Mesmo com as restrições impostas pela pandemia, a nova geração da música mineira brilhou ao longo de 2021. Artistas como Marina Sena e FBC ganharam reconhecimento nacional após viralizarem nas redes sociais. O ano também foi marcado pelo lançamento de trabalhos do rapper Djonga, da cantora Roberta Campos e da banda Lagum. A cena independente se destacou com a chegada de discos inéditos da banda Young Lights e da cantora e compositora Jennifer Souza.
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Embora seu talento seja laureado agora, Marina começou sua trajetória em 2015, como vocalista do grupo A Outra Banda da Lua, de Montes Claros. Em 2018, ao lado dos mineiros Luiz Gabriel Lopes, Marcelo Tofani e Mariana Cavanellas, formou a banda Rosa Neon, que lançou músicas de sucesso como “Ombrim” e “Fala lá pra ela”.
Em 2021, Marina se dedicou à carreira solo. Seu single de estreia, “Me toca”, foi apresentado em 14 de janeiro. Duas semanas depois, ela anunciou a saída d'A Outra Banda da Lua, após o lançamento do EP “Catapoeira”. Em março, foi anunciado o fim da banda Rosa Neon com o single de despedida “A gente é demais”.
Com o caminho livre para brilhar sozinha, a cantora e compositora lançou o single “Voltei pra mim”, em 10 de junho. A consagração veio no segundo semestre, quando “Por supuesto”, uma das faixas do disco “De primeira”, viralizou no TikTok. A música, que ganhou clipe em novembro, já soma mais de 40 milhões de reproduções no Spotify.
Marina foi a grande vencedora do Prêmio Multishow 2021 e conquistou troféus nas categorias Experimente, Revelação do ano e Capa do ano. Ela encerra o ano com agenda lotada de shows para 2022. Seu primeiro disco solo ganhou edição em LP pelo Noize Record Club.
Outro artista que ganhou projeção nacional graças ao TikTok foi o rapper Fabrício Soares Teixeira, o FBC. No segundo semestre de 2021, o refrão da música “Se tá solteira” embalou uma série de vídeos curtos da rede social, principalmente por conta do refrão: “Se 'tá solteira/ vamo' ficar de casal”.
Com vocais da rapper mineira Mac Júlia, a canção é uma das faixas do elogiado disco “Baile”, que FBC lançou em 12 de novembro em parceria com o beatmaker VHOOR (nome artístico de Vitor Hugo de Oliveira Rodrigues).
Tributo aos bailes funk das favelas de BH, o álbum faz referência a uma série de comunidades da capital mineira, como Cabana do Pai Tomás, Venda Nova, Aglomerado da Serra e Morro das Pedras.
Com bom humor e cheio de referências ao miami bass dos anos 1990, “Baile” é a continuação do EP “Outro rolê”, também gravado por FBC e VHOOR, lançado em fevereiro – também crônica da periferia, mas com a sonoridade sombria do drill, subgênero do rap.
Dia 13, marca registrada
Outro destaque de 2021 foi o quinto disco do rapper Djonga, “NU”, lançado em 13 de março, dia em que ele mandou para as redes os antecessores “Histórias da minha área” (2020), “Ladrão” (2019), “O menino que queria ser Deus” (2018) e “Heresia” (2017).
Introspectivo e conceitual, o disco mostra o artista lidando com os prós e contras da fama. Djonga afirmou que seria o seu último álbum “cheio”. A partir de então, estaria mais focado em singles. Dito e feito. Em junho, ele lançou “Easy money”, produzido por Coyote Beatz, e participou de músicas de Martinho da Vila (“Era de aquarius”), Tássia Reis (“Os tentação da cultura”) e Cronixta (“Deus é mãe”).
O rapper também se dedica ao projeto A Quadrilha, que se desdobra sob a forma de selo e produtora. No início de dezembro, foi lançada a primeira mixtape do projeto, reunindo Djonga, Laura Sette, Marcelo Todani, Bertiolli, X Sem Peita, Dougnow e Zinga.
Depois de seis anos sem lançar álbum de estúdio, Roberta Campos pôs fim ao jejum em julho, com a chegada de “O amor liberta”. Ela ampliou seu repertório de canções sobre amor e liberdade na companhia de parceiros como Humberto Gessinger e da banda Natiruts.
A banda Lagum lançou o disco “Memórias (De onde eu nunca fui)”, seu terceiro álbum, o primeiro depois da morte do baterista Tio Wilson, em setembro de 2020, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória logo após apresentação em BH.
Pedro Calais, Zani, Jorge e Francisco Jardim refletem sobre as mudanças que a morte do colega provocou na banda e fazem homenagem a ele, mantendo a bateria que Tio Wilson deixou gravada em ensaios. O trabalho conta com a participação de Emicida, Mart'nália e L7NNON.
Tocou na novela
Outra banda que se destacou em 2021 foi a Young Lights, que no início do ano lançou o esperado álbum “Somewhere between here and now”, seu terceiro disco. Apesar da carreira no cenário independente, o grupo emplacou sua “Chasing ghosts” na trilha sonora da novela “Um lugar ao sol” (TV Globo), em cenas protagonizadas pelo personagem Renato, vivido por Cauã Reymond.Também representante da cena independente, Jennifer Souza lançou o disco “Pacífica pedra branca”, sucessor de “Impossível breve” (2013). A cantora e compositora aborda questões existenciais em um universo sonoro que mistura folk e jazz. O trabalho conta com a participação da banda Moons, da qual ela faz parte, e do cantor, compositor, violonista e poeta baiano Tiganá Santana, na faixa “Oração ao sol”.