Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Para virar a página da pandemia, cantora faz show acompanhada de 10 músicos


É possível dizer que, de certa forma, a carreira de Jennifer Souza está entrelaçada com o Savassi Festival. Em 2013, quando ela lançou seu primeiro disco solo, "Impossível breve", o show de estreia do trabalho foi realizado no evento. Nas edições seguintes, Jennifer continuou conectada ao festival, não necessariamente como artista, mas sim na plateia ou nos bastidores, como produtora. 





Agora, a cantora e compositora mineira retorna aos palcos do Savassi para estrear, ao vivo, seu recém-lançado segundo disco, "Pacífica pedra branca" (2021). O show será nesta quarta-feira (27/10), na Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes. Ela afirma que sua expectativa para a apresentação é "a melhor possível". 

"Depois de tanto tempo, poder fazer um show com banda, casa cheia e disco lançado é um verdadeiro presente. Estou superempolgada para reencontrar o público e poder fazer isso em um evento de tamanha importância, como é o Savassi, o que torna a coisa ainda mais especial", diz.

A banda a que Jennifer se refere é composta por nada menos que sete músicos: Marcus Abjaud (piano e teclado), Fred Selva (synths, eletrônica e harmônio), Thiago Corrêa (baixo e vocais), Felipe Continentino (bateria), João Machala (trombone), Breno Mendonça (sax tenor) e William Alves (trompete e flugelhorn). O show ainda contará com a participação especial de Luka Milanovic (violino), Felipe José (violoncelo) e Leonardo Marques (guitarra).





"Num contexto normal de shows, acho que eu me apresentaria com um quinteto, no máximo. Mas como esse é um show de lançamento, decidi fazer ao vivo os arranjos que estão registrados no disco. Então, são muitos instrumentos", ela conta. "Eu me revezo no violão e na guitarra, e a banda vem com o restante dos instrumentos que cada música pede."


ENERGIA

O repertório da apresentação será formado pelas nove faixas do disco e mais duas canções do "Impossível breve" (2013). Apesar de querer reproduzir  diante do público o que foi registrado em estúdio, Jennifer Souza observa que, ao vivo, a história é outra e as músicas vão ganhando vida.

"O show traz um pouco de energia para elas, o que é uma das coisas mais deliciosas. Além disso, a maioria dos músicos que vão tocar comigo são de jazz, e isso ajuda a soltar um pouco os arranjos da seriedade que a gravação de um disco pede”, comenta. 





“Por exemplo, 'Ultraleve' é uma música que tem um solo improvisado no final. Como é uma improvisação, esse solo vai virar uma coisa completamente diferente do disco no palco. O show permite essas dinâmicas, e a gente vai contrapor momentos mais calmos e momentos mais enérgicos", avisa.

A apresentação será registrada para ser usada em um projeto futuro, ainda sem data de lançamento. Pronto desde 2019, "Pacífica pedra branca" estava previsto originalmente para 2020, mas foi adiado em decorrência da pandemia. Jennifer Souza lançou o trabalho digitalmente no último dia 14, pela Balaclava Records, no Brasil, e pelo selo Disk Union, no Japão. Em 2022, o disco será lançado em vinil na Europa pela 180g.

As nove faixas do álbum abordam questões existenciais e estão inseridas em um universo sonoro criado pela artista que mistura folk e jazz. "Nunca planejei um disco sereno. A maneira como as pessoas o enxergam, como um trabalho brando e luminoso, tem mais a ver com as intenções que eu coloco nas músicas e como eu expresso os sentimentos que me acompanharam durante a composição das letras", ela afirma. "São sentimentos profundos e delicados, que estão no movimento contrário à rapidez do mundo de hoje."





Segundo a artista, o intervalo de oito anos entre o primeiro e o segundo discos já explica o porquê de suas músicas trazerem à tona uma tranquilidade. "Só isso já traduz que esse é um trabalho que foi gestado, pedacinho por pedacinho, aos poucos. Durante todo o processo de composição e gravação, eu sempre dizia para mim mesma que esse disco só iria sair quando tivesse que sair. É um disco que não faz sentido se você o escutar num contexto de rapidez. Ele pede para que você pare um pouquinho."

A pausa que Jennifer sugere – de quase 40 minutos – conta com a participação da banda Moons, da qual ela faz parte, na música "Serena"; e do cantor, compositor, violonista e poeta baiano Tiganá Santana, na faixa "Oração ao sol". Na composição, ela conta com os parceiros Luiz Gabriel Lopes ("Ultraleve"), Rafa Castro ("Na ponta dos pés") e Fabio Góes ("Ser no espaço minha luz").

Integrante também da banda Transmissor, atualmente em hiato, e criadora da Mostra Cantautores, Jennifer considera que a experiência que tem em bandas contribui e muito para o seu trabalho solo.

"Meu primeiro trabalho solo só nasceu porque meus colegas da Transmissor me influenciaram demais. Estar dentro de uma banda foi o empurrão para que eu desenvolvesse o meu lado compositora. Tanto é que algumas das canções do 'Impossível breve' foram escritas originalmente para a Transmissor." Segundo ela, "essa convivência em coletivo enriquece muito o trabalho”.

JENNIFER SOUZA 

Show nesta quarta-feira (27/10), às 20h15, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Ingressos pelo site eventim.com.br a R$ 25 (inteira) e R$ 12,50 (meia)




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