“Você virou saudade aqui dentro de casa”, já dizia Marília Mendonça na letra de um dos seus sucessos, "Graveto". Várias homenagens à “rainha da sofrência” foram feitas por fãs após sua morte no acidente de avião a caminho de um show em Caratinga, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. O Estado de Minas conversou com algumas pessoas que dedicavam uma parte da vida para divulgar o trabalho da cantora para saber quais ensinamentos ela deixa para cada um deles.
A notícia da tragédia que matou Marília Mendonça e outras quatro pessoas chocou o país. A cantora tem uma legião de fãs fiéis de todas as idades que a acompanhavam desde os primeiros sucessos, como “Infiel”, de 2015. “Quantos morrem naquele que morre? Com você, Marília, morreu uma multidão”, escreveu o padre Fábio de Melo nas redes sociais.
Algumas dessas pessoas contaram ao Estado de Minas qual o sentimento de perder mais que uma ídola, mas uma mulher que servia de inspiração na vida.
Chayeni Fiorelli, de 24 anos, é de Cunha (SP) e foi a primeira pessoa a criar um fã-clube para Marília, antes mesmo de ela se lançar como cantora. “Acompanho a dupla Henrique e Juliano desde 2013. Em 2014, eles gravaram um DVD em Brasília, e a Marília foi responsável pelas principais músicas gravadas, como "Cuida Bem Dela". Foi aí que a conheci, percebi essa luz diferente, sempre muito contagiante, e como compositora ainda, e decidi criar o fã clube Divulga Marília. Logo no final de 2014, ela lançou as primeiras músicas e eu já comecei a divulgar o trabalho dela como cantora”, conta.
Chayeni Fiorelli, de 24 anos, é de Cunha (SP) e foi a primeira pessoa a criar um fã-clube para Marília, antes mesmo de ela se lançar como cantora. “Acompanho a dupla Henrique e Juliano desde 2013. Em 2014, eles gravaram um DVD em Brasília, e a Marília foi responsável pelas principais músicas gravadas, como "Cuida Bem Dela". Foi aí que a conheci, percebi essa luz diferente, sempre muito contagiante, e como compositora ainda, e decidi criar o fã clube Divulga Marília. Logo no final de 2014, ela lançou as primeiras músicas e eu já comecei a divulgar o trabalho dela como cantora”, conta.
Chayeni relembra como foi o primeiro encontro com Marília. “Fui ao show do Henrique e Juliano em Passos (MG), em 2014. Ela estava viajando com os meninos e lembro que cheguei nos bastidores e falei 'Marília, sabe o fã-clube Divulga Marília? Eu que sou a dona'. Ela ficou muito emocionada, muito feliz, me abraçava: 'Não acredito que é você, vamos tirar uma foto'. Nessa época, ninguém a conhecia ainda, tanto que quando ela subiu no palco e cantou 'Sentimento Louco', na multidão só eu cantava junto. Ela olhou pra mim e sabia que eu realmente estava ali porque eu a amava muito”, disse.
Na semana do acidente, Marília compartilhou um story no Instagram agradecendo Chayeni por todo o carinho desde o início da sua trajetória, sendo a criadora do primeiro fã-clube. "Sete anos e @divulgamarilia, que tem mais tempo que Marília de estrada... Que sorte viver esse amor por tanto tempo! Chay, você começou isso tudo, viu cada fase, me viu ausente, me viu presente e nunca me abandonou... em nome de todos os fcs, muito obrigada! Fica com a gente pra sempre", escreveu a cantora.
Depois que Marília começou a fazer sucesso com suas músicas por todo país, as letras que ela escrevia chamaram a atenção de muitas meninas mais novas e serviram de inspiração.
Foi isso que despertou a paixão pela “rainha da sofrência” em Leandra Alves, de 20, de Araxá, na Região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais. “Sempre gostei muito de sertanejo e acompanhei desde novinha. De um certo tempo para cá, começaram a surgir muitas mulheres no sertanejo, só que a Marília sempre me chamou muita atenção porque ela sempre cantou muitas coisas diferentes do que a gente era acostumado a ouvir no meio”, conta.
Foi isso que despertou a paixão pela “rainha da sofrência” em Leandra Alves, de 20, de Araxá, na Região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais. “Sempre gostei muito de sertanejo e acompanhei desde novinha. De um certo tempo para cá, começaram a surgir muitas mulheres no sertanejo, só que a Marília sempre me chamou muita atenção porque ela sempre cantou muitas coisas diferentes do que a gente era acostumado a ouvir no meio”, conta.
“Ela falava sobre tudo, então, comecei a buscar mais sobre ela e gostei muito. Queria acompanhar mais de perto e ajudar na divulgação do trabalho dela, então decidi criar meu fã- clube. Desde então, a gente passou a ter uma relação muito incrível porque ela sempre foi muito presente na vida dos fãs, ela nunca deixou a gente de lado”, acrescentou.
Esse carinho e receptividade com os fãs foram uma marca registrada de Marília Mendonça. Maria Eduarda Carvalho, de 18, é de Goiânia (GO) e conta quando conheceu a ídola.
“As pessoas aqui sempre tiveram esse costume de escutar sertanejo. Por ela ser daqui, todo mundo sempre escutou e, de certa forma, pôde ver a Marília crescer. Em 2019, eu a vi pela primeira vez pessoalmente. O tio dela, que faleceu junto, me levou até ela, a gente conversou, se abraçou. Ela sempre foi muito receptiva, muito amorosa e nunca deixou faltar amor para ninguém que sempre esteve perto dela”, relembra.
