Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Duo de violoncelos é a atração de hoje do Memorial Instrumental


A programação musical da temporada 2021 do Memorial Vale vai chegando à sua reta final abrindo espaço para novos talentos da cena local. Duas apresentações de projetos surgidos em 2019 e que ficaram hibernados durante o período da pandemia serão exibidas neste domingo (26/12) e na próxima quarta-feira (29/12) pelo canal da instituição no YouTube. 





As violoncelistas Ana Paula Rocha e Talitha Marinho fazem o último show do ano pelo projeto Memorial Instrumental, que vai ao ar hoje, às 11h. Elas formaram o duo a partir de um trabalho apresentado na faculdade de música da UFMG, onde estudaram. 

“Como somos muito amigas, resolvemos unir o útil ao agradável. Apresentamos juntas um recital por uma disciplina que fazia parte da grade do nosso curso e resolvemos seguir como duo. Com a pandemia, demos uma pausa nas nossas atividades e retomamos agora, com essa proposta do Memorial Vale”, diz Ana Paula.

Ela adianta que o repertório que será apresentado começa com “Polka”, de João Salgado, segue com a “Sonata para dois violoncelos em sol maior”, de Jean Baptiste Barriere, e “Cinco peças para dois violoncelos”, de Dimitri Shostakovich, e deságua em “Choro seresteiro”, de Osvaldo Lacerda, e “Wave”, de Tom Jobim, com arranjo para violoncelo e voz assinado pela dupla.





“Trabalhamos com um repertório vasto, do erudito ao popular. Somos muito ecléticas, o que tem muito a ver com nossa personalidade. Agora, com a retomada das atividades presenciais, a gente quer seguir juntas, porque temos uma sinergia musical e pessoal grandes. Achamos que é um trabalho promissor”, diz Ana Paula, que também integra, ao lado da colega, o naipe de violoncelos da Orquestra de Câmara do Museu de Arte Contemporânea Inhotim.

INTERRUPÇÃO


Iniciada em março de 2020, a série Memorial Instrumental foi aberta com show do trio formado pelos músicos Christiano Caldas (piano), Lincoln Cheib (bateria) e Stephan Kurmann (contrabaixo acústico) em homenagem às mulheres. Logo após aquela primeira apresentação, o projeto foi interrompido devido à pandemia. A retomada ocorreu somente em junho deste ano, de forma on-line. De lá     pra cá, foram realizados, mensalmente, diversos shows com nomes da música instrumental de Belo Horizonte.

A apresentação do flautista André Siqueira, que também estava programada para hoje, mas teve que ser adiada para a próxima quarta-feira porque o vídeo não ficou pronto a tempo, é outra que tem a marca do frescor. Com seu projeto Trem Doido, ele propõe uma aproximação entre a música mineira e a sonoridade das bandas de pífanos do Nordeste, o que resulta, conforme diz, num “som muito animado, bem pra cima”.





“Eu ouvia muito o Carlos Malta e o Pife Muderno, que é um grupo com formação de pífanos e percussões. Vinha inspirado por essa ideia de fazer uma coisa com pífano, mas com motes de Minas. Eu queria trazer ritmos do congado, sonoridades típicas daqui. No repertório, a gente inclui releituras de músicas do Milton Nascimento. Em 2019, a gente tirou essa ideia do papel. Estávamos planejando um show de estreia legal, mas aí veio a pandemia e até hoje ainda não conseguimos nos apresentar ao vivo”, conta.

Ele observa, no entanto, que a transmissão on-line também é um bom caminho para fazer com que o trabalho fique mais conhecido. “Não estávamos tocando, mas estávamos compondo muito, pensando nessa formação, que, além de pífanos e percussão, também inclui viola caipira, que é uma coisa bem mineira”, diz, acrescentando que a apresentação pelo projeto Gerais Cultura de Minas, do Memorial Vale, traz no repertório quatro músicas de sua autoria.

Um álbum de estreia de André Siqueira e Trem de Doido está a caminho, previsto para o primeiro semestre de 2022, com um single já sendo lançado em janeiro. “Estamos a todo vapor com essa produção. Já planejamos um segundo single, uma música que fiz com Sérgio Pererê para apresentar na sequência. Nosso som é muito festivo, então nossa vontade de tocar na praça, para uma plateia de carne e osso, é muito grande”, diz o flautista.





A programação musical on-line do Memorial Vale também contempla os shows “Cerrado: vibrafone mineiro”, com João Paulo Drumond executando, na terça-feira (28/12), às 19h, músicas que têm como inspiração imagética o folclore brasileiro; “Calmaria”, em que Amorina relê algumas de suas canções no formato piano e voz, também na terça-feira, às 20h; Paulinho Breu lançando um EP autoral, na quinta-feira (30/12), às 18h; “O ano em que a Terra parou”, em que o cantautor Gustavito mostra músicas compostas durante a pandemia, também na quinta-feira, às 20h; “Acústico”, de Tadeu Franco, com repertório autoral e músicas do Clube da Esquina, na quinta-feira, às 21h; e “Banto”, de Black Pio, calcado nas influências da cultura Banto, na sexta-feira (31/12), às 20h.

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