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Estado de Minas MÚSICA

Arismar do Espírito Santo e Picumã se encontram no disco ''Vinda boa''

Multi-instrumentista paulista e grupo gaúcho gravaram ''de primeira'' álbum com 11 faixas. Projeto tem minidocumentário, três clipes e CD físico


03/01/2022 04:00 - atualizado 03/01/2022 00:17

Grupo Picumã e Arismar do Espírito Santo fazem show em Porto Alegre
Picumã e Arismar do Espírito Santo (à direita) no show "#4QuartaAumentada", em Porto Alegre (foto: Raffaela Reis/divulgação)


O encontro do multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo com o grupo gaúcho Instrumental Picumã rendeu – e como rendeu! Dele surgiram o álbum “Vinda Boa – Picumã + Arismar”, lançado nas plataformas digitais, um minidocumentário, três videoclipes e CD físico.

O álbum foi gravado “de primeira” durante sete horas, conta Arismar, que classifica o projeto como “a arte do encontro”.

NOTAS E PALAVRAS

“Você chega a um lugar, encontra uma moçada, entra no estúdio e toca. É que nem prosa, uma troca de palavras, só que são notas”, compara Arismar, contando que ficou à vontade ao lado do Picumã. “A música gaúcha é fortíssima, foi muito bom levar o meu tempero para aquele lugar”, diz ele. Com 11 faixas, o álbum foi produzido por Guilherme Ceron, com direção-geral de Paulinho Goulart, acordeonista do Picumã.

A gravação ocorreu no Estúdio Pedra Redonda, em Porto Alegre. Arismar se alternou entre piano e bateria, mas não se limitou a eles. “Peguei um baixo acústico lá e me dei muito bem. Dizia: vamos fazer isso? 'Vamos', eles respondiam”, relembra. “Lembrei-me dos tempos de criança, foi como pegar a bola de meia, chutar e correr atrás dela.”

Amigo dos integrantes do Picumã “há uns 500 anos”, o paulista foi a Porto Alegre participar de um show dos gaúchos. Após a apresentação, eles combinaram de fazer um disco. “Tempos depois, pintou aquele lugar do Pedrinho Borghetti – estúdio em que um coletivo fica filmando, fotografando e captando o som. Você vai tocando e eles vão captando, uma delícia. E tudo terminou em um churrasco maravilhoso”, conta.

Foi a primeira vez em Arismar e Picumã gravaram juntos. “Há algum tempo, cheguei a mandar algumas músicas para eles, que prometeram gravá-las. Ficou na promessa. Depois deu certo, pegamos o Pedra Redonda e o Guilherme Ceron, superprodutor da pesada, que é baixista e meu amigo”, diz.

O repertório foi registrado “na base da prima prensa”, nas palavras de Arismar. “Vem a primeira ideia, você olha no olho. A maioria das músicas foi gravada em um take só. Só em uma ou duas houve algum ruído de bateria e violão, aquelas loucuras eletrônicas. Mas a maioria foi 'prima prensa' mesmo. Se tiver algum erro, acaba virando arranjo. Se você refaz, fica diferente, não é a mesma coisa”, explica.

O estúdio é um bálsamo para esse talento da música instrumental, de 65 anos. “O nosso dia a dia está sendo assim: você vai para a rua de máscara, com aquela preocupação de viver, de se cuidar. É uma tensão. Quando entra no estúdio, esquece disso tudo, faz música”, diz.


CONFINAMENTO PRODUTIVO

Durante a pandemia, o trabalho do compositor se intensificou. “Coloquei sete músicas minhas nesse disco. Mostrava uma canção, fazia os arranjos na hora e todos eles adoravam. A gente se divertia”, relembra.

Paulinho Goulart, acordeonista do Picumã, conta que o convite a Arismar surgiu depois da apresentação dele, em julho de 2019, no projeto “#4QuartaAumentada”, que apresentava uma atração da cena instrumental para os gaúchos, sempre às quartas-feiras.

“Por meio desse projeto, queremos fortalecer e reunir o público apreciador da música instrumental em Porto Alegre”, explica Goulart. Picumã e Arismar também tocaram no projeto “A fábrica dos gaiteiros”, de Renato Borghetti, que reúne escola de música, fábrica de acordeom e ação social para crianças.

Em fevereiro de 2020, o paulista participou novamente do “#4QuartaAumentada” e o disco foi gravado. “Sentamos lá, demos o ‘rec’, fomos tocando e o resultado foi esse álbum”, conta ele. Os três videoclipes podem ser conferidos no canal do Picumã no YouTube.

A pandemia interrompeu o projeto, que durou de fevereiro de 2019 a fevereiro de 2020. “Reunimos ali mais de 100 músicos de Porto Alegre e de outras partes do Brasil, que trocaram informações, formando uma cena bacana em Porto Alegre”, explica Goulart. A ideia é retomá-lo em breve. “Vamos ver o que vai acontecer no período de pós-pandemia. Ela ainda não terminou, mas a gente vai ensaiando aos poucos.”

GAÚCHO E UNIVERSAL

Formado por Texo Cabral (flauta), Paulinho Goulart (acordeom), Matheus Alves (violão), Miguel Tejera (contrabaixo) e Bruno Coelho (percussão), o quinteto Instrumental Picumã valoriza a sonoridade da música regional gaúcha, fazendo-a dialogar com choro, bossa-nova, candombe, salsa, chacarera e ritmos afrobrasileiros.
Além do repertório autoral, o grupo apresenta releituras de composições de Tom Jobim, Hermeto Pascoal, Miles Davis e Astor Piazzolla, entre outros.

O paulista Arismar do Espírito Santo é referência em bateria, contrabaixo, piano, guitarra e violão de sete cordas. Eleito um dos 10 melhores guitarristas e violonistas do Brasil pela revista Guitar Player, ele lançou 13 discos e fez concertos nos Estados Unidos, Dinamarca, Argentina e Uruguai, entre outros países. Em 1993, recebeu o Prêmio Sharp de Música.
 
Desenho da capa do disco Vinda boa mostra Arismar do Espírito Santo e integrantes do grupo Picumã
(foto: Reprodução)
 

"VINDA BOA – PICUMÃ + ARISMAR"

  • Disco do grupo Instrumental Picumã e Arismar do Espírito Santo
  • 11 faixas
  • Disponível nas plataformas digitais

FAIXA A FAIXA

“MILONGA FLACHIANA”
De Arismar do Espírito Santo

“CAFÉ 74”
De Matheus Alves

“SALVE OS SONS”
De Arismar do Espírito Santo

“SEM VIOLÊNCIA”
De Arismar do Espírito Santo

“BEM VINDO”
De Arismar do Espírito Santo

“ENITEAMO”
De Arismar do Espírito Santo

“ARES Y MAR”
De Matheus Alves

“ALÔ NENÊ”
De Arismar do Espírito Santo

“TEMA Nº1”
De Matheus Alves

“LATININDO”
De Arismar do Espírito Santo

“TABACUDO NO SETE”
De Leandro Rodrigues
 
 


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