“Adeus, ano velho/ Feliz ano novo”. Essa é uma das poucas frases proferidas no filme “São Silvestre”, de Lina Chamie, que estreia nesta sexta-feira (31/12), na plataforma de streaming Reserva Imovision. Lançado em 2013, o documentário busca traduzir não a disputa, mas a experiência subjetiva que envolve a mais famosa corrida de rua do Brasil.
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“São Silvestre” começa intimista. Ouvimos apenas, e hipnoticamente, as passadas de Fernando no asfalto e sua ritmada respiração – que nos acompanha, sutilmente, até os créditos. Vemos São Paulo pela perspectiva do ator. A cidade parece crescer à sua volta enquanto ele caminha até a largada, na Avenida Paulista.
O tom subjetivo se perde por vários minutos, quando nos afastamos de Fernando para seguir os planos panorâmicos que exibem construções paulistanas e multidões em seu cotidiano. A metrópole se revela no concreto, no asfalto, no som e nos rostos das pessoas que a atravessam.
São Paulo é a protagonista do filme e da corrida, enquanto peças dos compositores Gustav Mahler, Camille Saint-Saëns, Richard Wagner, Alexander Scriabin e Jean Sibelius se intercalam com efeitos sonoros.
A partir do início da prova, acompanhamos os 15 quilômetros do percurso “ao lado” dos corredores. “Sentimos” a chuva – quase sempre presente no réveillon de muitos brasileiros – e o cansaço, enquanto nos alternamos entre Fernando e os demais maratonistas.
Ao cantar “Adeus, ano velho”, o ator conecta – intencionalmente ou não – a experiência da corrida a outra “maratona”, esta enfrentada por todos no decorrer do 2011 que se vai.
Ao cruzar a linha de chegada, Fernando compartilha o sorriso triunfal com o espectador. Alcança o fim daquele ano. Uma década depois de filmado,“São Silvestre” continua extremamente atual.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
“SÃO SILVESTRE”
Filme de Lina Chamie, com Fernando Alves Pinto. Disponível a partir desta sexta-feira (31/12) na plataforma de streaming Reserva Imovision. Assinaturas custam R$ 24,50 (mensal) e R$ 211,68 (anual).