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Estado de Minas MÚSICA

BADSISTA traduz a 'fritação' das pistas em 'Gueto elegance'

DJ e produtora musical lança nesta sexta-feira (26/11) seu álbum solo, no qual apresenta as pistas com uma sonoridade menos dançante e mais reflexiva


26/11/2021 04:00 - atualizado 26/11/2021 07:53

A artista Badsista posa com o rosto maquiado, roupas volumosas e anéis nos dedos
BADSISTA é o nome artístico de Rafaela Andrade, que já produziu músicas de Jaloo, Deize Tigrona e Mahmundi, entre outros (foto: Pedro Pinho/Divulgação)
O disco "Gueto elegance", que a produtora e DJ BADSISTA (nome artístico de Rafaela Andrade) lança nas plataformas digitais nesta sexta-feira (26/11), consagra uma carreira que não começou agora. Parceira de artistas como as cantoras Linn da Quebrada e Jup do Bairro, a artista paulistana alça voo solo para continuar dando vazão às experimentações sonoras que fizeram sua cabeça nos últimos cinco anos.

Ela considera que foi em 2016, depois de lançar o EP "Bad sista", que sua percepção da música começou a mudar. Depois de trabalhar junto com a cantora e compositora Lei Di Dai, BADSISTA sentiu vontade de explorar novos estilos e abordagens musicais, sem necessariamente estar associada a outros artistas, como de hábito.

"Nesse período, eu tive um contato muito intenso com a música jamaicana. Foi quando meus ouvidos passaram a sentir o novo, até as músicas mais antigas tinham seu frescor. Mas eu considero que este disco começou de forma muito natural. Eu não parei e pensei 'vou fazer um álbum'. Quando vi, ele já estava ganhando forma", ela conta.

Apesar de ser um disco assinado por ela, muito do que está nele nasceu da colaboração com outros artistas. Não à toa, oito das 12 faixas do registro contam com convidados variados, como Cronista do Morro (em "Badida"), MC Yallah ("Farse"), Jup do Bairro ("Chega nas ideia"), Rey Sapienz e Lord Spikeheart ("Soca"), RHR ("Na pista"), Lari Bxd ("A braba do jaca"), Ashira ("Sem compromisso") e Ventura Profana ("Hoje eu quero brilhar").

CONEXÃO

"Essas participações foram surgindo independentemente do disco rolar ou não. Nós conseguimos criar uma conexão muito maluca, principalmente no último ano, com todo mundo trancado em casa. O fato de serem pessoas de vários lugares diferentes só acrescenta. Trabalhar com outras pessoas é um grande combustível para o meu trabalho", ela afirma.

Mas o trabalho também conta com faixas em que BADSISTA brilha sozinha, como é o caso de "Chora na minha frente", "VSNF", "Amor que não posso inventar" e a derradeira "Sem dar tchau".

Musicalmente, não se trata de um trabalho de pista, como muita gente poderia esperar de um disco de uma DJ. Na verdade, "Gueto elegance" é constituído de camadas eletrônicas que não necessariamente colocam para dançar.

"Eu tive muita influência de música pop, ao mesmo tempo em que fiquei bastante vidrada com UK garage, dancehall, miami bass. Tentei colocar tudo isso no disco de forma mais quebrada. Talvez as pessoas se decepcionem por não encontrar funk ou a vibe 'pistona', mas desta vez eu estou indo por onde não fui ainda", ela explica.

Essa intenção também está traduzida no título do disco. Ao batizá-lo de "Gueto elegance", BADSISTA faz referência à sua própria "quebrada", como ela diz, mas também à forma como o trabalho foi feito, de forma independente e caseira. Isso dá conta de explicar o "gueto". Já o "elegance" está no jeito como ela procurou dar uma abordagem sofisticada e elegante para a sonoridade do disco.

"Procurei fazer um som que fosse bonito e elegante, que fosse diferente para mim mesma em tudo que eu já havia feito e superasse tudo o que eu já havia visto, deixando a fritação só pela fritação um pouco de lado para falar sobre as sensações que a fritação proporciona... O tesão, as cenas que se criam a partir da pista, antes, durante e depois dela. Queria traduzir o que se passa nesse ambiente”, diz.

Com isso, ela procura também "abrir espaço na vanguarda contando histórias autênticas cotidianas para quem frequenta a pista e apresentar esse contexto para quem não o conhece".

Produtora dos discos "Trava línguas" (2021) e "Pajubá" (2017), de Linn da Quebrada, e do EP "Corpo sem juízo" (2020), de Jup do Bairro, BADSISTA também já esteve por trás da produção de músicas lançadas por artistas brasileiros como Jaloo, Deize Tigrona e Mahmundi, e da norte-americana Kelela.

Segundo ela, o lançamento do álbum não significa o fim de seu trabalho como produtora. "Se eu deixar de produzir, não sei o que acontece. Fazer música é o meu gás e fazer música com outras pessoas é uma parte muito importante do meu trabalho. Agora eu estou mais interessada em assinar a direção musical do que produzir propriamente. Eu me sinto muito lisonjeada em receber convites", ela diz.

Sobre o seu trabalho com outros artistas, ela diz ainda: "Eu nem me considero uma beatmaker. Quando eu produzo com algum artista, eu dou um toque na letra e no flow. Gosto de pensar junto com quem estou produzindo e abrir mão do ego em prol da obra".

“GUETO ELEGANCE” 

• De Badsista
• 12 faixas
• Independente
• Disponível nas plataformas digitais a partir desta sexta (26/11)


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