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Estado de Minas MÚSICA

Lagum saúda a vida e a lembrança de Tio Wilson em seu terceiro disco

Banda mineira lança álbum com 10 faixas, que contou com áudios do baterista gravados durante ensaios. Músico morreu em 2020, aos 34 anos


14/12/2021 04:00 - atualizado 14/12/2021 07:25

Quatro integrantes da banda Lagum posam para foto com semblante sério
Lagum virou quarteto, mas promete manter o legado de Tio Wilson em seu som (foto: Lett Sousa/divulgação)

Entre batidas de reggae e MPB, a banda mineira Lagum é sucesso desde 2016, cantando amores efêmeros, futuros incertos, decepções românticas e besteiras já feitas por aí. De acordo com o grupo, essa espontaneidade e a liberdade de falar da vida de maneira ritmada a conecta com o público. Em seu novo disco, “Memórias (de onde eu nunca fui)”, a receita continua. Mas de outra forma.

“Assim como o primeiro álbum (“Seja o que eu quiser”), esse foi feito muito na intuição. Antes, por ser um álbum que a gente não sabia o que esperar do público ou do produto final, até porque a gente tinha pouco conhecimento e pouca bagagem musical. Neste, deixamos as coisas fluírem. Então, se dava vontade de falar coisas engraçadas ou trágicas, a gente falava”, conta Pedro Calais (vocal), em entrevista por vídeo ao lado de Francisco Jardim (baixo), o Chico, e Glauco Borges, conhecido como Jorge (guitarra). Otavio Furtado, o Zani (guitarra), não participou.

Usando óculos escuros, baterista Tio Wilson olha para o lado, tendo montanha ao fundo
Tio Wilson morreu em 2020, nos bastidores de um show em BH (foto: Lagum/reprodução)


''Agora, vamos construir a memória que estava pra ser vivida. E também diz muito sobre o Tio, que construiu o álbum com a gente''

Jorge, guitarrista


PROFUNDO

O quinto integrante da banda, apesar de não estar presente, foi assunto da entrevista, assim como do álbum. Breno Braga, o Tio Wilson, morreu em 12 de setembro de 2020, aos 34 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória nos bastidores do show do grupo em Belo Horizonte. Com sua morte, o álbum, que antes tinha proposta humorada e solta, virou algo mais profundo e complexo.

“A gente viu que o álbum criado em 2019 não fazia mais sentido, então ele se tornou outra coisa, conceitualmente falando”, explica Pedro. “Começamos com a parte visual. As capas foram trabalhadas com imagens dentro de molduras, porque entendemos que pinturas, assim como fotos, quando estão dentro de molduras representam uma memória. Se espera ter a memória dentro de uma moldura, né? E a gente começou com a moldura do Tio, que é uma memória dele eternizada ali.”

A ideia é de que os fãs possam visualizar em imagens o que cada uma das 10 canções quer transmitir, com o princípio de que se deve aproveitar a vida o máximo. Pensamento sintetizado na faixa de abertura, “Ninguém me ensinou”: “Não tenho medo de errar/ Só medo de desistir/ Mas tenho 20 e poucos anos/ E não vou parar aqui”.

Lançado há um ano, o clipe mostra os integrantes da banda e os familiares de Tio Wilson homenageando-o, além de vídeos caseiros com bons momentos.

“Quando a gente escutou de novo a música, foi unânime o sentimento de que ela tem tudo a ver com o que passamos. Deu uma força muito grande, pessoalmente falando, pra me tirar desse estado de não querer fazer nada para realmente ser um momento de acreditar muito. Veio daí a nossa energia para conseguir fazer um clipe no momento em que todo mundo estava fragilizado”, conta Jorge.

A pandemia foi inspiração para criar o sentimento de aproveitar o momento, em forma de rotoscopia (animação com base em imagens humanas reais) e letras. “O lançamento desse terceiro álbum representa isso: agora vamos construir a memória que estava pra ser vivida. E também diz muito sobre o Tio, que construiu o álbum com a gente”, comenta o músico.

As 10 canções foram gravadas com a bateria de Breno capturada em um ensaio. “O Tio participou ativamente desde o início”, lembra Chico. “Tivemos a possibilidade de manter a bateria dele da forma como tocou, então ele pôde estar presente. Gosto de contar essa curiosidade, é uma coisa muito espontânea e de um privilégio grande.”

Durante o período de quarentena, a banda lançou dois singles: “Hoje eu quero me perder”, em 20 de março, e “Será”, em 19 de junho, com participação da cantora Iza. Depois das mudanças do terceiro álbum, ambas ficaram de fora da proposta conceitual, mas fazem parte de uma estratégia interessante para o grupo.

“Gostamos também de singles que não necessariamente fazem parte de um projeto, porque é o momento que a gente tem para sair um pouco da nossa caixinha e testar. Ver como o público reage”, explica Pedro Calais.

''Gostamos de singles que não necessariamente fazem parte de um projeto, porque é o momento que a gente tem para sair um pouco da nossa caixinha e testar''

Pedro Calais, cantor


CLIPE

Uma das apostas do novo álbum é “Veja Baby”, que ganhou clipe nesta segunda-feira. “Ela tem potencial comercial, inclusive é o single que vai puxar o álbum, mas ao mesmo tempo destoa dele”, conta o vocalista.

O tema é um relacionamento que já não faz mais sentido e chegou ao fim. Muito diferente de “Festa jovem”, sobre aproveitar a vida como se fosse o último dia. Ou de “Descobridor”, single lançado com o rapper Emicida, sobre memórias.

“Por mais que tenha uma evolução sonora, tem sempre aquela coisa que leva a gente pro caminho do início. O nosso é a espontaneidade e a verdade. Nosso objetivo final é criar uma conexão longa e verdadeira com as pessoas que se identificam com o nosso som”, diz Pedro Calais.



Para o (agora) quarteto Lagum, o momento é de aproveitar a vida, depois de tanto tempo dentro de casa. “A gente ficou muitas horas em estúdio, trabalhando os shows que estão por vir, para chegar com energia total e conseguir todos os objetivos e conquistas no pós-pandemia”, afirma Chico, citando shows que a banda vai fazer em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Inglaterra.
Desenho da capa do terceiro disco da banda Lagum traz os músicos segurando moldura vazia
(foto: Sony Music/Divulgação )

“MEMÓRIAS (DE ONDE EU NUNCA FUI)”

• Disco da banda Lagum
• 10 faixas
• Sony Music
• Disponível nas plataformas digitais


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