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Estado de Minas RETROSPECTIVA 2021

Artes cênicas ensaiaram sua volta gradual no segundo semestre em BH

Ópera, espetáculos e festivais de dança e shows de comédia stand up movimentaram a agenda da cidade, alternando-se entre os formatos presencial e on-line


29/12/2021 04:00 - atualizado 29/12/2021 10:05

Músicos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais com seus instrumentos e o maestro Silvio Viegas no Grande Teatro do Palácio das Artes
A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais retomou seu contato com o público em agosto, com a apresentação do concerto "Stabat Mater", no Grande Teatro do Palácio das Artes (foto: Paulo Lacerda/ Divulgação)

Além do teatro, que manteve um pé no palco e outro na internet em 2021, outras modalidades das artes cênicas movimentaram o calendário cultural de Belo Horizonte, no processo de retomada das atividades presenciais. A ópera esteve em destaque, graças às ações da Fundação Clóvis Salgado, por meio do projeto Ateliê de Criação: Dramaturgia e Processos Criativos da Academia de Ópera, realizado no segundo semestre deste ano pela Temporada de Ópera On-line 2021.

A iniciativa abarcou três eventos de relevo: a apresentação do concerto “Stabat Mater”, que marcou o retorno da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais ao formato presencial, em agosto deste ano; a estreia da ópera barroca italiana “Tolomeu e Alessandro”, que ganhou sua primeira encenação em palcos brasileiros, no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes; e o espetáculo “Viramundo – Uma ópera contemporânea”, apresentado no último dia 21, fechando os trabalhos do Ateliê de Criação, que foi orientado pelo propósito de se criar uma nova tradição operística genuinamente brasileira e conectada com a contemporaneidade.

Nos cenários da dança e do stand up comedy, a cidade também assistiu a uma gradual retomada dos espaços culturais por parte de artistas e público. No início de setembro, o ambiente virtual ainda foi a opção da Quik Cia. de Dança, que celebrou seus 21 anos com a transmissão, por seu canal no YouTube, de três espetáculos – dois solos inéditos, criados durante a pandemia, e a nova versão, pensada para o formato digital, de uma montagem anterior.

Em sua passagem por Belo Horizonte, em 22 e 23 de outubro, a Cia. de Ballet Dalal Achcar, uma das mais antigas do Brasil, fez o caminho contrário e foi ao encontro presencial do público com uma apresentação no Sesc Palladium e, no dia seguinte, uma breve performance nas escadarias do Memorial Vale, na Praça da Liberdade, convidando os passantes a também dançarem.
Bailarino de calça preta e camisa branca e bailarina de vestido vermelho ampliam os braços e se tocam as mãos
O Grupo Corpo estreou o espetáculo %u201CPrimavera%u201D em São Paulo, em outubro, e fez temporada em BH no mês seguinte, num Grande Teatro operando a plena capacidade (foto: José Luiz Pederneiras/Divulgação)

GRUPO CORPO 

O Grupo Corpo estreou presencialmente seu novo espetáculo, “Primavera”, em São Paulo, onde cumpriu temporada, no Teatro Alfa, entre 26 e 31 de outubro, antes de vir para Belo Horizonte, onde ficou de 10 a 14 de novembro, em cartaz no Palácio das Artes. Com trilha sonora assinada por Paulo Tatit e Sandra Peres, do Palavra Cantada, “Primavera” foi apresentado como um espetáculo de retomada e de novos horizontes.

“São solos, duos, e mesmo quando há mais pessoas, mantemos distância, ninguém pode se encostar. Dessa maneira, a construção coreográfica se deu em cima das limitações. E deu certo, pois para este recomeço a ideia sempre foi mostrar uma coisa para cima, não ficar falando de COVID-19, problemas. Pelo contrário, todos nós precisamos de novos ânimos”, disse ao Estado de Minas, à época da estreia, o coreógrafo Rodrigo Pederneiras.

Também em novembro, no dia 6, o grupo Sala B estreou “Panacea”, seu quinto espetáculo, para comemorar 10 anos de atividades. A apresentação – com a presença do público – ocorreu no Centro Cultural Unimed BH-Minas. “Panacea” nasceu de quatro lives realizadas pela companhia para debater o sagrado e o profano. O título remete à deusa grega da cura, Panaceia, e à arte como remédio para os males da existência.

Realizado entre 26 de novembro e 12 de dezembro, o Fórum Internacional de Dança (FID) optou por permanecer no ambiente virtual, com uma mostra, em seu canal no YouTube, de trabalhos de 13 artistas e coletivos de diferentes estados do país. Levar ao público a criação de forma remota também foi a opção dos veteranos bailarinos Mariana Muniz e Luis Arrieta.

Eles apresentaram, pelo YouTube, no último dia 12, o espetáculo “Caminantes”, com direção de Ulysses Cruz. O vídeo de aproximadamente 60 minutos mostra duas pessoas que caminham e se encontram, alternando solos com duos. Em alguns momentos, a equipe de filmagem, comandada pelo fotógrafo Cláudio Gimenez, aparece intencionalmente na gravação.

