"Niska: Uma mensagem para os tempos de emergência" é o título do quarto álbum de estúdio do cantor e compositor carioca Castello Branco. O trabalho, que chegou às plataformas digitais na última quinta-feira (11/11), traz à tona o discurso do movimento solarpunk e conta com as colaborações das cantoras Duda Beat, Mahmundi e Lazúli, e do cantor Rubel.
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Com nove faixas distribuídas ao longo de pouco mais de 31 minutos, "Niska" crava uma visão de mundo há muito ofuscada pelos sucessivos problemas do cotidiano: a de que o futuro pode ser melhor. Com uma sonoridade alegre e esperançosa, quase dançante, Castello Branco fala com calma sobre questões importantes e retoma utopias sem se descolar da realidade.
Pausa
Na primeira faixa do disco, "4/4", o músico reflete sobre a rapidez do mundo e sugere uma pausa. "O som do fim do mundo é doido/ Quatro por quatro, apressado", diz um dos versos da música. O registro ainda inclui um áudio do filósofo indiano Jiddu Krishnamurti (1895-1986).
"Maracanã", a faixa seguinte, traz a participação da cantora e compositora carioca Mahmundi. Os dois cantam sobre fé, espiritualidade e cura.
A segunda participação do disco aparece na terceira faixa, "Valente". Trata-se da cantora Lazúli, nome artístico que Ju Strassacapa, integrante da banda paulista Francisco El Hombre, adotou em carreira solo. Na música, ela se une a Castello para prestar homenagem aos pais e amigos.
"Criançada", lançada como single em outubro passado, é uma parceria de Castello Branco com o cantor e compositor carioca Rubel. A música crava o quanto esses dois artistas estão esteticamente alinhados em seus trabalhos, separadamente. O registro do encontro, que faz parte do disco de Castello, poderia muito bem fazer parte de um dos álbuns de Rubel.
Balada
Na quinta faixa, "Isso não se faz", o disco ganha uma balada romântica crescente. O refrão, bastante pegajoso, diz: "E agora?/ Eu já me conheço, ai que droga/ Você vai disparar e eu vou atrás/ O som da sua voz é gostoso demais/ Diz pra mim: e agora?".
A verve romântica de Castello Branco, bastante explorada em "Necessidade", música de 2013 que o projetou nacionalmente, também aparece em "Me namora". A música de pegada pop conta com a participação da cantora e compositora pernambucana Duda Beat.
A faixa, que soa um pouco deslocada em meio à calmaria que o músico tenta produzir no disco, é precedida por "Kikuchi", faixa instrumental que funciona como um ponto de equilíbrio do trabalho. A música, que pode ser tratada como um interlúdio, é uma espécie de lembrete do que trata o disco. Seu título faz referência a Tomio Kikuchi (1926-2019), pai da macrobiótica.
Na faixa seguinte, "Pode apostar", Castello Branco volta realinhado para continuar elaborando suas mensagens para os tempos de emergência. A música, cheia de experimentações sonoras, é um dos destaques do disco, assim como a derradeira "Alabastro", na qual ele canta sobre a própria infância.
"Niska: Uma mensagem para os tempos de emergência", gravado em novembro de 2020, chega ao mundo no momento em que a esperança precisa ser renovada. Com música, Castello Branco aponta para a possibilidade de um futuro melhor.
Dois anos após seu último álbum, "Sermão" (2019), o cantor e compositor faz um trabalho totalmente voltado para uma visão de mundo desafiadora e reafirma as marcas estéticas e sonoras que o acompanham também nos discos "Sintoma" (2017) e "Serviço" (2013). Com violão e batidas eletrônicas, o músico passa suas mensagens.
"Niska: uma mensagem para os tempos de emergência"
De Castello Branco
9 faixas
Independente
Disponível nas plataformas digitais