Jornal Estado de Minas

SÉRIE

Clã evangélico picareta apronta em "The righteous Gemstones"


Confirmada pela HBO, a quarta temporada de “Succession” só deverá estrear no final deste ano ou no início do próximo. Mas há outra família altamente disfuncional para ocupar, e muito bem, o espaço deixado pelo clã Roy. Depois da bem-sucedida temporada inicial, lançada em 2019, a comédia de humor negro “The righteous Gemstones” chega neste domingo (9/1) ao segundo ano. Serão nove episódios semanais na HBO Max.





Para chegar ao segundo, vamos antes ao primeiro ano. Criada por Danny McBride (autor de “Vice Principals”), “The righteous Gemstones” acompanha uma família evangélica que busca tanto passar a palavra de Cristo quanto capitalizar em cima dela. São três gerações Gemstone, capitaneadas pelo patriarca Eli (John Goodman).
 
CULTO NA TV

Pastor respeitado, ele conseguiu popularidade graças ao seu programa de TV. Tem três filhos: o primogênito, Jess (McBride), se considera o herdeiro natural do pai e tenta expandir os negócios da família; a filha do meio, Judy (Edi Patterson), é neurótica e subestimada pelo clã; e o caçula, Kelvin (Adam DeVine), o que mais foge às regras dos Gemstones, tem um namorado faz-tudo, mas vive de olho em um time de fortões. Em meio a esse núcleo principal há os cônjuges dos irmãos e os três filhos homens de Jess.

A segunda temporada tem início com uma sequência no passado. Memphis, 1968. Em meio a passeatas pelos direitos civis, acompanhamos uma arena de luta livre. O grande vencedor é Maniac Kid, que, depois de arrasar o rival, entra no carro e, com mais dois homens, vai cobrar uma dívida. Encapuzado, ele e o mais jovem, Junior, chegam até uma casa. Maniac Kid quebra, de uma vez só, os dedos do devedor, enquanto a mulher dele chora com o filho no colo.





Essa história vai repercutir nos dias de hoje, mostra o primeiro episódio. Maniac Kid era nada mais, nada menos do que Eli na juventude. E Junior (Eric Roberts) volta para assombrá-lo. Os filhos, obviamente, não sabem de nada. Estão mais preocupados com os rumos da igreja.

Muito exagerada, com personagens que primam pela estupidez e mesquinharia (todos os três filhos Gemstone) e pela hipocrisia (Eli é papa do assunto), a série diverte por meio de caricaturas que têm sua dose de complexidade. Apresenta, na medida, sequências satíricas com uma trama que vai se tornar cada vez mais violenta e cheia de intrigas.

Há momentos geniais logo no início da nova temporada. Já consagrados na televisão, os Gemstones sabem que têm de dar um passo à frente. Após o grande show em que a estrela é Judy, o pastor Eli entra em cena falando repetidamente, ao lado dos filhos, que temos de espalhar ainda mais a palavra. Que maneira melhor de expandi-la do que uma plataforma de streaming destinada a Jesus?



ESCÂNDALO LÉSBICO

Outra sequência maravilhosa mostra Eli presidindo uma reunião com pastores de igrejas menores. O assunto é urgente: um escândalo sexual chegou à primeira página do The New York Times. A envolvida é a mulher de outro pastor, flagrada fazendo cunilíngua em outra mulher numa sessão de swing.





A masturbação do filho caçula de Jess garante outra sequência hilária, como também seu encontro com um casal de pastores do Sul, os Lissons, que tentam emplacar com os Gemstones um resort evangélico numa praia que é reserva de tartarugas marinhas.

Não falta assunto, e tudo é tratado de maneira desmedida, inteligente e fora do padrão.

“THE RIGHTEOUS GEMSTONES”
A segunda temporada, com nove episódios, estreia neste domingo (9/1), na HBO Max. Um novo episódio por domingo.