Dois dias depois de lançar o álbum “Chemtrails over the country club”, em março passado, Lana Del Rey pegou os fãs de surpresa ao anunciar, nas redes sociais, que o disco seguinte já estava pronto, se chamaria “Rock candy sweet” e chegaria em junho. Os meses se passaram e o trabalho não saiu. Adiado, ganhou um novo título, “Blue banisters”, e finalmente chegou às plataformas digitais na última sexta-feira (22/10).
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Esse parece ter sido o gancho para que Lana transformasse em música as insatisfações que vem acumulando desde que despontou como musa indie incompreendida. Com 15 faixas, o novo trabalho é recheado de baladas melancólicas de voz e piano que mostram a artista descrente não só da própria vida, mas do mundo.
Desde a primeira música, “Text book”, lançada como single em maio, Lana estabelece um clima de desolação no qual citar o movimento Black Lives Matter faz todo sentido. Na faixa-título, ela expõe suas habilidades como contadora de histórias e reprisa os vocais agudos de “Chemtrails”.
“Arcadia”, lançada como single e clipe no início de setembro, apresenta a Lana Del Rey já conhecida por aqueles que acompanham seu trabalho. Com pegada elegante e marcada por atmosfera fúnebre, ela canta frases como “meu corpo é um mapa de Los Angeles” e “eles me construíram com 300 pés de altura só para me derrubar”.
“Black bathing suit” indica que o disco foi escrito durante a pandemia, momento em que ela precisou cancelar boa parte da turnê “Norman fucking rockwell!”, inclusive no Brasil. A letra cita dias em casa e chamadas via Zoom.
“Dealer” é compartilhada com a Last Shadow Puppets, banda de Alex Turner (Arctic Monkeys) e Miles Kane (The Rascals). A faixa quebra o ritmo após a sucessão de três baladas bastante monótonas – “If you lie down with me”, “Beautiful” e “Violets for roses”.
“Blue banisters” tem canções em diálogo direto com a sonoridade e a estética folk setentista que inspirou Lana em “Chemtrails over the country club”. “Nectar of the gods” e “Living legend”, compostas com o ex-namorado Barrie-James O'Neill, não escondem que faixas de ambos foram criadas quase simultaneamente.
EM FAMÍLIA
Disco longo para os padrões atuais da indústria, o álbum traz as dispensáveis “Thunder”, “Wildflower wildfire” e “Cherry blossom”. Mas isso passa despercebido por conta da última faixa, a surpreendente “Sweet Carolina”, parceria de Lana com o pai, o empresário Rob Grant, e a irmã da cantora, Chuck Grant. Com “Blue banisters”, Lana chega ao oitavo álbum disposta a descumprir algumas das regras da indústria em nome da própria arte. Além de lançar dois discos no mesmo ano, ela desativou todas as suas redes sociais e agora deixa que as músicas falem por si.
“BLUE BANISTERS”
• De Lana Del Rey
• 15 faixas
• Universal Music
• Disponível nas plataformas digitais