É o fim da linha para “La Casa de Papel”. Na segunda parte da quinta temporada, que estreia na próxima sexta-feira (3/12) na Natflix, a série espanhola fecha seu ciclo como um dos maiores fenômenos do streaming. Liderada por personagens como Professor (Álvaro Morte), Tóquio (Úrsula Corberó), Berlim (Pedro Alonso), Rio (Miguel Herrán) e Nairóbi (Alba Flores), a produção tem muito a celebrar pelo legado que deixou para o elenco, o mercado e, claro, seus fãs.
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FUTEBOL
"Eu sempre digo que há algo entre os personagens que tem a ver com a família, com o amor, com a irmandade. Há diferentes aspectos da série que são universais, que ultrapassam as fronteiras. Uma das coisas que mais atrai as pessoas na Espanha é o futebol. E a série lembra futebol: temos equipes, um árbitro, conflitos e por aí vai", disse Úrsula Corberó, intérprete de Tóquio, em entrevista coletiva virtual.Quando a primeira parte da quinta temporada de “La Casa de Papel'' chegou ao fim, os personagens estavam em um dos momentos mais tensos da história. O assalto ao Banco da Espanha, que esconde intenções inesperadas por trás, já dura mais de 100 horas. No desenrolar, o grupo já conseguiu resgatar Lisboa, mas continua um ar de preocupação no ambiente. Afinal, as coisas saíram de controle e parte da equipe está comprometida.
Agora, na segunda parte, Professor, o líder do bando, foi capturado por Sierra (Najwa Nimri) e não mostra, pela primeira vez, se tem algum plano para sair dessa emboscada. No meio desse processo todo, ainda por cima surge um inimigo ainda maior: o exército. Afinal, dentro da tela, assim como fora dela, a história desse grupo de macacão vermelho transcende o mero assalto. No universo daquela trama, os assaltantes se tornaram líderes de uma verdadeira resistência.
DESPEDIDA
Com toda essa tensão no ar, a parte final de “La Casa de Papel” é, inegavelmente, a mais emocional da série. Está no ar o clima de despedida dos personagens, que se tornaram verdadeiras figuras da cultura pop. Além disso, há também a sensação de encerramento, de fim de um ciclo. É algo que a série não conseguiu fazer mais após a segunda temporada, ressuscitando personagens como Berlim ou colocando-os em situações similares."É muito mais emocionante do que a primeira parte. Também damos muitas respostas emocionais sobre os personagens. Quem são essas pessoas? São respostas que ajudam a compreendê-los. É uma temporada muito equilibrada. Para mim, como espectador, é a melhor e a que mais gostei de escrever. Terminamos exaustos, em um tempo recorde. Mas é a mais emocionante", disse Álex Pina, também no encontro de ontem com a imprensa.
Álvaro Morte, ator que interpreta Professor, compartilha desses sentimentos. "Foi muito bonito. No dia em que terminei, tive a sorte de finalizar a gravação com a mesma equipe de quando comecei a gravar ‘La Casa de Papel’", conta. "Esse último dia foi muito emocionante, mas também considero que, assim como tem um trabalho que te entusiasma, as férias desse trabalho também podem ter muito entusiasmo. No final, acabar agora é a forma de presentear os fãs com o que merecem. Demos o nosso melhor".
Pedro Alonso, que ficou conhecido mundialmente por interpretar Berlim, também descreve emoção semelhante. "Comecei a viver uma série paralela desde que meu personagem morreu", diz. "Quando acabamos de gravar, me entregaram uma carta da equipe e aquilo reforçou tudo o que estava sentindo. Eu me dei conta do impacto em nossas vidas pessoais e profissionais.”
Vale lembrar que “La Casa de Papel'' foi um caso bem sucedido de série resgatada pela Netflix - assim como foi com “Brooklyn 99”. A produção havia sido feita para o canal espanhol Antena 3, com a ideia de ser formada apenas por duas temporadas. Não é à toa que no fim da segunda leva de episódios há um tom de desfecho, de despedida. Álex Pina, o criador de “La Casa de Papel”, não pensou em uma continuidade, em uma sequência.
CONTRATO
No entanto, com a boa audiência de 4,5 milhões de espectadores, os olhos da Netflix brilharam. Eles compraram os direitos da produção e colocaram no catálogo global do serviço. Foi um sucesso. Tornou-se a série em outro idioma que não o inglês mais assistida do serviço. Em abril de 2018, superou o sucesso norte-americano “Stranger things”. Alex Pina, enquanto isso, foi contratado pela Netflix para desenvolver outros projetos em espanhol.Para os atores que estão na trama desde o começo, esse resgate por parte da Netflix foi uma segunda oportunidade. "A gente deveria ter terminado ‘La Casa de Papel’ com duas temporadas. Já tinha me despedido naquela época, mas sabia que aqueles personagens poderiam oferecer muito mais. Foi uma despedida muito dura naquela vez. Então aproveitei muito e com muita calma essa segunda oportunidade para esse personagem", diz Álvaro Morte.
Fica no ar, agora, como continuar o legado de “La Casa de Papel”. Obviamente, dá para sentir os efeitos do sucesso nos caminhos traçados pela Netflix: o serviço de streaming está apostando cada vez mais em produções em língua não-inglesa. A coreana “Round 6”, de alguma maneira, é reflexo do que a série espanhola fez lá atrás, pavimentando o caminho.
E será que tem chance de continuação, seja filmes ou séries? Na coletiva de imprensa, Álex Pina disse que não pode "falar sobre isso hoje". Mas, assim como já se viu com sucessos como “Breaking bad” e “Game of thrones”, a possibilidade de séries ou filmes derivados está sempre no ar. Resta saber se os macacões vermelhos terão essa terceira chance.