni, da Rita e do Nando. Acho que é desse contexto de periferia em si. A gente está retratando a vida de muita gente. Não é mais só do (produtor) Kondzilla, que foi o idealizador do projeto. São vidas que a gente está representando, não apenas uma empresa. Então, acho que é um lance mais profundo agora nesta temporada”, comenta Jottapê em coletiva de imprensa virtual.

A proposta criada e dirigida pelo Kondzilla, o maior canal de YouTube da América Latina, com mais de 64,9 milhões de inscritos, foi a quinta série brasileira produzida pela Netflix. O empresário Konrad Dantas, fundador da Kondzilla, ficou conhecido pela produção audiovisual de funk e, hoje, pretende ser o maior comunicador para o público jovem da periferia. "Sintonia'' foi sua primeira experiência no campo cinematográfico, na tentativa de representar as vivências suburbanas para além do baile.  

Na primeira temporada, somos apresentados a três amigos de infância que seguiram caminhos muito diferentes na vida, mas permanecem unidos. MC Doni fecha o contrato com uma gravadora de funk, Rita se converteu à religião, na tentativa de superar o passado, enquanto Nando se torna um dos principais traficantes da área. 
O ator Christian Malheiros aperta a mão de outro homem; ambos sentados à mesa
Para o ator Christian Malheiros, seu personagem ajuda a quebrar estereótipos em torno da representação da periferia e da criminalidade (foto: Netflix/divulgação)

DECISÕES 

Os seis episódios da segunda temporada aprofundam a trajetória de cada protagonista em seu universo particular. Eles assumem novas responsabilidades e precisam tomar decisões importantes. A trama se situa meses após os acontecimentos da última temporada.

MC Doni começa a lidar com a realidade do show business, Rita se torna uma figura cada vez mais importante em sua igreja, e Nando precisa descobrir qual parceiro está traindo a confiança da facção. 

Apesar das diferenças, os jovens permanecem juntos, protegendo um ao outro. “Os três vieram do mesmo lugar, aprenderam as mesmas coisas. E como em qualquer trabalho, sendo dentro ou fora da periferia, cada um escolhe o que quer fazer da vida. Isso não interfere na amizade deles”, diz Jotapê. 

“Essa é a família que eles escolheram, não é a família na qual nasceram. É a família que escolheram para chamar de sua, então tem um valor simbólico muito maior do que os laços de sangue”, descreve Christian Malheiros. Cenas que retratam a infância dos personagens na Vila Áurea (uma favela fictícia inspirada nas comunidades de São Paulo) fazem parte da segunda temporada e revelam detalhes que justificam as decisões de cada um deles no presente. 
MC Doni, com roupa colorida em cenário brilhante, faz performance em show para a TV em cena de sintonia
Os novos episódios mostram a evolução na carreira de MC Doni, que canta no programa 'Domingo Legal', do SBT/Alterosa (foto: Netflix/divulgação)

RESPONSABILIDADE 

Cristian Malheiros, que integrou o elenco de “Sócrates”, “7 prisioneiros” (2021) e “Sessão de terapia”, afirma sentir uma grande responsabilidade de contar histórias reais. Natural da Baixada Santista, o ator cresceu na periferia e se identifica com o cenário apresentado na série.  

“O que se passa na periferia parece até universal. Geralmente, a gente lida com as mesmas questões. A gente esbarra na falta de oportunidades, no preconceito, nessa coisa caricata de que o bandido sempre é o malvado, mata”, diz. 

Na opinião do ator, seu personagem contribui para quebrar estereótipos. “Eu acho que vai além, traz uma reflexão do por que essas pessoas entraram no crime. A gente está falando do quê, no final das contas? Porque falar da periferia é a ponta do iceberg. Se voltar lá atrás, a gente está falando de desigualdade social, da herança de um Brasil colonial. Então, são muitas questões envolvidas que fazem a gente entrar nessa realidade da melhor forma possível.”    

Jottapê cresceu em Brasilândia, na região Norte de São Paulo, e, além de compartilhar a vivência da quebrada com seu personagem (MC Doni), também é cantor de funk, sendo um dos artistas produzidos pelo Kondzilla. “Eu estou ali atuando uma coisa que eu vivi. Além de ser um trabalho muito próximo do que já vivi, é muito importante para mim mostrar essa realidade”, afirma. 

O artista conta que, na segunda temporada, o elenco precisou lidar com o amadurecimento dos personagens. MC Doni, por exemplo, compra um apartamento, sai da Vila Áurea, começa a morar sozinho e a lidar com os bastidores da fama. Na trama, ele vai participar do Kondzilla Festival e do programa “Domingo Legal”, do SBT/Alterosa, com participação de Celso Portiolli. DJ Alok e MC Kevinho também participam da nova temporada, fazendo feat com MC Doni.

 

TRANSFORMAÇÃO 

Natural de Niterói (RJ), Bruna Mascarenhas conta que teve a oportunidade de aprender mais sobre sua personagem neste processo. “Eu não vim da quebrada, então, para mim, realmente foi uma transformação o entendimento da primeira temporada. Entrei muito de gaiato no navio, faltando três semanas, então foi muita coisa para absorver. Nessa segunda temporada, pude aprofundar muito mais, tive mais tempo de estudar, principalmente a caminhada dela (Rita) dentro da igreja”, comenta. 

Ela conta que leu a “Bíblia” durante todo o processo de gravação. A preparação a ajudou a aprender o significado da palavra “perdão” no cristianismo, que vai ser importante na decisão de Rita ir atrás do seu pai. “Acho que deu um lugar de empatia muito maior até do que na primeira temporada. Eu acho que esse é o caminho, a gente está cada vez mais aprofundando esses personagens”, afirma

Em sua visão, a fé apenas fortalece e liberta a personagem, ao invés da posição de subordinação algumas vezes vinculada à presença das mulheres na igreja. “O grande lance da Rita também é que ela quer pertencer a algum lugar. Acho que a igreja está sendo essa oportunidade, ela está se sentindo pertencente a um espaço”, diz Bruna. 

Para a atriz, a personagem, “independentemente da religião, sempre teve essa fé”. Ela comenta que “você ser uma pessoa de fé não significa ter uma religião. Independentemente do caminho que a Ritinha seguir agora, a partir desta segunda temporada acho que a fé só fortalece mesmo, dá força e garra pra ela continuar sendo essa menina independente. Para conseguir a vida confortável que ela sempre quis”.

*Estagiário sob a supervisão da editora Silvana Arantes

“SINTONIA” 
Segunda temporada (seis episódios), disponível a partir da próxima quarta-feira (27/10), na Netflix


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)