“As pessoas aqui sempre tiveram esse costume de escutar sertanejo. Por ela ser daqui, todo mundo sempre escutou e, de certa forma, pôde ver a Marília crescer. Em 2019, eu a vi pela primeira vez pessoalmente. O tio dela, que faleceu junto, me levou até ela, a gente conversou, se abraçou. Ela sempre foi muito receptiva, muito amorosa e nunca deixou faltar amor para ninguém que sempre esteve perto dela”, relembra.
“Pelo fato de a Marília ter sido sempre muito presente, ela era muito mais do que uma ídola. Ela era para a gente como uma mãe, uma amiga, uma pessoa que sempre estava ali para suportar os dias difíceis e comemorar as alegrias com a gente”, diz Maria Eduarda.
Bárbara Caroline de Oliveira, de 24, de Pará de Minas, Região Central do estado, conta que vai sempre se lembrar do jeito alegre e divertido de Marília. “Eu conheci a Marília em 2017 no Hotel Ouro Minas (em BH). Cheguei perto dela e levei um tombo. Foi um motivo para a gente se zoar. Fui abraçá-la, falei que era a dona do fã-clube do Twitter e ela me reconheceu. Depois disso, nunca mais esqueceu meu rosto”, recorda. “Vai ser lembrada como aquela menina que sempre ria de tudo, que tentava levar a vida da melhor forma possível, que sempre me acolheu, sempre me deixou ser eu mesma. Todo momento que precisava ela estava ali. Ela sempre vai ser minha saudade, sempre vai ser a melhor parte de mim”, afirma.
Alguns fãs não tiveram o prazer de conhecer Marília pessoalmente, como foi o caso de Thays Cavalcante, de 29, de Belo Horizonte. “Não a conheci, meu sonho era só sentir o cheiro dela. Agora, fica a dor da perda. Ainda não acredito, fico parada e penso 'Marília, não vai ter mais'. Não vai ter mais lançamento, não vai ter um tuíte dela compartilhando a vida igual ela fazia todos os dias, não vai ter aquele bom dia com um sorriso maravilhoso dentro do carro indo para a academia. Acabou”, lamenta.
Apesar disso, ela teve a oportunidade de ouvir a cantora em alguns shows. “O meu primeiro show foi quando ela veio a Nova Lima, em 23 de julho de 2017. Foi inesquecível de ver ela pela primeira vez, já sabia algumas músicas”, disse.
Thays chegou a perder o emprego para ver Marília na turnê “Todos os Cantos”, em sua passagem por Belo Horizonte. “Quando ela falou que lançaria as dicas do próximo show, fiquei quase uma noite inteira esperando sair tudo. Juntei as peças e descobri que seria em BH. Eu tinha que trabalhar às 9h, mas, nesse horário, já estava na Praça da Estação. No outro dia, quando fui trabalhar... demissão”, lembra. “Foi uma das minhas maiores loucuras por ela e consegui vê-la de perto. Foi incrível, parei e fiquei por horas observando gestos, o jeito, a barriga, porque ela estava grávida do Léo. Foi maravilhoso, inesquecível”, acrescentou.
Lições
Marília Mendonça vai seguir viva dentro do coração de cada fã e, com ela, várias lições. Bárbara Caroline diz que vai guardar o ensinamento de superação. “Sempre mostrou que a gente não precisa de ninguém para ser feliz a não ser ser nós mesmos. Não precisamos nos perder para encaixar na vida de ninguém, não precisamos nos rebaixar, só precisamos de nós mesmos e dela. A gente precisa muito dela”, disse.
Para Maria Eduarda, mais aprendizados foram deixados pela rainha da sofrência. “Ela vai ser lembrada como uma pessoa que ressignificou o amor pra mim, dia após dia, me ensinou que, mesmo o dia sendo ruim, nada é pra sempre, e ela sempre vai estar do meu lado independentemente de onde eu e ela estivermos.”
Chayeni também tirou um aprendizado com a cantora nos últimos sete anos. “A gente tem hora para tudo. A Marília compunha desde os 12 anos e, desde então, tinha o sonho de cantar, mas esperou os 18 anos para lançar a carreira como cantora e mostrou que para tudo tem seu tempo. Também tenho meu sonho na fotografia, de trabalhar apenas com shows, e levo isso muito para mim, que tenho a hora certa e agora ainda mais, que eu sei que ela tá olhando por mim lá de cima. Sei que ainda vou ter o meu momento e ela vai estar lá de cima me apoiando e, quando eu conseguir, meu trabalho vai sempre ser dedicado para ela”, afirma.
Leandra vai sempre levar na recordação o carinho de Marília com todas as pessoas. “Tinha um coração muito grande. A gente teve a oportunidade de conhecer a Marília Dias, a pessoa mesmo, de ver o coração dela, acompanhar as brincadeiras. Ela se doava para o que fazia, para a família, amigos, fãs, a arte, é indescritível, era uma pessoa muito especial. Ter a oportunidade de viver na mesma época que ela foi incrível e a gente tem que levar o legado dela para sempre.”
Thays também vai se inspirar em Marília para seguir em frente. “Lição de acreditar na vida, nos nossos sonhos, na felicidade. Não deixar com que as pequenas coisas atrapalhem os nossos sonhos”, aponta. “Marília Mendonça marcou minha vida porque veio trazendo músicas com letras que empoderam a mulher, que fazem a gente se sentir livre, com livre arbítrio, sem repressão.”