O Grupo Editorial Record anunciou neste domingo (31/10) que voltou a ter os direitos de publicação da obra de Carlos Drummond de Andrade. A data é significativa, pois se trata do aniversário de 119 anos de nascimento do poeta, que morreu em 1987.
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Conheça os tesouros de Drummond que a Academia Mineira de Letras guardaItabira recebe mostra de obras de Portinari que geraram poemas de DrummondCompanhia das Letras deixa de ser editora da obra de DrummondReedição de livros de Drummond será lançada nesta quarta (6/4), em ItabiraObra de Drummond é tema de projeto com José Miguel Wisnik e Ronaldo FragaAs 24 séries que definem o século 21“Havia um vínculo afetivo entre nossa família e a editora Record”, comentou Pedro Augusto Graña Drummond, neto do poeta e um dos responsáveis pelos direitos do autor, ao lado do irmão Maurício. “Festejamos a reaproximação e o projeto de trabalho apresentado é muito bom.”
SELO
Durante décadas, a obra de Drummond foi publicada pela José Olympio Editora, que completa 90 anos em 2021. Na década de 1980, os direitos foram transferidos para a Record, que logo adquiriu a José Olympio, transformando-a em um de seus selos.
Em 2011, a obra de Drummond se transferiu para a Companhia das Letras, que assinou um contrato de 10 anos. Foram lançados 54 títulos, incluindo poesia, crônica, diários, antologias e livros infantis. Ao final do período, porém, o acordo não foi renovado, por motivos não divulgados.
“Em nenhum momento houve alguma ruptura com a família de Drummond, pois sempre existiu um relacionamento de confiança”, comentou Roberta Machado, diretora comercial do Grupo Editorial Record e neta de Alfredo Machado, fundador da editora. “Comemoramos essa volta do Drummond, especial pela amizade como meu avô. Aliás, juntos eles plantaram uma árvore, em 1984, que simbolizou essa relação fraterna.”
CONSELHO
A Record vai montar um conselho para definir todos os detalhes da edição da obra, que começa em 2022, quando serão comemorados os 120 anos de nascimento de Drummond e os 80 da Record. “Vamos plantar uma nova árvore para simbolizar este novo momento”, informou Roberta.
O conselho será dirigido pelos editores-executivos da Record Livia Vianna e Rodrigo Lacerda, que também é escritor. “Nosso principal desafio será conquistar mais leitores para essa obra, que é eterna”, comentou Lacerda, adiantando que será criada logomarca para caracterizar os livros.
“Será apaixonante esse resgate também por conta dos 90 anos da José Olympio”, completou Livia Vianna. Segundo ela, Drummond dizia que sua relação com a editora era visceral. “Por isso vamos lançar edições vintage de livros que foram editados pela José Olympio, resgatando inclusive capas originais”, informou Roberta Machado.
Entre os primeiros lançamentos está prevista a nova edição de “Viola de bolso”, título há muito esgotado, o que deverá, aliás, nortear também a volta de “As impurezas do branco”.
“Queremos ainda publicar organizações inéditas, trazendo novos olhares e novos recortes, como seleção de crônicas de cinema ou de mistério”, adianta Rodrigo Lacerda. “Editar é uma experiência rara, um mergulho na obra que vai além da leitura: o ato de mexer no texto exige convivência profunda com o autor. E a gente conhece melhor um escritor pelos seus textos.”
Pedro Drummond afirmou que o avô aprovaria os planos: “Ele ficaria contente por saber que sua obra será trabalhada por especialistas.”