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Estado de Minas MÚSICA

Zeca Baleiro se apresenta no formato banquinho e violão em BH

Músico maranhense faz o show 'José', uma retrospectiva de sua carreira, ressaltando suas influências literárias, nesta sexta-feira (10/12), no Palácio das Artes


09/12/2021 04:00 - atualizado 09/12/2021 07:50

Zeca Baleiro sentado com violão ao colo no centro do palco
Zeca Baleiro comemora a volta aos palcos e diz que sentiu muitas saudades do público (foto: Maciel Goelzer/Divulgação)

"(Durante a pandemia) Fiz uma música com Flávio Venturini, algumas com o Vicente Barreto e com Paulinho Pedra Azul. Foi bem produtivo nesse sentido. Ainda não gravei nenhuma, só compus mesmo, pois não estou com pressa. Hoje lança-se muita coisa pela facilidade, mas é preciso dar um tempinho para que o público possa sentir saudade"

Zeca Baleiro, cantor e compositor maranhense


“José”, show que o cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro apresenta nesta sexta-feira (10/12), no Grande Teatro do Palácio das Artes, foi planejado para dar ao público a sensação de ser recebido na sala da casa do músico, para uma sessão de música e conversa sobre canções e autores importantes em sua trajetória artística.

O repertório terá, portanto, canções marcantes de sua carreira, como "Telegrama" e "Flor da pele", além de releituras e músicas dos seus discos mais recentes, "O amor no caos" e "Canções d'além-mar".

Ainda sob o impacto do distanciamento forçado do público que a pandemia impôs aos artistas, Zeca diz que a experiência de se apresentar ao vivo para uma plateia é “imbatível”. “Estou ansioso pelo reencontro e com saudades dos afagos e aplausos da plateia.”

Ele conta que o projeto nasceu sob encomenda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Eles me convidaram, há cerca de quatro anos, para fazer um projeto que se chamava Poesia, então, no qual vários artistas faziam um show intimista, falando das suas referências musicais e poéticas. Quem quisesse poderia ler um trecho de um livro de poesia ou de prosa. Foi muito bacana, porque me fez mergulhar nas minhas próprias referências.”

Para a apresentação a convite da UFRGS, Zeca levou alguns livros de poesia, de autores como o mineiro Murilo Mendes (1901-1975) e o russo Maiakovski (1893-1930). 

“Reaprendi a tocar algumas músicas de cantores e compositores da minha infância e que ouvia no rádio, como Martinho da Vila e Sérgio Sampaio (1947-1994), entre outros. Levei até uma vitrola para o palco, com alguns vinis. Isso fez a apresentação ser muito especial e por isso resolvi batizá-la de ‘José’.”

MERGULHO 

O músico fez posteriormente outra apresentação similar em um pequeno teatro em São Paulo. “Mas acabou que esse show ficou para trás. Isso porque a demanda de apresentações com banda e as outras coisas foram ocupando o tempo e o espaço. Só que, com a pandemia, tive tempo de fazer um mergulho em meus arquivos, relendo matérias de jornais e textos que escrevi ao longo desse tempo na estrada.”

Nesse mergulho, Zeca comenta que ouviu “novamente várias fitas cassete e DAT, além de MDs (mini-disc) que estavam guardados”. O processo foi, segundo diz, “uma verdadeira arqueologia”. E dele resultou a decisão de retomar esse show, “porque é relativamente simples para viajar, com uma equipe pequena e somente eu com meu violão, no palco”, conforme aponta.

A reestreia do show se deu em São Paulo, no final do mês passado. A segunda apresentação será amanhã, na capital mineira. Em 2022, o plano é fazer uma turnê pelo Nordeste e o Sul do país.

“Esse show tem uma mágica, uma força. Confesso que foi difícil chegar nessas canções. Acho até que vou fazer um repertório móvel, porque muita coisa ficou de fora. Então, a cada show vou modificando um pouquinho, pois são muitos anos de música. Também toco algumas que nunca havia tocado”, diz o músico

Zeca pensa em filmar a apresentação e torná-la disponível no YouTube. “É um show visual, muito bonito cenicamente. Tem um cenário bonito e uma luz também bonita. De repente, pego também o áudio do show e coloco nas plataformas digitais.” 

A mais recente apresentação de Zeca Baleiro em BH foi em outubro do ano passado, no dia de uma das reaberturas da cidade durante a pandemia. Ele fez um bem-humorado show no Cine Theatro Brasil Vallourec, que abriu com o comentário: “Cansada de live, né, minha filha?”, ao encarar a plateia. 

“Foi bem bom”, diz, sobre a apresentação. “De maneira que estou muito feliz em voltar à capital mineira, onde passei uma boa temporada.” Durante a pandemia, ele diz, acabou compondo muito. 

“Fui forçado a ficar em casa. A solução foi compor bastante. Compus com o Chico César, estamos até fazendo um disco para o ano que vem.” Outro parceiro de composições foi o amazonense Vinicius Cantuária. “Estamos preparando um disco, sem pressa, porque há muita coisa a fazer ainda.”

A lista de parcerias não para por aí. “Fiz uma música com Flávio Venturini, algumas com o Vicente Barreto e com o Paulinho Pedra Azul. Foi bem produtivo nesse sentido. Ainda não gravei nenhuma, só compus mesmo, pois não estou com pressa. Hoje lança-se muita coisa pela facilidade, mas é preciso dar um tempinho para que o público possa sentir saudade.”

Em sua opinião, o formato mercadológico de lançamento de singles vem funcionando muito bem. “É muito legal, a gente vai lançando uma música de cada vez e, no final, junta tudo em um disco cheio. É um bom sistema. Antigamente era assim também, só que em vez de single lançava-se um compacto com a música de trabalho que depois era incluída no LP (vinil). A diferença ficava mesmo pela internet, que não havia naquela época.”

“JOSÉ”

Show de Zeca Baleiro. Nesta sexta-feira (10/12), às 21h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos para a Plateia l: R$ 280 e R$ 140 (meia-entrada); Plateia ll: R$ 240 e R$ 120 (meia-entrada); Plateia lll: R$ 160 e R$ 80 (meia-entrada).


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