Apesar de anunciado como “Acendam as luzes”, o stand up comedy que o ator e comediante Yuri Marçal apresenta no Sesc Palladium, neste domingo (7/11), na verdade se chama “Independente”. É que “Acendam as luzes”, sua estreia solo, com o qual vinha circulando pelo país desde 2017, foi vendido para a Netflix e virou especial, rebatizado de “Ledo engano”. Por questões contratuais, o show não pode mais ser levado aos palcos.
EGOCÊNTRICO
Homofobia, racismo, religião e política, fios condutores de “Acendam as luzes”, deram lugar a temas como relacionamentos e família. “Costumo brincar que esse novo show é muito egocêntrico, porque falo sobre mim, minhas vivências, sobre questões afetivas. A temática central são meus relacionamentos, a forma como fui criado e a paternidade ausente, justificando quem sou eu hoje, com 28 anos, pai dos meus filhos. Falando assim parece sem graça, mas o roteiro traz histórias muito divertidas. O retorno que tive do público mostra que funciona bem”, garante.
Tanto “Acendam as luzes” quanto “Independente” e as postagens que Yuri faz em suas redes sociais costumam, além de fazer rir, suscitar reflexões, mas ele diz que isso não é uma preocupação sua. “Pode ser consequência, mas não é premeditado. Quando escrevo ou subo no palco, quero é arrancar gargalhadas. Mas tenho esse feedback, as pessoas me dizem que saem do ‘Independente’ entendendo várias coisas sobre si mesmas, sobre suas famílias”, destaca.
Em seu “lugar de fala”, Yuri aliava à graça a crítica ácida ao racismo em “Acendam as luzes”. Ele diz que em seu novo show a questão do preconceito está presente apenas de maneira tangencial. “É algo que sempre estará embutido no que faço, porque é um cara preto fazendo arte, fazendo comédia. Então não tem como ignorar isso”, diz. “Acho que já falei tudo o que tinha que falar sobre o assunto. Quando tiver que falar de novo, volto a falar”, completa.
CANCELAMENTO
Em 2019, Yuri enfrentou o movimento de “cancelamento” na internet ao postar um vídeo em que criticava e fazia piada sobre o fanatismo de religiosos que se colocaram contra a realização do aborto de uma menina de 10 anos, vítima de estupro desde os 6. Na época, ele se retratou, reconhecendo que, de fato, não era o momento de abordar um assunto tão delicado.
A despeito disso, Yuri ainda acha que dá para fazer graça com tudo. “A gente só deve ter em mente que tem consequências. Nesse novo show mesmo, entro numa temática pouco explorada, um assunto delicado até para mim. Falo sobre pais que espancam os filhos, falo sobre minha experiência como a criança que fui e hoje, o pai que sou. É muito engraçado, mas sei que pode acionar gatilhos. Faço com responsabilidade, porque não é um tema fácil”, aponta.
Em 2019, ele foi mestre de cerimônias na abertura do show de lançamento do disco “Ladrão”, de Djonga, com quem circulou pelo país. Ele considera a experiência “incrível”, inspirada pela parceria entre o rapper Kendrick Lamar e o comediante de stand up Dave Chapelle. “Teve retorno sensacional do público”, diz, destacando que agora Djonga retribui fazendo a abertura de seu especial “Ledo engano”.
YURI MARÇAL: INDEPENDENTE
Neste domingo (7/11), às 19h, no Grande Teatro do Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro, (31) 3270-8100. 905 lugares. Inteira: R$ 80 e R$ 70. Meia-entrada na forma da lei.