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Estado de Minas MÚSICA

Orquestra DoContra se une ao Clube da Esquina em concerto-homenagem hoje

Formação que tem seis contrabaixos como solistas recebe Flávio Venturini, Beto Guedes, Toninho Horta e Bianca Luar no Palácio das Artes nesta sexta (3/12)


03/12/2021 04:00 - atualizado 03/12/2021 07:13

Toninho Horta tocando guitarra
Toninho Horta tocará 'Céu de Brasília','Durango Kid' e 'Manuel, o Audaz' na apresentação no Palácio das Artes (foto: Vitor Maciel/ Divulgação)
Paulista da cidade de Bragança radicado há 12 anos em Belo Horizonte, onde atua como primeiro contrabaixo da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, o também arranjador e diretor musical Neto Belloto diz que, desde que chegou à capital mineira, duas coisas moveram sua vida: o desejo de dar protagonismo ao seu instrumento e a paixão crescente pelo Clube da Esquina. 

Responsável pela criação, em 2016, da Orquestra DoContra, que tem seis contrabaixos à frente do palco, como solistas, ele chega agora a um ponto de convergência dessas duas balizas que o têm guiado. Nesta sexta-feira (3/12), a Orquestra DoContra realiza um concerto no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes, em que recebe como convidados Toninho Horta, Beto Guedes, Flávio Venturini e Bianca Luar.

A apresentação é uma homenagem antecipada aos 50 anos do Clube da Esquina, que serão comemorados em 2022. A estrutura do concerto prevê que os convidados se revezem no palco para executar canções emblemáticas de suas respectivas trajetórias, amparados pela orquestra e por uma banda de apoio.

O primeiro a se apresentar é Flávio Venturini, que executa quatro números, seguido por Beto Guedes, que fará três; Bianca Luar, responsável por interpretar a música “Clube da esquina”; depois Toninho, que também mostra três grandes sucessos de sua carreira. Ao final, Venturini, Beto e Bianca retornam para o encerramento. 

“Quis juntar no repertório coisas expressivas dos três compositores convidados. Bianca presta a homenagem dela cantando a primeira parceria de Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges, marco inicial do movimento”, diz Belloto.

LETRISTAS

Ele destaca que a seleção dos temas também se orientou pelo desejo de incluir nesse tributo os letristas do Clube da Esquina. Assim, foram escolhidas canções que abarcam as líricas de Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Márcio Borges e Murilo Antunes. “Também pensamos muito na plateia. É um repertório composto só de sucessos. Quem for vai se emocionar, com certeza.”

Belloto e seu projeto DoContra, que pode se apresentar tanto em formação orquestral quanto como um grupo mais enxuto, focado apenas nos contrabaixos, já desenvolveram ações anteriores com Venturini e com Toninho. Com o primeiro, a aproximação ocorreu em 2019 e rendeu disco, intitulado “Paraíso”, e apresentação no Teatro Sesiminas, com o reforço da orquestra da casa.

“Ele fez um arranjo inspirado em uma música minha, que inclusive abre esse concerto no Palácio das Artes, e me mostrou. Fiquei encantado com o trabalho dele, que tem essa característica diferente, o foco nos contrabaixos”, afirma Venturini, acrescentando que, a partir dali, se estabeleceu uma amizade. 

“Ele disse que tinha a ideia de fazer um trabalho comigo e me convidou para o projeto de um disco. Eles correram atrás de tudo, conseguiram captar os recursos e viabilizaram isso. Lançamos o disco ‘Paraíso’ em julho de 2019, com um grande show que juntou as duas orquestras, a DoContra e a Sesiminas”, lembra o músico.

CURSO

Já com Toninho Horta, a relação de Belloto é mais recente e gira em torno de um curso, lançado há aproximadamente quatro meses, em que o violonista e guitarrista transmite seus conhecimentos. “A música dele é muito complexa”, comenta o diretor da Orquestra DoContra.

“Em várias conversas, o Toninho me dizia que tinha vontade de criar um curso para o pessoal conseguir tocar a obra dele, mas ela é tão grande e expressiva que ele próprio acaba não fazendo nunca do mesmo jeito, sempre muda um pouco as coisas”, acrescenta.

O contrabaixista destaca que esse foi o maior desafio para elaborar, juntamente com Gilberto Paganini, violista da Filarmônica de Minas Gerais e seu parceiro no projeto DoContra, o curso “O jeito de tocar Toninho Horta”. “Se o cara entender como funciona a cabeça dele, isso muda a vida musical do sujeito para sempre. O Toninho é o maior acompanhador do planeta, é genial, não existe outra palavra para defini-lo”, diz Belloto.

Toninho, por sua vez, ressalta a versatilidade do diretor da Orquestra DoContra, chamando a atenção para sua formação erudita e seu trânsito fluente pela música popular. “Ele adora a música de Minas, não se cansa de dizer que fez a cabeça dele, e daí veio essa ideia de uma temporada de shows em homenagem ao Clube da Esquina.” 

O guitarrista conta ainda que há “esse projeto para 2022, de fazer uma longa temporada de concertos com a Orquestra DoContra, tendo um convidado ligado ao Clube da Esquina a cada mês. Essa apresentação de agora é um piloto do que está por vir”.

Toninho avalia que o momento é muito propício para esse tipo de ação, porque a efeméride em torno dos 50 anos do Clube da Esquina já paira no ar e porque o fim de ano é uma época que pede confraternizações, especialmente neste momento de arrefecimento da pandemia no Brasil. 

