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Estado de Minas LIVRO

'Meu caro Chico' dá a palavra a artistas que são fãs do cantor e compositor

Além de depoimentos e textos escritos sobre ele, livro recém-lançado traz bilhete que Clarice Lispector enviou a Chico


24/11/2021 04:00 - atualizado 24/11/2021 07:46

Chico Buarque, de camisa de manga longa preta, empunha microfone no palco do Palácio das Artes
Chico Buarque foi também tema da fotobiografia 'Revela-te Chico' lançada em 2018 por Augusto Lins Soares, organizador de 'Meu caro Chico' (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
"A felicidade geral com que foi recebida essa banda tão simples, tão brasileira e tão antiga na sua tradição lírica, que um rapaz de pouco mais de 20 anos botou na rua, alvoroçando novos e velhos, dá bem a ideia de como andávamos precisando de amor...". 

Esse é um trecho da crônica de Carlos Drummond de Andrade sobre a marchinha “A banda”, de Chico Buarque, vencedora da primeira edição do Festival da Record, escrita em 1966, na coluna que o poeta mantinha no “Correio da Manhã”.

Trata-se do mais antigo depoimento entre os 60 reunidos por Augusto Lins Soares em “Meu caro Chico'', livro recém-lançado pela editora Francisco Alves. Palavras elogiosas sobre o cantor, compositor, escritor, cidadão politizado e amante do futebol e uma das figuras de maior relevância da cultura brasileira foram selecionadas para esse projeto pelo arquiteto e designer pernambucano, autor também de “Revela-te Chico — Uma fotobiografia”, que saiu em 2018, pela Bem-T-Vi.

Enfático, Antônio Carlos Jobim afirmou: "Chico Buarque, meu herói nacional. Chico Buarque, gênio da raça. Chico Buarque, salvação do Brasil". À voz de Tom se juntam textos — a maioria já publicados e alguns inéditos — de nomes destacados das áreas da música, teatro, cinema e literatura, entre eles Caetano Veloso, que escreveu uma crítica sobre o show “Caravanas”; Luis Fernando Veríssimo, Vinicius de Moraes (1913-1980), Glauber Rocha (1939-1981), Rubem Braga (1913-1990) e José Saramago (1922-2010). Há falas também de Luiz Inácio Lula da Silva.

De Clarice Lispector (1920-1977), por exemplo, foi trazido para a coletânea um bilhete, no qual a escritora ressalta: "Eu poderia dizer isso pessoalmente, mas tive medo de me emocionar. Você sabe que não me seria difícil convidar o que se chama de personalidades para minha casa. Mas não foi por você ser uma personalidade que chamei. Convidei você porque, além de ser altamente gostável, você tem a coisa mais preciosa que existe: candura".

Já Maria Bethânia o enaltece: "Eu sou talvez a maior admiradora do Chico. Ele me representa, traduz meu pensamento, meu sentimento, minha pulsação. O que ele faz, da maneira como faz, tudo é bonito, elegante, de bom gosto e sincero. E ele tem ainda a alma feminina. Acho lindo".

“Meu caro Chico — Depoimentos”

• Organização de Augusto Lins Soares
• Editora Francisco Alves (256 págs.)
• R$ 65


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