Jornal Estado de Minas

MÚSICA E NEGÓCIOS

David Bowie é a nova aposta do bilionário mercado dos catálogos musicais


 
Depois de Bob Dylan, Bruce Springsteen e Tina Turner, chegou a vez de David Bowie. Os direitos sobre a obra do músico britânico (1947-2016) foram vendidos para a Warner Chappell Music por  valor que ultrapassou US$ 250 milhões, de acordo com a revista norte americana Variety. A empresa não informou quanto pagou pela obra do músico.




 
Anunciada nesta segunda-feira (3/1), a transação ocorre em meio à onda de vendas lucrativas de catálogos de estrelas do rock.

HEROES

No caso de Bowie, envolve centenas de canções lançadas nas seis décadas de carreira do cantor e compositor, incluindo os hits “Space oddity”, “Changes”, “Life on mars?” e “Heroes”.

Em comunicado, Guy Moot, diretor da Warner Chappell, afirmou que o cancioneiro de David Bowie mudou “a trajetória da música moderna para sempre”.
 
Negociação de Bruce Springsteen com a Sony foi calculada em US$ 500 milhões (foto: Brendan Smialowski/AFP/ 11/11/14)
 
 
No próximo sábado (8/1), o astro pop completaria 75 anos – ele morreu em 10 de janeiro de 2016, após longa batalha contra o câncer.




 
“Estamos imensamente orgulhosos de termos sido escolhidos como guardiões da herança de David Bowie, um catálogo com o que há de mais revolucionário, influente e duradouro na história da música”, enfatizou Guy Moot.
 
O boom das aquisições de direitos musicais se deve ao interesse do mercado financeiro em carteiras lucrativas compostas por esses ativos. As negociações se aceleraram a partir de 2020, no contexto das mudanças econômicas impostas pela pandemia e da “explosão” do streaming.
 
Compradores estão de olho nos portfólios de artistas capazes de gerar fluxos de renda estáveis a partir da exploração de obras atemporais.
 
De acordo com especialistas, a valorização desses catálogos é anterior a 2020, mas disparou com a pandemia porque astros ficaram impedidos de realizar turnês e shows com a decretação da pandemia. Os lucros podem ser grandes, vindos dos royalties por cada uso de uma canção em download, filme ou anúncio publicitário, por exemplo.




 
Desde 2020, investidores estão cada vez mais interessados nesse filão da indústria musical, cujas receitas minguaram com a crise da saúde.
 
Em dezembro do ano passado, o cantor e compositor americano Bruce Springsteen vendeu os direitos de seu catálogo para a Sony por US$ 500 milhões, valor calculado pela imprensa dos Estados Unidos. Isso inclui clássicos do rock, como “Born in the U.S.A.” e “Streets of Philadelphia”.
 
Em dezembro de 2020, outro ícone da música contemporânea, o americano Bob Dylan, negociou por US$ 300 milhões o seu catálogo com a Universal Music.
 
Por sua vez,  Stevie Nicks, integrante da banda Fleetwood Mac, vendeu parte majoritária de sua obra por US$ 100 milhões.
 
Tina Turner, de 82 anos, seguiu o mesmo caminho, negociando com o grupo alemão BMG. Com 12 estátuas do Grammy na estante, a cantora recebeu cerca de US$ 50 milhões.
 
O valor não foi divulgado oficialmente, mas a empresa informou, em comunicado, que Tina abriu mão de sua parte da receita quando qualquer uma de suas gravações solo – vindas de 10 álbuns de estúdio e dois ao vivo – for tocada ou vendida.




 

SHAKIRA

A cantora colombiana Shakira também embarcou na onda. Ela vendeu seu catálogo, com 145 canções, para a Hipgnosis Sound Fund por cerca de US$ 300 milhões, valor estimado pela imprensa.
 
“Sei que a Hipgnosis será uma grande casa para meu catálogo e estou muito feliz por me associar a uma empresa dirigida por Merck Mercuriadis, que realmente valoriza os artistas e suas criações”, afirmou a estrela. Mercuriadis foi empresário de Elton John, Beyoncé e Iron Maiden.
 
A Hipgnosis adquiriu também os catálogos da banda Red Hot Chilli Peppers, por valor estimado em US$ 150 milhões, e do músico canadense Neil Young, por cerca de US$ 150 milhões. (Com redação)

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