Paula Costa (Carol Castro) é dura na queda. Policial científica, já se acostumou com cenas de crimes para lá de violentas. Quando chega a um lugar abandonado com a colega Camila Garcia (Rafaela Mandeli) e descobre uma quantidade terrível de pedaços de corpos, põe-se a trabalhar como se fosse mais um dia no escritório. O horror virá mais adiante, quando ela descobre que sua filha foi morta em um acidente misterioso.
Esse é o ponto de partida de “Insânia”, nova série nacional da plataforma Star+. Com o lançamento de seus oito episódios nesta sexta (3/12), a produção é mais uma tentativa brasileira de emplacar uma série de gênero. O thriller psicológico foi criado pelo uruguaio Lucas Vivo (também criador de “Pacto de sangue”, de 2018, faz sua segunda incursão brasileira) e pelo diretor carioca Gustavo Bonafé (de “O doutrinador”, filme e série).
A partir da tragédia familiar, Paula perde a razão e é internada, à força, em uma clínica psiquiátrica. Esse é só o começo do mistério, pois no local a personagem vagueia entre a razão e a loucura. A dúvida permanece ao longo dos episódios: a policial está realmente louca ou o ocorrido com a filha não passa de uma armação?.
GÓTICO
“Acredito que boas histórias funcionam em qualquer lugar. Quando escrevi ‘Insânia’, minha referência foram o expressionismo alemão e os romances góticos. A partir desse universo, quis trabalhar com dois temas: a necromancia e as sociedades secretas”, comenta Lucas Vivo, que também dirigiu três episódios.
Chama a atenção o aspecto visual de “Insânia”, tanto os cenários, que fogem do padrão da produção brasileira, quanto os elementos de cena. No episódio-piloto, por exemplo, os corpos encontrados pela polícia são explorados pela câmera com riqueza de detalhes. Todo o material, conta Bonafé, foi produzido por uma equipe de Los Angeles e trazido para o Brasil.
“Foi um desafio interessante, pois a série de gênero não é algo que estamos acostumados a fazer”, comenta Bonafé. “Insânia” ainda apresenta cenários pouco comuns. Foi rodada em Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba. “Lucas e eu trabalhamos bem a quatro mãos. Peguei o roteiro ainda em espanhol e adaptei a história para o Brasil. Mas como iria trazer esse expressionismo alemão para o país? Isso não iria se encaixar no Rio ou em São Paulo, por isso inventamos uma cidade”, afirma o diretor.
A trama é ambientada na fictícia Névoa Branca, que pode ser uma cidade de qualquer lugar. “Insânia” começou a ser rodada no Paraná no início de 2020. A 10 dias do fim das filmagens, a produção foi “fechada” em decorrência da pandemia.
Somente em setembro do ano passado veio o ok para a retomada das gravações. Devido à crise sanitária, não houve como filmar no Brasil – a opção viável, como ocorreu com várias séries nacionais, foi gravar no Uruguai. “Mas como seriam cenas de estúdio, com o Instituto Médico-Legal (IML), um laboratório e uma academia de boxe, não houve prejuízo para a história”, diz Bonafé.
Atriz mais associada a papéis de jovens urbanas em novelas, Carol Castro passou por uma intensa preparação para interpretar Paula. No laboratório para o papel, a atriz acompanhou inclusive o trabalho de policiais científicos em São Paulo.
As filmagens foram muito intensas, diz Bonafé. “Falei muito para a Carol que ela iria colocar o pé na lama, suar, correr, chorar”, cita. “A história joga muito com o subconsciente da Paula, com os sonhos, sobre o que é real e o que não é”, observa Lucas Vivo.
“INSÂNIA”
• Série nacional em oito episódios.
• Estreia nesta sexta (3/12), no Star