Filho do jornalista Pedro Bial e da atriz Giulia Gam, o cantor, compositor e violonista carioca Theo Bial, de 23 anos, prepara o lançamento do seu primeiro álbum para o primeiro semestre de 2022. “Nossa paixão”, o single-clipe que ele acaba de divulgar nas plataformas digitais, pode ser considerado como um cartão de visitas do músico, que mergulhou em suas referências de bossa nova, MPB e samba para compor a canção.
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Charles Chaplin e seu personagem mais célebre 'desembarcam' no Brasil'La Casa de Papel' na reta final: missão dada é missão cumpridaLuísa e Natália Mitre, do Duo Mitre, e Lívia Itaborahy fazem show virtualOrquestra DoContra se une ao Clube da Esquina em concerto-homenagem hojeComo indica o título, a faixa versa sobre o amor, que Theo define como sua “grande fonte de inspiração”. A letra, contudo, descreve uma relação que chegou ao fim, mas não extinguiu a fé na possibilidade de um reencontro. “Se for o caso mais tarde/Eu te vejo, eu te encontro”, diz um dos versos.
A faixa tem direção musical de Celso Fonseca, que já trabalhou com grandes nomes da MPB, como Gal Costa, Marisa Monte, Bebel Gilberto e Gilberto Gil. Theo conta que o cenário de incertezas da crise sanitária lhe trouxe uma nova safra de canções, que agora ganharam forma e texturas refinadas em estúdio, sendo “Nossa paixão” a primeira delas.
“Na pandemia, procurei me dedicar ao estudo da música, a compor e a gravar”, conta. Participaram das gravações em estúdio a cantora Mart’nália, o pianista, tecladista e arranjador Jorjão Barreto e Dudu Trentin (sopros), além de um time de vocalistas que reuniu Dandara e Analimar (neta e filha de Martinho da Vila), Eveline Hecker (professora de canto de Theo) e Cecilia Spyer.
De acordo com o cantor e compositor, assim como “Nossa paixão”, as demais faixas de seu futuro álbum terão “essa estética de MPB (Mistura Popular Brasileira)”. Ele afirma que, no entanto, sua “raiz é no samba mesmo”. Porém foi a bossa nova que orientou o EP “Pra sonhar”, que Theo Bial lançou no início deste ano. “Gravei com um quarteto, com baixo, violão, bateria e sopros, com uma levada bem ‘bossanovística’”, ele afirma.
Foi a partir daí que Theo começou a imaginar uma forma de imprimir uma assinatura própria no campo da bossa nova. “Fiquei pensando sobre como fazer uma bossa nova minha, que fosse diferente, com uma identidade minha”, ele diz.
“Tenho referências que vão desde o soul ao jazz, tanto norte-americano quanto brasileiro. Há um artista que admiro muito e que até já tive a oportunidade de tocar com ele que é o cantor, compositor e instrumentista carioca Carlos Dafé, o mestre da soul music brasileira. Cheguei a frequentar algumas feijoadas que eles fazem de vez em quando. Dafé mistura muito bem isso.”
CLIQUE
Ele avalia que o single lançado agora foi a música com a qual teve “esse clique de como poderia trilhar esse caminho. E acho que o Celso faz algo também parecido. Uma coisa com a qual me identifiquei muito, por isso eu o chamei para fazer também a produção do álbum que será lançado no ano que vem. Esse single é por conta disso, pelo simbolismo de ser algo que deu esse clique inicial na minha cabeça e do caminho que tenho para trilhar.”
O músico afirma que já definiu as nove canções, todas de sua autoria, que entrarão no álbum. “Tem músicas que compus recentemente e outras que fiz há mais de três anos e que agora estou resgatando, para dar uma roupagem nova a elas, embora nunca as tenha gravado.”
Neste ano, o cantor e compositor, conforme diz, mudou tudo, “de distribuidora e editora e até de nome”. Antes, ele assinava Theozin. “Realmente é um início. Agora tenho toda uma equipe. Dei uma repaginada em tudo, é um renascer. Estou muito feliz. Tenho agora um projeto 100% meu, com a identidade artística toda sendo a minha”, comenta.
