Racismo, pandemia e ética. Com seu novo disco, “Cores e tons” (Tratore), o cantor e compositor mineiro Beto Reis pretende despertar a atenção para essas questões, que, segundo ele, representam um triplo desafio para o mundo contemporâneo. São 10 faixas – nove delas autorais e a releitura de “Faça seu jogo”, dos irmãos Lô e Márcio Borges.
“Compus algumas músicas durante a pandemia, elas questionam o comportamento das pessoas na atualidade, envolvendo polarização, retidão, inteligência e caráter”, explica Beto. De acordo com ele, o álbum busca “expor a diversidade, as virtudes e a fragilidade dos seres humanos”.
HIATO Depois de passar 13 anos sem lançar discos, ele anuncia: “Faço o convite a um mundo mais positivo e justo”. Rogério Delayon (violões), Christiano Caldas (acordeom), Gleisson Queiroz (trompete), Enéias Xavier (baixo e teclados), Ricardo Cheib (bateria e percussão), Denise Reis (voz e violão) e Trio Amaranto (vocais) participam do álbum.
“Cores e tons” tem dois “cenários”, explica Beto. O primeiro traz composições mais recentes, com mensagens diretas questionando o comportamento humano. “Em contrapartida, gravei antigas baladas mineiras para acalentar os corações.”
O poeta e compositor Murilo Antunes é um colaborador importante na construção desse disco. O single da dupla, “Juntos somos mais”, foi lançado no canal do artista no YouTube. Beto mandou a melodia para Antunes, explicou o tema do álbum e ele fez a letra. “Muito bacana e positiva, é uma canção para o período pós-pandêmico”, diz. “Foi uma alegria dividir essa faixa com o trio Amaranto”, revela, referindo-se às cantoras Lúcia, Marina e Flávia Ferraz.
Compostas nos anos 1980, várias faixas foram gravadas só agora. “Revelam a minha mineirice, trazendo influências das músicas que aprendi, quando era mais jovem, de meus ídolos Lô Borges, Beto Guedes e Milton Nascimento”, conta. “Cresci na Zona Leste, em Santa Efigênia, Santa Teresa e na Pompeia. Sempre convivi com esse ambiente do Clube da Esquina.”
Aliás, a faixa “Faça seu jogo” é parte do famoso “disco do tênis” de Lô Borges, lançado em 1972. “O Enéias (Xavier), diretor musical, fez um arranjo bem bacana para ela, fiquei muito satisfeito com o resultado”, conta Beto.
Em “Olívio Lomeu”, ele homenageia o avô, sanfoneiro de bailes da região de Oliveira Fortes, na Zona da Mata. Com sua irmã, a cantora e compositora Denise Reis, divide as faixas “De que lado” e “Diamantina”. “Ela me ajudou muito, foi a minha consultora nos momentos de edição de voz e mixagem”, comenta.
Viabilizado pela Lei Aldir Blanc, o álbum sai apenas no formato digital, por enquanto. “Tive de fazer o máximo com o mínimo de recursos. Não deu para gravar vinil, mas pode ser um projeto futuro”, planeja.
''Compus algumas músicas durante a pandemia, elas questionam o comportamento humano na atualidade, envolvendo polarização, retidão, inteligência e caráter''
Beto Reis, cantor e compositor
INGLATERRA Beto Reis iniciou a carreira como cantor em Londres, na década de 1990. De volta a BH, lançou seu primeiro disco, “Uma ciranda, uma roda, um samba”, em 2001, com canções de Joyce, Sérgio Santos, Simone Guimarães, Moacyr Luz e Aldir Blanc.
O segundo CD solo, “Colheita”, veio em 2008. Com direção e arranjos de Flávio Henrique, reuniu Juarez Moreira, Chico Amaral, Kadu Vianna e Esdra “Neném” Ferreira. Desde 2004, Beto Reis desenvolve projetos culturais por meio da Bangalô Produções.
“CORES E TONS”
• Disco de Beto Reis
• 10 faixas
• Tratore
• Disponível nas plataformas digitais