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Estado de Minas MÚSICA

Grupo instrumental Semreceita adiciona o ingrediente da voz ao seu EP

Banda mineira convidou cantautores para participar de seu EP 'Pracutucá', gravado ao vivo no Galpão Cine Horto e lançado nesta quinta-feira (16/12)


17/12/2021 04:00 - atualizado 17/12/2021 07:19

Integrantes do Semreceita, de pé, em frente a uma parede amarela, com semblantes sérios
O Semreceita, atuante desde 2012, prepara para o ano que vem o lançamento no YouTube de um documentário sobre a feitura de 'Pracutucá'. Banda também planeja shows (foto: Sarah Leal /Divulgação)
Não é de hoje que a música instrumental é uma expressão forte na cena cultural de Belo Horizonte, e a trajetória da banda Semreceita, em atividade desde 2012, é um bom exemplo disso. Formado pelos instrumentistas Rodrigo Magalhães, PC Guimarães, Natália Mitre, Fernando Feijão e Harrison Santos, o grupo tem no currículo participações no Prêmio BDMG Instrumental, na Série BH Instrumental e no Savassi Festival.

Mas, como seu próprio nome sugere, o Semreceita não é muito afeito a regras e convenções. Em seu segundo registro fonográfico, o EP "Pracutucá", a banda se aproxima muito mais do universo da canção do que da música instrumental, ao reunir cantautores mineiros de diferentes vertentes. Realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, o trabalho chegou às plataformas digitais, com direito a registro audiovisual, na última quinta-feira (16/12).  

"Esse é um registro que nasceu desse nosso desejo de dialogar com a canção. Nossa ideia era tentar usar um pouco da concepção da música instrumental e transpor isso para a canção. Para isso convidamos cantautores que já estavam próximos do nosso universo para colaborar com a gente e poder experimentar", conta Rodrigo Magalhães.

A escolha dos artistas convidados incluiu o critério da diversidade, para possibilitar que as diferentes abordagens musicais de cada um fossem incorporadas ao trabalho do grupo, num mosaico sonoro. 

Sendo assim, Tamara Franklin contribuiu com um rap na faixa "Short de linho", enquanto Luiza Brina remete à MPB em "Sino en el margen", assinada em parceria com Clara Delgado. Dudu Nicácio, artista associado ao samba, foi o responsável por "Contemporânea", e Kristoff Silva, da música erudita, por "Degredo".

VERTENTES 

"Desde o início do projeto, em 2019, nós já estávamos trabalhando com esses artistas. Eles representam universos bastante diferentes. De certa maneira, eles representam o que é o Semreceita. Nós sempre fomos influenciados pelo cancioneiro brasileiro, em suas mais diversas formas de expressão e vertentes musicais que estão muito bem representadas pelos estilos diferentes desses convidados", comenta Rodrigo.

O músico explica que, como o disco foi feito durante a pandemia, boa parte dos encontros com os artistas convidados se deu de modo virtual. O Semreceita entrou em contato com cada um deles e pediu que enviassem composições inéditas para serem lançadas no EP. 

"A Tamara nos enviou uma música num primeiro momento, mas depois acabou compondo outra especificamente para esse projeto. No caso dos outros três, são composições que eles estavam guardando, mas que não necessariamente são de agora."
 
ACESSÍVEL 

Apesar de o disco tratar de questões contemporâneas, principalmente na música "Short de linho", o título "Pracutucá" não tem a ver com a intenção de tratar de temas delicados. Na verdade, essa palavra é uma onomatopeia que o grupo usa para cantarolar um ritmo de uma música. Além de dar nome ao trabalho, esse também é o título de uma de suas faixas, a única completamente instrumental.

"O Semreceita nasceu de uma tentativa de trazer a música instrumental para um ambiente mais acessível. Em geral, a gente pensa nessa expressão musical como erudita e, desde que criamos o grupo, a nossa ideia é aproximar as pessoas desse tipo de música fazendo algo divertido e acessível, rompendo com o imaginário de que a música instrumental é algo distante", explica Rodrigo Magalhães.

Baterista do grupo, PC Guimarães reforça a afirmação do colega e avalia que, embora o grupo já esteja na estrada há quase uma década, seu trabalho no sentido de desestigmatizar a música instrumental ainda não acabou. "Ainda há um trabalho longo a ser feito. A gente faz isso se misturando com outros gêneros musicais e até mesmo com a canção", ele afirma.

Uma particularidade do EP "Pracutucá" é o fato de ele ter sido gravado ao vivo, no palco do Galpão Cine Horto. Por isso cada uma das faixas também ganhou um vídeo ao vivo, com direção de Vito Soares, direção de fotografia de Tulio Cipó, direção de arte de Camila Buzelin e direção geral de Octavio Cardozzo.

"Gravar músicas ao vivo é bastante comum, mas, no caso da música instrumental, é quase indispensável. Como toda a banda tocando junto, a gente consegue captar nuances que não seriam possíveis se a gente gravasse os instrumentos de forma separada. Aproveitamos que a gravação seria feita dessa forma para fazer desse um projeto audiovisual também", explica Rodrigo.
 

ESPECÍFICO 

"O vídeo consegue captar o quanto nós estamos vivenciando o mesmo momento musical. Um age, o outro reage e, segundo após segundo, a gente vai construindo aquelas canções. Tecnicamente, é interessante porque acaba que no microfone da voz, por exemplo, vaza um pouco do som da bateria. Isso cria uma sonoridade específica", acrescenta PC.

Assim como grande parte dos projetos culturais e artísticos, o EP sofreu adiamentos e mudanças ao longo dos últimos dois anos. Apesar disso, a banda avalia como positiva a possibilidade de finalmente lançá-lo no momento em que os shows presenciais estão sendo retomados, num contexto de avanço da vacinação contra a COVID-19.

"Foi um período muito difícil para nós e para todos os outros músicos da cadeia produtiva. Tudo ficou muito incerto, mas, aos poucos, as coisas estão sendo retomadas. Já conseguimos fazer um show com público restrito, por exemplo. Dá um quentinho no coração poder apresentar esse trabalho presencialmente. Traz esperança", comenta Rodrigo.

Para PC Guimarães, a forma como o EP foi feito, apesar de todos os contras, é motivo de orgulho. "Conseguimos trabalhar de forma diferente e agora, com as músicas lançadas, chega aquele momento de reencontrar o público e é muito bonito ver que a gente chegou até aqui."

Como esse é um trabalho que começou a ser feito em 2019, o Semreceita encerra 2021 com planos de novos lançamentos, que também terão participações especiais e serão anunciados em breve. No entanto, o ciclo do "Pracutucá" não termina com o lançamento das músicas. No início de 2022, ainda sem uma data confirmada, a banda lança no YouTube um documentário que mostra os bastidores da gravação do projeto.

Várias letras se misturam formando a palavra Pracutucá na capa do disco do grupo Semreceita

“PRACUTUCÁ”

.De Semreceita
.5 faixas
.Grão Discos
.Disponível nas plataformas digitais


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