“Estou até agora apavorado e perdido com esta situação”. A frase é do compositor mineiro Tavinho Moura diante da situação que envolveu seu nome e do também compositor Fernando Brant (1946-2015) na suposta
concessão do título de Patrimônio Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), à obra musical dos dois integrantes do lendário Clube da Esquina.
“Cheguei de viagem na terça-feira, estava na Barra do Guaicuí (Norte de Minas), quando recebi a informação pela minha filha, que estava chocada com a notícia de que esta premiação pela Unesco era mentira. Estou até agora apavorado e perdido com esta situação, jamais imaginei ser vítima de algo assim que envolve até falsificações. Estamos todos muito tristes, sem palavras, eu minha família e os amigos”.
Na sua conta no instagram, as filhas de Fernando Brant postaram a mesma mensagem: “Queridos amigos, em menos de uma semana recebemos a maravilhosa notícia que dividi aqui e outra que nos deixou horrorizados, que ainda estamos tentando entender: a carta que avisava sobre o reconhecimento da obra do papai e do Tavinho pela Unesco é falsa. Fico feliz e agradeço pelo carinho que recebi, mas vou apagar essa triste Fake News. Independentemente de tudo isso, meu orgulho pela obra deles é enorme e continua digno de todo nosso reconhecimento”.
Em Minas
Conforme o Estado de Minas publicou ontem, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) vai propor o reconhecimento da história e obra musical do Clube da Esquina, que completa 50 anos em 2022, como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.
Segundo o secretário Leônidas Oliveira, esse será um dos projetos, entre vários na área da cultura, no Ano da Mineiridade celebrado no estado.
“O talento dos nossos artistas é muito maior do que qualquer inverdade divulgada, como ocorreu no fim do ano envolvendo os compositores Fernando Brant e Tavinho Moura”, disse o secretário.
Investigação
A Unesco já reúne informações para apurar a origem de documentos falsos enviados à imprensa. Em nota divulgada na noite de segunda-feira, 3, a Unesco, com sede em Paris, França, esclareceu que jornais e sites receberam um documento falso, com a logomarca da Unesco e a assinatura do diretor-geral adjunto de Cultura da Organização, sr. Ernesto Ottone, que foram utilizadas sem autorização. Assim serão tomadas as providências cabíveis para responsabilizar os autores do documento.”
A Unesco destacou que a inclusão de um bem na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade não é uma decisão unilateral de um Estado-membro. Tal inclusão segue um procedimento definido pelo Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco.
Cada Estado-membro do Comitê prepara uma lista tentativa de práticas e expressões culturais em seu território, que representem a diversidade do patrimônio imaterial e contribuam para uma maior consciência sobre sua importância.
Cabe salientar que essa é uma atribuição do governo de cada Estado-membro. Anualmente, o referido Comitê Intergovernamental avalia as candidaturas dos Estados-membros e decide sobre novos bens a serem incluídos na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Cada Estado-membro do Comitê prepara uma lista tentativa de práticas e expressões culturais em seu território, que representem a diversidade do patrimônio imaterial e contribuam para uma maior consciência sobre sua importância.
Cabe salientar que essa é uma atribuição do governo de cada Estado-membro. Anualmente, o referido Comitê Intergovernamental avalia as candidaturas dos Estados-membros e decide sobre novos bens a serem incluídos na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
E mais...
“A última reunião do Comitê ocorreu em dezembro de 2021. A obra musical dos artistas mencionados não constava na lista de avaliação do Comitê. A lista com os bens já inscritos na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco pode ser encontrada neste link (em inglês).