Levar leveza e um pouco de humor ao público. Essa é a proposta do BH Comedy Club para este domingo (31/10), ao reunir artistas de diferentes gerações no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Bruno Costoli, Diego Matias, Geraldo Magela (o Ceguinho), Joel de Carvalho, Rossini Luz e Daniel Gerth se revezarão no palco por 15 minutos cada, em performances que serão disponibilizadas posteriormente no canal do coletivo no YouTube.
“É legal, porque você 'pega' modelos de humor diferentes. Cada um tem uma característica”, afirma Magela ao comentar a proposta do Clube, prometendo levar para o palco a experiência dos cegos durante o isolamento social.
“É um presídio domiciliar sem tornozeleira. Conto coisas bem interessantes que aconteceram, acho que o pessoal vai gostar”, adianta Ceguinho.
Veterano da cena belo-horizontina, o humorista Geraldo Magela,de 63 anos, ficou conhecido pelos casos e piadas sobre a sua própria experiência de não enxergar. Ele chamou a atenção do país ao participar de “A praça é nossa”, programa do SBT/Alterosa.
Impedido de subir ao palco, o humorista diz ter se reinventado durante a pandemia. Escreveu a autobiografia “Um cego de olho no futuro” (ainda sem data de lançamento) e gravou 10 episódios de “Cegos, loucos e mancos” para o SBT, que ainda não foram ao ar.
No período do confinamento, ele apostou nas redes sociais e produziu três lives com textos inéditos em seu canal de YouTube, recolhendo contribuições financeiras via chat. Também criou perfis nas plataformas Tik Tok e Kawaii para compartilhar seu trabalho.
“A princípio, fiquei muito apreensivo. Mas acabou que me reinventei, então foi muito bom”, diz Ceguinho. “Os espetáculos sumiram, mas acabou que trabalhei mais do que se estivesse fazendo show”, afirma, contando que pretende manter a produção de conteúdo on-line.
Ceguinho não faz show presencial há um ano e meio. Para ele, é fundamental divertir as pessoas neste momento. “Isso sempre foi importante, agora mais ainda. O pessoal ainda está sob o efeito negativo da pandemia. Pessoas esgotadas, estressadas em casa”, observa.
BARES
Bruno Costoli, de 36 anos, faz parte da nova geração de humoristas mineiros. Começou a atuar profissionalmente em 2009 e integra o grupo Desculpa Qualquer Coisa, que completou 10 anos. No início de carreira, ele se apresentava em bares da Grande BH. Afirma que, aos poucos, o mercado mudou e comediantes começaram a ocupar o palco.
“A gente (do coletivo Desculpa Qualquer Coisa) tomou a decisão de fazer no teatro, principalmente quando começamos a gravar vídeos. Bar não é ideal para vídeo de stand up, ali tem muitas distrações. Não é ambiente tão controlado quanto o do teatro”, compara.
Bruno Berg, outro integrante do coletivo, elogia a iniciativa do BH Comedy Club. “Ter shows com frequência é muito bom para a cidade”, afirma.
Neste domingo, o humorista se apresenta pela primeira vez na capital desde o início da pandemia. Promete show leve, provavelmente sem piadas sobre o presidente Bolsonaro e o coronavírus. “Só de fazer o povo esquecer um pouquinho tudo o que está acontecendo, já é interessante. No Brasil, então, nem se fala”, acredita.
Ao contrário de vários colegas, Costoli não se adaptou às lives. “Claramente, não é a mesma coisa”, diz, afirmando que o formato não é tão interessante quanto o presencial. “A falta da risada e do retorno do público faz muita diferença.”
O artista apostou na produção de vídeos para as redes sociais, o que lhe trouxe remuneração por alguns trabalhos “Consigo gravar 15 vídeos num dia e postar. A gravação do stand up deve ser no palco, com público. Chegamos a fazer vários testes, mas não é a mesma coisa. Ter vídeo bom e bem-feito de stand up é muito difícil”, observa.
O evento de hoje indica a retomada do humor mineiro, passado o período mais crítico da pandemia. O teatro do Minas Tênis Clube receberá outros espetáculos do BH Comedy Club em 21 e 28 de novembro e 19 de dezembro.
''Claramente, (live) não é a mesma coisa. A falta da risada e do retorno do público faz muita diferença''
Bruno Costoli, humorista
APOIO
Para Ceguinho, talentos locais deveriam ser mais valorizados pelo público. “Poderia ser melhor, temos muitos artistas aqui. Não sei dizer o motivo, mas é uma pena, o pessoal não vai ao teatro como deveria. Às vezes, chega um artista de fora que faz muito sucesso e atrai público bem expressivo”, destaca.
“Muitos humoristas de São Paulo e do Rio de Janeiro fazem humor um pouco mais áspero, pesado. Em Minas, não. Em geral, nosso humor é muito qualificado”, diz Ceguinho, apontando o alto preço de ingressos e do aluguel de espaços também como empecilhos. “O empresário, o patrocinador mineiro, é muito 'pé atrás'. Há grande dificuldade de conseguir patrocínio.”
Apesar das dificuldades, Bruno Costoli acredita que o mercado de stand up vai crescer em Minas, destacando que artistas surgidos na internet podem atrair público para os shows. “Em termos de interesse, de busca na internet e rede social, (o movimento) está crescendo e ainda vai crescer muito mais”, conclui.
BH COMEDY CLUB
Neste domingo (31/10), às 19h. Centro Cultural Unimed-BH Minas, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada). É obrigatório o uso de máscara . Ingressos à venda no site Eventim e na bilheteria do teatro. Informações: https://linktr.ee/bh.comedyclub
*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria