Mostrar que o contrabaixo não é somente um instrumento para acompanhar a melodia ou a harmonia, é o objetivo de Larissa Horta ao lançar o single-clipe “Saúde” (Rita Lee & Roberto Carvalho). A música faz parte do EP instrumental “Prisma”, que traz ainda as canções “Lamento Sertanejo” (Dominguinhos & Gilberto Gil), a ser lançada em 19 de novembro, e “Um novo tempo” (Ivan Lins & Vitor Martins), que subirá para as plataformas digitais em 3 de dezembro. “As três músicas têm relação com o que acredito ou com o que gosto de ouvir, além de serem canções de artistas inspiradores para mim.”
O projeto foi financiado pela Lei Aldir Blanc, com a proposta de gravação de três releituras de canções conhecidas do público brasileiro. “Então, é uma canção de Rita Lee, uma de Dominguinhos e outra de Ivan Lins, nas quais faço releituras, tendo o baixo como protagonista. A intenção é mesmo trazer o baixo para o protagonismo, pois é um instrumento que, geralmente, está em segundo plano, fazendo a base das músicas. O objetivo é fazer com que as pessoas conheçam o instrumento e, principalmente, o som dele.”
Larrisa explica que uma das intenção do projeto é referenciar as mulheres tocando baixo, instrumento que, muitas vezes, é protagonizado por homens. “É também pesado e as pessoas, talvez por associarem um instrumento de sonoridade grave, associam ao universo masculino. Ele é predominantemente tocado por homens, então, é difícil encontrar mulheres nesse instrumento. Ainda bem que tem crescido cada vez mais o número de mulheres baixistas, tanto em BH quanto no Brasil e no exterior.”
Baixista profissional, a artista explica que sua real intenção, ao gravar o clássico imortalizado na voz de Rita Lee, é colocar o instrumento à frente, fazendo as vezes do vocal e da guitarra. “Tudo isso, mais as linhas de baixo”, explica a instrumentista. Esse é o primeiro trabalho solo dela que já tocou com nomes como Titane e Fernanda Takai.
Ela conta que escolheu a canção de Rita e Roberto por um desejo de saúde para todos, depois de tantas mortes e em meio a pandemia. “Nada melhor que celebrar a saúde neste momento. Além disso, a música tem uma letra positiva e fala sobre viver intensamente, apesar das dificuldades e desafios. Rita é importantíssima na história da música brasileira. Foi pioneira na mistura de gêneros musicais, além de referência na construção do rock brasileiro e no uso da guitarra, sobretudo para as mulheres.”
A artista ressalta que figuras como a ex-Mutantes impulsionaram outras mulheres a enfrentar o patriarcado e a buscar independência. “Além disso, vejo a irreverência dela também na minha avó, na minha mãe e, hoje, em mim. Espero conseguir levar um pouco dessa irreverência para a minha música”. A canção contou com a participação da mãe, Rosana Horta, recitando um texto de autoria própria.
No novo trabalhoo, Larissa divide a produção musical com a pianista Glaw Nader, também responsável pelos arranjos, teclados e direção musical.
CARREIRA
Nascida em BH, Larissa começou sua carreira há 19 anos e passou por trabalhos de formação, como o Grupo Rosa dos Ventos, criado pela cantora Titane e o diretor teatral João das Neves (2005 a 2009). Foi baixista e backing vocal da cantora Fernanda Takai (2014 a 2018) e circulou com a turnê “Na medida do impossível”, do disco que leva o mesmo nome, lançado também em 2014 e registrado em DVD em 2016.
Tem se aprofundado em movimentos e composições femininas nos últimos anos, com trabalhos autorais ou gravações em álbuns e singles de diversas cantoras, entre elas, Amorina, Flávia Ellen, Joana Bentes e Maíra Baldaia, com quem também gravou o DVD “Mais” (2018). Larissa é integrante das bandas OH! DARA e Luz de Tieta, e do coletivo Truck do Desejo.