Os sinos, as harpas, o “Jingle bells” e o Papai Noel dão lugar aos tambores, à viola caipira, aos cantos de domínio público e aos três reis magos no Natal proposto por Maurício Tizumba. Em sua primeira apresentação presencial desde a chegada da pandemia, neste sábado (18/12), às 20h, no Teatro Francisco Nunes.
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“É uma forma que o povo preto e também o povo não preto tem de contar a história da Estrela Guia, dos reis magos – Belchior, Gaspar e Baltazar, e dos presentes que eles levam para o Menino Jesus recém-nascido: ouro, incenso e mirra. As músicas que vamos mostrar no show passam basicamente por essa linguagem, são músicas natalinas que vêm das folias de reis”, diz.
Ele diz que a proposta é celebrar um Natal que não se pauta pela fartura ou pelo consumo, mas sim pelo afeto, pela solidariedade e pelo companheirismo. “Na época de Natal, as mesas estão postas com peru, com champanhe, mas tem gente que não tem isso. O Assis Valente fez uma canção de Natal muito interessante, que diz ‘eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel’, e ele fala isso porque o Papai Noel dele não vem, não tem presente, não tem comida. O nosso é um Natal diferente, a gente não tem sino e não tem ‘Jingle Bells’, é outra forma de celebrar. Não é o Natal do Nicolau, mas é um Natal em que a gente acredita. Passa por essa coisa da simbologia, que é bonita de sentir quando tem sinceridade”, aponta.
Sobre os convidados, ele diz que chamou o cantor, compositor e violeiro Wilson Dias por ele ser um grande conhecedor do universo das folias de reis. Com relação a Bruno Messias e Ivy Mara, é por serem ligados – ele como diretor artístico e ela como educadora – ao projeto Meninos de Minas, com base em Itabira, que Tizumba ajudou a criar e que há 22 anos atua na formação musical de crianças e adolescentes. Ele também destaca os Caixeiros do Rosário, grupo criado especialmente para essa apresentação.
TRADIÇÕES
Tizumba aponta, ainda, a representatividade feminina com a presença de Ivy Mara, do Bloco Saúde e do Bloco Tambor Mineiro, ambos formados majoritariamente por mulheres. “É importante misturar as coisas. Nesse mundo tão machista, quero mais é que as mulheres estejam cada vez mais presentes, elas têm a maior fatia na construção dessa coisa toda, da nossa história e das nossas tradições”, ressalta.
Os integrantes dos dois blocos percussivos que Tizumba coordena estarão presentes no palco a maior parte do tempo, com diferentes naipes de instrumentos. “Como a gente ministra esses vários cursos, de atabaque, de pandeiro, de caixa, os alunos todos participam do show. No final, consigo reunir toda a percussão, mas inicialmente tem o Bruno fazendo o número dele com os tambores, a Ivy faz o número dela com os tambores, e o Wilson também entra com a viola dele. Só os Caixeiros do Rosário é que têm um espaço separado dentro da apresentação”, adianta.
Tizumba diz que sua expectativa é grande pelo reencontro presencial com seu público, e que o clima de confraternização e congraçamento deve dar o tom do show. “O sentimento que eu carrego é de esperança por poder voltar a trabalhar no corpo a corpo, com o calor da presença, o que nada substitui e o que eu espero que possa ser mantido. Quando se trata de afeto, de amor, que é o que a gente sempre quer alimentar, o negócio é estar junto, olho no olho”, diz.
Com o arrefecimento da pandemia no Brasil, o horizonte para 2022 vai se desanuviando e, segundo Tizumba, já é possível voltar a fazer planos. Ele diz que pretende retomar de forma presencial o projeto Tambor na Praça, que comanda há 12 anos, e quer lançar dois álbuns: um com músicas de umbanda e outro em que, acompanhado por sua banda, interpreta o repertório de Vander Lee.
“Também tenho o projeto de montar uma peça nova, pela Cia. Burlantins, chamada ‘Herança’. Fora isso, sempre tem coisas que vão aparecendo e a gente vai fazendo. Estou alimentando uma esperança grande de que no próximo ano, com todo mundo vacinado, possamos voltar a fazer nosso trabalho do jeito que a gente gosta.”
“TAMBORES DE NATAL”
Maurício Tizumba, Bloco Saúde e Bloco Tambor Mineiro recebem Wilson Dias, Ivy Mara e Bruno Messias. Neste sábado (18/12), às 20h, no Teatro Francisco Nunes – Av. Afonso Pena, s/nº, dentro do Parque Municipal, Centro. Ingressos: R$ 40