“É uma boa época para nos encontrarmos. Fica, desde já, como o início de uma grande celebração. Esse concerto de agora no Palácio das Artes, eu sinto mais ou menos como um evento para o pessoal se encontrar. Eu, Flávio e Beto estamos em casa, é tudo farinha do mesmo saco”, diz.

No que depender de Belloto, as comemorações em torno dos 50 anos do Clube da Esquina serão grandiosas. Ele conta que, no momento, está em uma fase de aprofundar seus conhecimentos acerca da obra produzida por Milton Nascimento e companhia desde o lançamento do álbum “Clube da Esquina” até os dias atuais. 

“É um negócio muito importante para mim. Desde que cheguei a Belo Horizonte, a música mineira vem invadindo e inundando a minha vida. Neste momento, estou ouvindo analiticamente todos os discos de todas as figuras ligadas ao Clube da Esquina, começando pelo Milton, que tem uma obra gigante”, diz.

ARROJADO

Ele não hesita em afirmar que se trata do movimento musical “mais inovador, mais livre, mais arrojado e mais experimental” da história da música brasileira ao longo do século passado. Belloto destaca o feliz encontro de compositores com alto potencial de inventividade com letristas capazes de criar em perfeita consonância com o que as músicas pedem.

“São poetas com líricas diferentes, e cada um deles teve a sensibilidade de entender a cabeça dos compositores. Ronaldo Bastos fez letras lindas para o Beto Guedes e para o Flávio Venturini. O Murilo Antunes é aquele cara apaixonado, que fala do amor como ninguém. O Fernando tem uma poesia maravilhosa, que transcende a letra de música. O Marcinho Borges fala a linguagem das pessoas, fala da amizade, da vida, do amor de uma forma muito direta e precisa”, cita.

Belloto chama a atenção para o fato de que o Clube da Esquina está completando 50 anos com todos os seus principais artífices ainda vivos. “É um movimento de uma relevância ímpar e que nós podemos homenagear lado a lado com todos os seus agentes. O Clube da Esquina para mim é isso, tenho comigo que vou militar por essa obra até o fim da minha vida, quero levar o movimento desses caras adiante.”

MINEIRO DA GEMA

Toninho Horta destaca que os membros do Clube, naturalmente, acolhem de braços abertos todos os esforços de Belloto no sentido de dar relevo a essa produção, que permanece como marca registrada de Minas Gerais. “A vontade existe e ele é um profissional de alta qualidade. Nós já o batizamos de mineiro da gema, porque é muito fã do nosso trabalho e, para nossa sorte, é muito competente”, aponta.

Falando de sua outra paixão, o contrabaixo, Belloto diz que criou o grupo DoContra para dar maior visibilidade ao instrumento que o cativou desde sempre e que quase nunca encontrou lugar de destaque no palco. Ele diz não ter notícia de outra formação orquestral, no Brasil ou no mundo, que tenha seis contrabaixos solistas na linha de frente. “É um projeto gratificante, não só porque dá destaque ao instrumento que é minha paixão, como também serve de estímulo para que os jovens o estudem.”

Com o passar dos anos, a Orquestra DoContra foi ganhando novas feições. “Atualmente, os contrabaixos continuam à frente, mas também temos naipes de cordas, sopros e percussão. É uma formação inusitada, cujas apresentações quebram os protocolos”, afirma.

Ele cita como exemplos o fato de que, no figurino, o preto e branco habitual dos concertos eruditos dá lugar a roupas coloridas. A disposição clássica dos músicos no palco é substituída por formações geométricas. “O público vai viver uma experiência sonora diferente de em qualquer outro concerto”, diz.

Belloto ressalta que o próprio nome DoContra tem a ver com essa disposição para fazer diferente. “Ser do contra é buscar novas coisas, não se contentar com o tradicional e correr atrás de experiências inovadoras, para oferecer isso para a audiência. Tem tanta coisa na internet, as pessoas estão saturadas. Então, se a gente não inovar, a gente não se mantém vivo no mercado”, diz. 

Num caso como o concerto desta noite no Palácio das Artes, o grupo não se limita a apenas acompanhar o convidado. “A orquestra se coloca com momentos muito impactantes, de grandeza sinfônica, com solos vigorosos.”

TRILHA DE SUCESSOS

Confira o roteiro do 
concerto desta noite

1 – Abertura com "Suíte Venturini" (Orquestra e banda)
2 – “Céu de Santo Amaro”
3 – “Adios Noniño / Bésame”
4 – “Noites com sol”
5 – “Todo azul do mar”
6 – “Planeta sonho”
7 – Introdução (Entra Beto Guedes)
8 – “Sol de primavera”
9 – “Contos da lua vaga”
10 – “Amor de índio”
(Entra Bianca Luar)
11 – “Clube da Esquina 1”
(Orquestra de baixos e Adriano Campagnani)
12 – “Sinfonia Clube da Esquina”
(Entra Toninho Horta)
13 – “Céu de Brasília”
14 – “Durango Kid”
15 – “Manuel, o Audaz”
BIS
(Entra Flávio Venturini)
16 – “Nascente”
(Entram Beto Guedes e Bianca Luar)
17 – “Espanhola”
18 – “Linda juventude”

ORQUESTRA DOCONTRA CONVIDA FLÁVIO VENTURINI, BETO GUEDES, TONINHO HORTA E BIANCA LUAR

Nesta sexta-feira (3/12), às 21h, no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, 31. 3237-7400). Ingressos para plateia 1 a R$ 110 (inteira), plateia 2 a R$ 90 (inteira) e plateia superior a R$ 70 (inteira). Vendas pelo site Eventim e na bilheteria do Palácio das Artes.


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