Após a comemorar os 20 anos de carreira, o Trio Corrente lança “Sincronia”, álbum independente gravado durante a pandemia. A celebração se deu em 2020, com concerto transmitido pelo Sesc Instrumental, entre vários outros shows, sem plateia. Nesse tempo, os músicos escreveram novas composições e arranjos para esse sétimo álbum que será lançado nas plataformas digitais nesta sexta-feira (3/12). Formam o trio Edu Ribeiro (bateria), Fábio Torres (piano e teclados) e Paulo Paulelli (baixo).
O novo trabalho segue fiel à estética do Corrente, ou seja, uma mistura das harmonias e ritmos brasileiros com a liberdade e improvisação do jazz. Entre os temas autorais estão “Venezuelana nº 3”, um merengue, tocado de maneira livre e jazzística, e “Sambassi”, que já é um samba em andamento médio.
O Corrente ainda mostra sua visão nos arranjos do baterista Edu Ribeiro para o tradicional choro “Flor amorosa” e ainda a faixa bônus “Clube da Esquina 2” (somente no YouTube). Destaca-se ainda “Caminho verde”, composta pelo saxofonista paulista Vinicius Dorin (1962-2016).
O Trio Corrente já lançou seis álbuns. “Esse é o nosso sétimo disco e ele vai naquela mesma estrutura dos outros. Desde o nosso primeiro trabalho, gravamos composições autorais e fazemos arranjos para chorinhos e clássicos da música popular brasileira. Costumamos dizer que deu certo, por isso, continuamos desse jeito. Mas, claro, tem aí 20 anos de história, de vida, de cada um dos integrantes, além de experiências musicais diferentes. Então, acabamos tendo também uma sonoridade diferente”, garante Edu.
PIANO ELÉTRICO
Ele conta que, para esse novo disco, tem algo engraçado sobre a primeira faixa. “É um arranjo que fizemos para a música ‘Flor amorosa’, um choro muito conhecido. Porém, isso é uma coisa que já fazemos desde o nosso primeiro álbum. Nele tinha arranjos diferentes para ‘Garota de Ipanema (Vinicius de Morais & Tom Jobim), entre outros. Em ‘Sincronia’, fizemos um arranjo para ‘Flor amorosa’ em 9/16, ou seja, um compasso um pouquinho a mais que o original.”O baterista ainda lembra: “E o legal foi que Fábio gravou no piano elétrico Fender Rhodes, instrumento que não usamos nas nossas últimas gravações. Aliás, a gente só tinha usado mesmo no primeiro disco, lançado em 2005. Gravamos ‘Lamentos’, de Pixinguinha, também usando o Rhodes. Acho até que o primeiro disco inteiro foi gravado com ele, porque não tínhamos piano naquela época.”
Edu conta que, agora, na hora de fazer a ordem de “Sincronia”, ele fez um pedido para colocar o “Flor amorosa” como primeira canção do álbum. “Isso, porque ela lembra muito o início do Trio Corrente, com características diferentes, porém com a sonoridade muito parecida com a do primeiro disco. Então, fizemos arranjo bem diferente para ‘Feira de Mangaio’. A gente gravou uma música do Vinícius Dorin que era um saxofonista incrível e que tocou muito com o Hermeto Paschoal”, lembra o baterista.
Ele também revela que não colocou nenhuma música de sua autoria no novo trabalho. “Fiz somente os arranjos. Gravamos duas músicas do Milton (Nascimento), pois gostamos muito música mineira, desde compositores como o próprio Bituca e Toninho Horta, que são influências muito fortes para nós. Fizemos arranjos para ‘Clube da Esquina 2’ e ‘Travessia’. As duas faixas estão disponíveis somente no YouTube.
VINIL X DIGITAL
O músico ressalta que “Sincronia” foi feito de forma independente. “Não quero parecer um ‘tiozão’ velho, embora a gente esteja entre os 40 e 50 anos. Vimos a transição do LP para o CD e agora estamos vendo a do CD para o digital. Sinto falta de ter o CD físico em mãos, mas a gente nem está imprimindo mais, estamos lançando apenas nas plataformas digitais. O vinil está até voltando e, por isso, está no nosso radar.”Edu conta que o Trio Corrente já está com dois shows de lançamento do disco marcados. “E já começamos a sair e a tocar o repertório do disco, mas também algumas coisas novas, porque não aguentamos ficar tocando as mesmas músicas. E quando damos conta já temos repertório para gravar outros discos. Aí, a gente senta, organiza e grava de novo álbum, muitas vezes em uma só sessão, tanto ao vivo quanto em estúdio.”
O baterista também espera tocar em Belo Horizonte. “Agora, o nosso plano é fazer o lançamento desse disco e estamos esperando para ver se a gente volta a tocar em BH rapidamente. É sempre muito bom tocar em Minas, é onde tem a melhor música do mundo”, garante Edu.
CARREIRA
Formado em 2001 por Edu Ribeiro, Fabio Torres e Paulo Paulelli, o Trio Corrente vem criando um som original, interpretando clássicos do choro, MPB e do seu repertório autoral. Em 2005, o trio lançou o primeiro álbum, “Corrente”. Em 2011, gravou “Volume 2” e, em 2014, “Song for Maura”, parceria com Paquito D’Rivera, que conquistou o Grammy Award como “Melhor Álbum de Jazz Latino”. Pelo mesmo trabalho, ainda venceriam, na mesma categoria, o Latin Grammy, dividindo o prêmio com o pianista norte-americano Chick Corea (1941-2021). Em 2016, o trio lançou “Volume 3”.REPERTÓRIO
» “FLOR AMOROSA” (Joaquim
Calado & Catulo da Paixão Cearence)
» “FEIRA DE MANGAIO” (Sivuca & Glorinha Gadelha)
» “CAMINHO VERDE” (Vinícius Dorin)
» “VENEZUELANA Nº 3” (Fábio Torres)
» “SAMBASSI” (Paulo Paulelli)
» “JUÍZO FINAL” (Nelson Cavaquinho & Élcio Soares)
“SINCRONIA”
• Trio Corrente
• 6 faixas
• Disponível nas plataformas digitais a partir de sexta-feira (3/12)