Jornal Estado de Minas

TEATRO

Lilia Cabral divide o palco com a filha, Giulia Bertolli, em ''A lista''



Com duas apresentações marcadas no Cine Theatro Brasil Vallourec, neste sábado (4/12) e domingo (5/12), “A lista” é um espetáculo de encontros e reencontros. Em cena, Lilia Cabral atua pela primeira vez ao lado da filha, Giulia Bertolli. Elas interpretam duas vizinhas de apartamento que se apoiam e fazem companhia uma para a outra durante o período de isolamento provocado pela pandemia. A montagem também marca a primeira vez da veterana atriz no Cine Theatro Brasil Vallourec.





Se por um lado há esses fatos inéditos no bojo de “A lista”, por outro, a peça traz Lilia de volta ao teatro após cinco anos de ausência. O reencontro da atriz, que tem um vasto histórico de novelas na Rede Globo, com o palco, no entanto, se deu, primeiramente, sem plateia. 

O espetáculo estreou on-line em agosto de 2020 e permaneceu nesse formato até o final do ano, quando teve uma única apresentação presencial para um público restrito, dentro da programação de um festival em Angra dos Reis.


CALOR

O reencontro – outro – com a plateia de carne e osso só voltou a acontecer na semana passada, no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, com casa cheia. Dessa forma, a montagem chega a Belo Horizonte ainda embalada pelo calor do compartilhamento entre as atrizes e seu público. 

Lilia interpreta Laurita, uma aposentada trancada no seu apartamento, evitando se contaminar com o vírus que assolou o mundo da noite para o dia. A jovem Amanda, vivida por Giulia, é quem fica encarregada de fazer as compras e abastecer a despensa da vizinha. O encontro delas gera um turbilhão de sentimentos, lembranças e descobertas.





Lilia conta que, quando surgiu a ideia e a possibilidade do espetáculo, no começo da pandemia, era um momento de incertezas para todo mundo, o que não a impediu de levar adiante o projeto. “Resolvemos abraçar esse trabalho como um gesto de amor ao público, mas também como uma maneira de nos mantermos ativos, criativos, fazendo o que mais amamos, que é a arte”, diz. 

Ela destaca que na transposição do on-line para o presencial nada mudou em termos de estrutura ou de dramaturgia, mas sim no que diz respeito à troca de calor e energia que o encontro proporciona. “O que mudou foi a presença do público – e, na verdade, isso muda absolutamente tudo. A respiração da plateia, as risadas, a emoção, os aplausos. Tudo isso implica a nossa apresentação, é uma troca, é a essência do teatro”, aponta.

A atriz considera que “A lista”, que tem texto de Gustavo Pinheiro e direção de Guilherme Piva, é uma comédia dramática com grande potencial para cativar o público, porque tem uma dramaturgia fácil e popular, que se comunica com qualquer pessoa. “Já tínhamos noção da força e do alcance da peça pela resposta das pessoas ao final das apresentações on-line, e agora estamos tendo a alegria de conferir também nas apresentações presenciais. O público ri muito e se emociona. Isso é tudo o que um artista pode querer”, ressalta.





FILME

Esse potencial não poderia deixar de ser melhor aproveitado, e foi pensando nisso que “A lista” já ganhou uma adaptação para o cinema, com o curta-metragem homônimo, premiado no exterior no South Film & Arts Academy e no Avanca Film Festival. “A trajetória do filme é muito emocionante justamente porque foi um trabalho cheio de amor, gestado na adversidade de um tempo cruel. O sucesso internacional do filme comprova que quando falamos do que nos é íntimo atingimos todo mundo”, diz, acrescentando que ainda não há uma definição sobre sua possível exibição no Brasil, já que o circuito comercial de salas de cinema é limitado para o formato curta-metragem.

Lilia Cabral não descarta adaptar o enredo da peça também para uma série de televisão. “Acreditamos que a Laurita, a personagem que interpreto, tem muitas possibilidades de tramas e caminhos. Adoraríamos vê-la na televisão”, revela. 

Ela considera que o mais marcante em “A lista” é a capacidade de promover uma identificação imediata e chegar ao coração das pessoas, por ser “uma história que jamais vai envelhecer, que será, para sempre, a crônica de um tempo que todos nós testemunhamos, juntos, o que é muito poderoso e reconfortante”.





Sobre contracenar com a filha pela primeira vez, ela diz que tem sido um enorme prazer. “No começo do trabalho, era natural que eu a enxergasse como minha filha, mas agora, depois de tanto tempo juntas em cena, também enxergo a colega de cena, e não apenas a filha. Uma colega de cena estudiosa, talentosa, dedicada, com quem me divirto e troco muito. Para mim é uma alegria, como atriz e como mãe”, ressalta.

Ambas colaboraram com o texto de Gustavo Pinheiro, sugerindo coisas, mesmo durante o período de ensaios on-line, segundo Lilia. “Foi um processo muito rico”, diz.

“A LISTA”
Com Lilia Cabral e Giulia Bertolli. Neste sábado (4/12), às 21h, e domingo (5/12), às 19h. Cine Theatro Brasil Vallourec. Praça Sete, Centro, (31) 3201-5211. Ingressos presenciais a  R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Transmissão on-line ao vivo: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). À venda em cinetheatrobrasil.com.br ou na bilheteria do teatro. Um link de acesso on-line será enviado por e-mail, após aquisição do bilhete

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