Com o intuito de atender a alta procura por visitação em janeiro, o Instituto Inhotim amplia seu funcionamento ao longo deste primeiro mês de 2022. A partir de hoje (5/1), o museu de arte contemporânea a céu aberto localizado em Brumadinho passa a funcionar às quartas-feiras, no mesmo horário das quintas e sextas, ou seja, das 9h30 às 16h30. Aos sábados e domingos, as visitas acontecem entre 9h30 e 17h30.
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Espaços confinados e de interação seguem interditados e as galerias abertas ao público funcionam com número limitado de visitantes. O uso de máscaras é obrigatório em todo o espaço.
Além das galerias e obras permanentes, estão em cartaz duas exposições temporárias inauguradas em dezembro de 2021: “Abdias Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra”, na Galeria Mata, e “Deslocamentos”, na Galeria Fonte.
A primeira, realizada por Inhotim em parceria com o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros (Ipeafro), conta com 90 obras, entre pinturas, desenhos, fotografias e instalações que evidenciam o diálogo e a conexão artística entre Abdias do Nascimento (1914-2011) e Tunga (1952-2016). O acervo pertence ao Museu de Arte Negra (MAN), idealizado por Abdias.
“A exposição faz parte de um projeto maior, fruto da parceria que vem acontecendo há mais de um ano com o Ipeafro. É muito simbólico que esteja na Galeria Mata, uma das primeiras do Inhotim. É como se fosse a introdução de um museu dentro do museu, no caso o MAN dentro do Inhotim”, explica o curador assistente Deri Andrade.
Os trabalhos têm como base os preceitos de uma cultura africana que dialoga com as bases da formação cultural do Brasil. “É uma série de obras que não necessariamente foram produzidas por artistas negros. Elas têm no seu cerne cosmovisões trazidas de África”, afirma o curador.
A relação entre Abdias e Tunga envolveu amizade, admiração e parcerias. “O pai de Tunga, Gerardo Mello Mourão, foi grande amigo de Abdias do Nascimento. Na nossa pesquisa, descobrimos uma série de parcerias entre os dois, que representam o laço de afeto entre eles, que se aproximam em suas visões de mundo e estão em constante diálogo. A cobra, por exemplo, símbolo tão presente no trabalho do Tunga, também está no de Abdias”, explica Deri Andrade.
A parceria entre Inhotim e Ipeafro se desdobrará em outros três atos. O segundo está previsto para maio deste ano; o terceiro, para novembro; e o quarto, para 2023.
“No momento, a gente está no processo de pesquisa do segundo e do terceiro atos, que estreiam em 2022. A ideia é que ampliem o acervo do Museu de Arte Negra para que o público possa conhecer ainda mais desse projeto tão caro ao Abdias”, adianta o curador.
A coletiva “Deslocamentos” trata de questões relativas à ocupação, ao compartilhamento e à migração em diferentes territórios. Curadores do museu colocaram em diálogo obras de Cerith Wyn Evans, Gordon Matta-Clark, Jorge Macchi, Laura Lima, Matheus Rocha Pitta, On Kawara, Raquel Garbelotti, Rivane Neuenschwander, Rodrigo Matheus, Rubens Mano e Sara Ramo.
Os trabalhos fazem parte do acervo do Instituto Inhotim, vários deles nunca foram expostos. Deri Andrade diz que o tema da mostra não deve ser associado apenas ao deslocamento territorial.
“Ela perpassa não só o deslocamento geográfico, mas tem muito do deslocamento em outros aspectos, como de pensamento e de ocupação de lugares. São formas de pensar bastante distintas que, ali no coletivo, acabam se tocando de alguma maneira.”
PANDEMIA E DESLOCAMENTO
O curador destaca a relação que a temática guarda com o momento da pandemia e a obrigatoriedade do confinamento social. “É interessante pensar como isso surge e se associa com o período em que fomos obrigados a deixar a ideia de deslocamento de lado em prol do bem comum”, aponta.
Além das duas exposições, os visitantes podem conferir as aquisições de 2021 do museu. Desde agosto, o Jardim Sombra e Água Fresca abriga o site specific “O espaço físico pode ser um lugar abstrato, complexo e em construção”, de Rommulo Vieira Conceição, baiano radicado em Porto Alegre. Na Galeria Praça está “PROPAGANDA”, obra de Lucia Koch, gaúcha radicada em São Paulo.
Também na Galeria Praça está em cartaz “Entre terras”, individual da polonesa Aleksandra Mir, com desenhos em grande escala da série “Mediterranean”, criada a partir de 2007, trabalho em que ela questiona as forças sociopolíticas que moldam as identidades nacionais. Adquirido em 2008, o conjunto nunca foi exposto.
Ao longo de janeiro, o Inhotim promoverá o circuito de visitas mediadas para quem quiser se aprofundar e conhecer mais a fundo artistas, obras e a história da instituição. A programação traz a visita panorâmica, que consiste na reflexão sobre o espaço do Inhotim e seus acervos. Com duração de 90 minutos, ela acontece às 11h e às 14h, tendo como ponto de partida a recepção de Inhotim.
Já na visita temática, a conversa gira em torno de temas específicos que envolvem o acervo artístico ou botânico do Inhotim. Também com duração de 90 minutos, ela ocorrerá às quartas-feiras, sábados, domingos e feriados, às 10h30, também a partir da recepção.
NOVA DIREÇÃO
Este ano, o Instituto Inhotim ganha nova direção. A partir da próxima semana, Lucas Pessôa assume como diretor-presidente no lugar de Antonio Grassi, que ocupou o cargo entre 2019 e 2021. Ele contará com equipe formada por Paula Azevedo, diretora vice-presidente, e Julieta González, diretora artística.
INSTITUTO INHOTIM
Em Brumadinho. Visitação de quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30; aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. Ingressos: R$ 44 (inteira) e R$ 22 (meia), adquiridos no site Sympla. Entrada franca na última sexta de cada mês, exceto feriado, mediante retirada prévia via Sympla. Moradores de Brumadinho cadastrados nos programas Nosso Inhotim e Amigos do Inhotim têm entrada franca.