Alocado em ambiente on-line desde o início da pandemia, o Terça da Dança, que integra a programação do Circuito Municipal de Cultura, volta a ser realizado em formato presencial, no Teatro Marília, em Belo Horizonte.
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"Eu venço esse concurso representando muitas vozes, no sentido de representatividade mesmo", ele comenta. "Comecei a dançar cedo, em casa. Do lugar de onde eu venho, trilhar um caminho na arte é muito difícil. Então a vitória, nesse caso, se torna muito simbólica."
Solo
O artista também comenta que vencer um concurso desses em plena pandemia da COVID-19 tem um gosto diferente e destaca a ajuda financeira que o prêmio proporciona. "É muito importante. Eu tenho certeza que esse é um dinheiro que vai fazer diferença para mim e para os outros três finalistas. O último ano foi especialmente difícil para nós da classe artística. Então são iniciativas como essa que nos trazem a sensação de que dá para continuar indo em frente", ele afirma.
No palco do Teatro Marília, Joel Popper irá apresentar o solo "Mandinga e Stance - Um diálogo entre a dança de rua e a capoeira". Trata-se de uma apresentação curta, com pouco mais de cinco minutos, e desenvolvida na licenciatura em dança que ele cursa na UFMG.
"É uma mescla de ritmos urbanos e capoeira", ele explica. "No curso, comecei a pensar um solo e tive a oportunidade de projetá-lo a partir de pesquisas sobre a capoeira e danças urbanas contemporâneas. Esse é um solo superatual que, de certa forma, fala sobre racismo. Mas o foco está na ancestralidade, no corpo negro. É uma forma de explorar o espaço, mas também contar uma narrativa com começo, meio e fim."
Público
Segundo o dançarino e professor, a ideia é que esse solo se torne, no futuro, um espetáculo completo. "Quero juntar uma turma e fazer com que ele cresça, para se tornar uma peça completa. Quero poder circular com ele por Minas Gerais, pelo Brasil e, quem sabe, pelo mundo", ele afirma.
A apresentação no Terça da Dança é a primeira que o artista realiza com a presença do público desde o início da pandemia. Portanto, a expectativa é alta, ainda mais porque se trata de um projeto que Joel sempre acompanhou como público.
"Eu considero o Terça da Dança um ponto de referência não só para mim, mas para a cidade de Belo Horizonte. Os melhores estão lá e é uma oportunidade muito boa poder me apresentar no projeto, principalmente nesse contexto de retomada do formato presencial", diz.
A dançarina e produtora cultural Guidá também compartilha desse sentimento. Para ela, poder participar do evento em formato presencial significa uma espécie de recomeço. "Embora a gente sinta muito pelas milhares de vidas que foram perdidas no último ano, também tem uma sensação de felicidade em ver que é possível dar continuidade à vida depois de tudo o que a gente passou."
Ao lado de Scheylla Bacellar, Jéssica de Paula e Vic Alves, ela será responsável por discutir o conceito de danças urbanas e como esse estilo tem encontrado adesão e valorização, principalmente na capital mineira.
"A nossa ideia é refletir sobre como está a questão das danças urbanas em Belo Horizonte e também mostrar como esse cenário funciona. Há pouco tempo, esse tipo de manifestação cultural não era tão rico em Minas Gerais. Hoje em dia, é um campo das artes cênicas que cresceu muito e é marcado pelo protagonismo feminino", ela diz.
As danças urbanas são uma espécie de evolução das danças que foram criadas nas ruas. Considera-se que possuem uma matriz africana muito forte, na medida em que os movimentos a elas associados também aparecem em danças criadas em países africanos, por isso elas são chamadas de afro-diaspóricas. Elas podem ocorrer em ruas, blocos, parques, locais abertos e clubes.
Mentalidade
Durante muito tempo, esse estilo de dança era muito forte no eixo Rio-São Paulo. Aos poucos, Belo Horizonte ocupou seu espaço e hoje é considerada uma potência para esse tipo de manifestação artística. Guidá explica que a inserção da capital mineira no mapa nacional das danças urbanas reflete uma mudança de mentalidade dos próprios artistas mineiros.
"Os artistas daqui começaram a entender que a dança não tem lugar só nas ruas ou na periferia. É um tipo de arte que gera renda; muita gente consegue viver disso. Passamos a entender que as danças urbanas trazem várias oportunidades de empreendimento. Elas geram movimento, geram renda e geram desenvolvimento", ela afirma.
Esse será um dos assuntos abordados no debate, cujo objetivo, segundo Guidá, é "reforçar a valorização dos artistas, principalmente os locais". "Quais são as ações que nós podemos criar como coletivo? Quais as necessidades de cada grupo? São questões como essas que ajudarão a nortear o nosso debate. A cultura hip hop prega que nós temos que nos conectar mais e criar ações em conjunto. A função desse encontro é gerar reflexões em torno disso", ela diz.
Terça da Dança
Nesta terça-feira (16/11), às 19h, no Teatro Marília (Av. Prof. Alfredo Balena, 586, Santa Efigênia). Entrada gratuita, com retirada de ingressos por meio da plataforma Diskingressos.
Festival de dança de salão
No próximo sábado (20/11), Minas Gerais ganha um festival dedicado à dança de salão. Trata-se do 1º Festival Noh - Minas Dança a Dois, evento on-line idealizado pelo educador e pesquisador Guilherme Veras. A programação inclui entrevistas e aulas que, ao todo, somam 22 atividades gratuitas que abordam temas contemporâneos, como os papéis de gênero, a negritude e o protagonismo das mulheres na dança.
Entre os professores e palestrantes convidados estão Jomar Mesquita, fundador e diretor artístico da Mimulus Cia de Dança; e Mauro Fernandes, um dos principais jurados de dança de salão no país, com participações em programas de TV como o "Dança dos famosos”, da Globo, e o “Se ela dança eu danço”, do SBT.
O evento também contará com a presença da bailarina Fabiana Dias, que apresentará sua pesquisa sobre binarismo de gênero e heteronormatividade no universo da dança de salão, a partir de reflexões sobre o machismo e o colonialismo.
Nessa mesma linha, com abordagem feminista sobre os papéis de gênero, a professora de dança de salão Luiza Machado debate pesquisas sobre negritude e higienização da dança de salão, gordofobia e imposições de padrões de imagem e de hierarquia de gênero.
Previamente gravadas e editadas, todas as aulas e entrevistas que compõem a programação do Noh! serão disponibilizados simultaneamente, no dia 20 de novembro, às 17h, no site www.noh.art.br.
1º Festival Noh! - Minas Dança a Dois
Sábado (20/11), às 17h, no site www.noh.art.br. Gratuito, com inscrição prévia pelo site. Mais informações: www.noh.art.br.