Duas décadas depois do lançamento de “Feijão de Corda”, as 10 faixas daquele disco instrumental ganham formato de canção na voz do compositor Luiz Enrique e de convidados, com letras de Jorge Fernando dos Santos.
“Da semente à canção”, produção independente disponível nas plataformas digitais, conta com a participação do baterista Hudson Vaz e do baixista Zazu, os outros dois integrantes do grupo Feijão de Corda.
VOZES
Os cantores Ladston do Nascimento, Carla Gomes, Carla Villar, Francisco Sansão, Lúcia Júlia e Marcos Buzana são os convidados do projeto.Luiz Enrique afirma que o novo disco dialoga com o que há de mais autêntico na música brasileira. “Do samba de gafieira ao baião e maracatu, temperados com influências da música mineira e da linguagem jazzística. O desenho harmônico recria paisagens sonoras de rara beleza”, diz ele.
O projeto surgiu meio que por acaso. “Foi uma iniciativa do escritor e jornalista Jorge Fernando, que ouviu o CD do Feijão de Corda lançado em 1999 e gostou muito. Ele me contou que havia feito uma letra para ‘Macieira’. Conversamos sobre ela e também sobre o que eu havia pensado quando fiz a melodia. Acabou que Jorge fez mais cinco letras”, conta Luiz Enrique.
“Da semente à canção” tem oito composições de Luiz e duas de cada integrante do Feijão de Corda, Zazu e Hudson Vaz. Jorge Fernando também fez letras para elas.
A interação com o letrista foi total. “Em algumas canções, Jorge começou escrevendo a letra e eu criando alguma parte, porque, inicialmente, elas eram instrumentais”, explica. “Adaptei criando a segunda parte. Fomos criando, mas sem plano de gravar.”
Quando surgiu a Lei Aldir Blanc, a dupla já tinha 10 parcerias. O projeto foi inscrito e aprovado. Produzido e arranjado por Luiz, “Da semente à canção” é um trabalho especial por seu caráter autoral. “Ele é significativo para mim, porque, desde 1999, meu trabalho se voltou mais para o lado do arranjo e da produção, gravando CDs para outras pessoas”, conta.
Desta vez, ele usou toda sua experiência para atuar como intérprete. A partir dessa ideia, convidou os amigos cantores. “Não costumo cantar, pois meu trabalho é mais produzir e arranjar, embora recentemente, dependendo da situação, venho cantando em alguns trabalhos de música infantil.”
Neste álbum autoral, Luiz Enrique cantou junto de convidados. “Teve até a participação de um amigo que hoje mora em Portugal, o Marcos Buzana, que gravou de lá”, ressalta. Várias contribuições chegaram via internet, como a do flautista Nilton Moreira, que enviou sua gravação do Canadá. “Acabou que começou a ficar assim, as pessoas gravando de casa mesmo”, explica.
Para o autor, trata-se de um disco de MPB que flerta com o instrumental. O título faz alusão ao fato de o feijão, nome da banda, ser também semente. “A semente da música instrumental que depois virou CD de canções”, reforça.
''Ele (o disco autoral) é significativo para mim, porque, desde 1999, meu trabalho se voltou mais para o lado do arranjo e da produção, gravando CDs para outras pessoas''
Luiz Enrique, produtor e compositor
CARREIRA
Por volta dos 15 anos, Luiz Enrique começou a estudar violão, guitarra, harmonia e improvisação com Marcelo Morais. Depois, foi aluno de Guilherme Monteiro, que hoje mora em Nova York e trabalhou com Bebel Gilberto.Ele também foi aluno de Júlio Marques, estudou harmonia e história da música com André Dequech e cursou o primeiro ano de violão erudito na Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg).
No final da década de 1990, Luiz criou o grupo Feijão de Corda, que contou com a participação do guitarrista Magno Alexandre. Com a saída dele, a banda virou trio e, em 1999, lançou o CD homônimo, que tem a participação do pianista, arranjador e compositor Claudio Dauelsberg.
“DA SEMENTE À CANÇÃO”
• Disco de Luiz Enrique
• Independente
• 10 faixas
• Disponível nas plataformas digitais