O tema do projeto girará em torno da paixão, das fases do amor e dos encontros da vida. “Acho que é importante as pessoas darem tempo para se amarem na vida. Se não fosse o amor e a paixão, a vida não teria muita graça, ficaria sem sentido. Então busco falar disso nas minhas letras.”
Sobre ter seguido uma carreira diferente da de seus pais, ele diz: “Não sou ator e nem cheguei a fazer algum curso de teatro, ‘arranho’ um pouco, porque tive uma convivência com a minha mãe, praticamente uma professora particular. Não tem jeito, a gente acaba aprendendo um pouco, meio que por osmose”.
Ele exemplifica como o aprendizado das artes esteve incorporado ao seu cotidiano doméstico. “Até mesmo vendo novela em casa e perguntando: Mãe, você fala que não está boa essa cena, o que você quer dizer com isso? Aí comecei a ter um pouco mais de noção do que estava sendo verdadeiro, do que não estava.”
Theo cita também o fato de ter estudado na Escola Parque, no Bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, como um incentivo para desenvolver o interesse pelas artes, não apenas a música, como também a pintura e o teatro.
Ele diz que Giulia Gam sempre o incentivou a aprender algum instrumento. “Quando completei 10 anos, ela me colocou em uma aula de violão, com o professor Leandro Figueiredo, que é mineiro e tinha até banda de rock na época. E comecei a fazer aulas com ele na escola na qual já estudava. No início era um pouco chato, porque queria jogar bola, surfar e brincar. E o violão era algo meio difícil de aprender para uma criança de 10 anos. Mas foi o instrumento mais fácil para que eu conseguisse ter vontade de aprender.”
O professor mineiro, ele diz, “foi inteligente e começou a me dar músicas para tocar e não ficar muito preso à teoria. Fui aprendendo e, conforme ia tocando as músicas, ia cantando também. Lembro-me que, ao final das aulas, já dava um showzinho para os outros alunos.”
ADRENALINA
A primeira vez que Theo subiu ao palco foi em um projeto da sua escola chamado Semana da Cultura. “E esse meu professor me empurrava para o palco. Lembro-me quando tinha 12 anos e já tocava para um público de cerca de 100 pessoas. Dava um frio na barriga, a adrenalina aumentava, mas isso acabou ajudando a me controlar. Fui ficando mais velho e, quando saía com minha mãe para algum bar em que havia música ao vivo, ela sempre pedia aos músicos para eu dar uma canja. Ficava meio sem graça, mas ia assim mesmo”, afirma o músico.
“Aprendi que coragem não é necessariamente não ter medo. É uma adrenalina que vicia, um friozinho na barriga que acaba ficando animador, e o palco acaba sendo o nosso divã. E acho que essa coisa do palco eu puxei de minha mãe, porque no teatro é assim também. Nunca fiz teatro, mas acredito que o palco seja para o ator o mesmo que é para o músico, algo que vicia, mas que também faz bem e que é difícil ficar sem.”
Quando era mais novo, Theo Bial tinha certo constrangimento com a carreira de músico, segundo conta, pelo fato de seus pais serem personalidades conhecidas. “É uma espécie de síndrome de pais famosos que muitos filhos de artistas têm. Também tive um pouco disso, porém fui entendendo, com o tempo. A verdade é que cada um tem a sua própria mensagem, a sua própria vida. Inclusive acho até que, a partir do momento que passei a entender e aceitar isso, minha relação com eles melhorou bastante.”
A melhora, ele conta, se estendeu até a esfera profissional. “Hoje em dia, até componho músicas com meu pai. Agora entendo como é bom ter um pai bacana, poeta e que pode me ajudar também na minha carreira. Por outro lado, minha mãe também é uma grande atriz, amiga e companheira. Hoje entendo que só tenho a agradecê-los por tudo que fizeram e ainda fazem por mim.”
“NOSSA PAIXÃO”
.Theo Bial
.Single-Clipe
.Disponível nas plataformas digitais