Já o Grupo Corpo, após a estreia de “Primavera”, se manteve em contato próximo, olho no olho, com o seu público. A companhia apresentou, entre os dias 16 e 19 deste mês, no Cine Theatro Brasil Vallourec, a sua já consagrada temporada popular, tradicionalmente realizada no fim do ano, desta vez com os espetáculos “Parabelo” e “Gira”.

BH COMEDY CLUB 

Assim como a ópera e a dança, o stand up comedy viveu momentos marcantes no sentido da retomada das atividades presenciais neste segundo semestre. O BH Comedy Club reuniu artistas de diferentes gerações no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, em 31 de outubro. 

Bruno Costoli, Diego Matias, Geraldo Magela (o Ceguinho), Joel de Carvalho, Rossini Luz e Daniel Gerth se revezaram no palco, em performances de 15 minutos cada uma, que foram posteriormente disponibilizadas no canal do coletivo no YouTube.

Criado em janeiro de 2020 por Gabriel Andrade e Bruno Berg, o primeiro clube de comédia da capital já conta com mais de 33 mil inscritos em seu canal no YouTube. Antes da pandemia, os integrantes do BH Comedy Club realizavam eventos presenciais no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte. Com a reabertura dos espaços culturais, o coletivo passou a se apresentar no Centro Cultural Unimed Minas Tênis Clube. 
Denise Fraga olha fixamente para esferas espelhadas em cena de Galileu e eu - a arte da dúvida Daniel Barbosa
A versão virtual de "Galileu e eu %u2013 A arte da dúvida", com Denise Fraga, foi uma das atrações da Temporada de Teatro de Sete Lagoas (foto: Divulgação)

Retomada no interior

A partir de outubro deste ano, as apresentações presenciais de artes cênicas em cidades do interior do estado também começaram a se avolumar. O novo show de stand up de Marcus Cirillo – ator que faz parte do elenco de “A Praça é nossa”, do SBT/Alterosa – marcou, no dia 16 daquele mês, o retorno da plateia ao teatro, em Uberaba. As atividades culturais na cidade já estavam liberadas desde o fim de agosto, mas só se efetivaram a partir da apresentação de Cirillo, no Cine Teatro Vera Cruz.

Dias depois, em 23 de outubro, foi a vez de o ator Thiago Lacerda aterrissar na cidade do Triângulo Mineiro. Ele apresentou a peça “Quem está aí”, em que interpreta três personagens de Shakespeare, no Centro Cultural Sesiminas, no que foi seu primeiro reencontro presencial com o público desde o início da pandemia. 

“É uma expectativa gigantesca para voltar ao palco com público depois de tanto tempo; neste momento de desfecho, ainda que lento, dessa pandemia, desse horror que a gente está vivendo e desse momento terrível”, disse o ator na véspera da estreia.

Entre 22 e 24 de outubro, a cidade de Itambacuri, na Região do Rio Doce, recebeu o Festival Nacional de Teatro de Teófilo Otoni (Festto), realizado pelo Instituto Cultural In-Cena. O projeto levou diversas ações de democratização da arte e da cultura também para outras cidades dos vales do Mucuri e Jequitinhonha. Totalmente gratuita e presencial, a programação contemplou espetáculos, performances cênicas, shows musicais, oficinas de formação e rodas de conversa.

As atrações do Festto chegaram à sua cidade de origem em 4 de novembro e se estenderam até o dia 7. A edição, comemorativa pelos 10 anos do festival, contou com atrações do Distrito Federal e do Rio de Janeiro, além de Minas Gerais, e foi encerrada com uma caravana composta por 31 artistas, que partiu rumo à Bahia refazendo o antigo trajeto do trem de ferro de Teófilo Otoni a Ponta de Areia (BA), com paradas para apresentações em Caravelas, Itarantim e Salvador.

PRECAUÇÃO 

Em algumas cidades, a precaução seguiu rondando as produções. Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, recebeu, em 13 de setembro, o espetáculo “A festa do pijama”. A montagem, parte do Projeto Diversão em Cena, foi exibida em formato drive-in, de forma gratuita, no campo de futebol que fica dentro da sede da prefeitura. Produzido pelo Grupo Oriundo de Teatro, o espetáculo cênico-musical contou com trilha sonora executada ao vivo.

Iniciada em setembro, com apresentações esparsas, a 8ª Temporada de Teatro de Sete Lagoas – evento que havia sido suspenso em 2020 – voltou a ocupar o calendário cultural da cidade em 2021, mas apenas no formato on-line. Sem o calor do encontro presencial entre público e artistas, o evento ao menos contou com uma programação de peso.

Entre as atrações, Denise Fraga, que apresentou o espetáculo “Galileu e eu – A arte da dúvida”, logo na abertura, no dia 18, e Camila Pitanga, que compareceu, no último dia 5, com a peça “Matriarquia (Em processo)”. O espetáculo foi transmitido ao vivo, direto de Recife (PE), local onde a atriz estava naquele momento, via canal no YouTube da Preqaria Cia de Teatro, responsável pela Temporada de Teatro de Sete Lagoas. Após a peça, houve um bate-papo com a atriz pelo Google Meet.


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