Prima de Roberto Menescal, a escritora e historiadora carioca Cláudia Menescal apresenta “Arquiteto musical” (Editora Futurama), livro sobre aquele que é considerado um dos pais da bossa nova. A obra teria lançamento presencial em março de 2020 em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, mas, por causa da pandemia, foi feito apenas um tímido evento virtual.
Agora, neste início de 2022, Claudia promove nova divulgação sobre o livro. A autora explica que a obra conta várias passagens da vida do autor de “O barquinho”. “É um livro leve, gostoso de ler, com belos depoimentos dos seus grandes amigos que fizeram e ainda fazem parte da vida dele”. Menescal, por sua vez, conta que, para ele, “Arquiteto musical” nasceu meio que por acaso. “Tudo começou quando estava fazendo shows no Miranda, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, há uns quatro ou cinco anos.”
Foi lá que Menescal e Cláudia se conheceram e ele ficou sabendo que ela era “neta do Humberto Menescal” e da sua intenção em escrever um livro sobre ele. O músico, então, disse à historiadora que ver nada antes de o livro sair. “Quero lê-lo somente quando estiver pronto. Na verdade, queria que o livro fosse dela e não ditado por mim. E foi assim. Ela me deu o primeiro exemplar. Gostei muito porque não é aquele livro biográfico chato, fez isso, depois fez aquilo. Cláudia vai foi citando fatos e fez algo muito bacana, pois entrevistou vários colegas de profissão. E cada uma fala um pouco de mim”, revela.
Para Menescal, “Arquiteto musical” é um “grande presente”. “Cláudia agora resolveu fazer um grande lançamento e está entrando em entendimento com grandes livrarias. Aconteceu também que a editora fechou por causa da pandemia e eu comprei os 1,5 mil exemplares que eles tinham em estoque. Volta e meia, Cláudia vai lá em casa, pega uma caixa cheia de livros para vender ou mesmo colocar nas livrarias”, detalha o músico. Segundo a autora, a obra tem tido muita procura no Mercado Livre.
ARCEVO
Cláudia confessa que durante as suas conversas com Menescal ficou “maravilhada” com a história do músico. “Descobri que ele um cara super ético. O astral dele é ótimo, conversamos muito e, enquanto ele dava os depoimentos, era filmado pelo Frederico Freitas. Vi que ele tinha muita coisa bacana, mas que também tinha muita coisa que eu não sabia e que a internet não tinha abordado.”
Cláudia, então, teve a ideia de entrevistar outras pessoas, principalmente os grandes amigos de Menescal. “Pedi depoimentos daquelas pessoas que estavam mais distantes. A antiga produtora de Roberto me convidou para cuidar do seu acervo. Infelizmente, ela estava começando um processo de doença autoimune e morreu. Com isso, Roberto e meu autorizou a cuidar do seu acervo, que está comigo até hoje.”
A autora conta que o acervo de Menescal será doado ao Museu da Imagem e do Som. “Confesso que fiquei deslumbrada com o que descobri a respeito dele, com o trabalho dele, a maneira de se portar com as pessoas e como ele se posiciona. Achei muito interessante e, realmente, ficou um livro leve, porque Roberto nunca se meteu em grandes atritos e nunca gostou de bate-boca.”
COLECIONADOR DE BROMÉLIAS
Cláudia confessa que minimizou alguns fatos que estão no livro. “Isso porque, como diz o próprio Roberto, já venceu a validade. Comecei contando sobre a nossa família, a origem dele, sua infância, sem falar em datas, mas segui uma ordem cronológica.”
A autora conta que queria falar mesmo do profissional da música, por isso não deu muita ênfase ao colecionador de bromélias. “Roberto é um expert em bromélias e sabe tudo também de pesca submarina, que ele praticou até uma determinada idade. Pescava na Praia do Arpoador, no Rio, em Cabo Frio e São Pedro da Aldeia, entre outros lugares.”
A escritora revela que focou mais no Roberto músico e produtor. “Coloquei o nome de ‘Arquiteto musical’, porque o pai dele era engenheiro e queria que ele fosse arquiteto. Os irmãos dele fizeram arquitetura, mas ele não tinha a menor vontade de fazer. O negócio dele, desde sempre, foi música. Então, brinquei com ele, porque ele compondo uma música, criando uma melodia, não deixa de ser um arquiteto.”
Paulo Coelho (que hoje mora em Genebra, na Suíça), Nelson Motta, Ivan Lins, Ruy Castro, Marcos Valle e Cacá Diegues, entre outros, dão depoimentos no livro. “Roberto e Cacá foram vizinhos e são muito amigos. Inclusive, ele fez trilhas sonoras para vários filmes de Cacá, que foi casado com Nara Leão. E a amizade de Roberto com Nara era muito linda. Ela foi uma pessoa muito especial na vida dele.”
NARA E ELIS
Segundo Cláudia, Menecal fica comovido quando fala sobre Nara. “Gosta de dizer que ela foi a irmã que ele não teve”, lembra. “Conheci Nara pessoalmente e ela me disse certa vez que Roberto fora o seu primeiro namorado, até cito isso no livro”, revela. A autora conta ainda que pediu autorização o João Marcelo Bôscoli, filho do Ronaldo Bôscoli (1928-1994) e Elis Regina (1945-1982), para colocar um artigo que ele publicou em um jornal. “É um depoimento lindo, com ele falando do relacionamento do Roberto com Elis. Há também depoimentos interessantes, como o do Rodrigo Faour que é crítico e produtor musical, jornalista e historiador de música popular brasileira.”
Cláudia ressalta que ela e Menescal estão em compasso de espera. “Mantenho contato com Roberto e com a agente dele, e continuo fazendo divulgação do livro nas minhas redes sociais. Estamos esperando uma brecha para fazer o lançamento presencial. Não pode ser por agora, porque estamos vendo o resultado das reuniões de Natal e réveillon. A COVID ainda está muito presente, vamos esperar mais um pouquinho... Quem sabe no mês que vem?”
“ARQUITETO MUSICAL”
Cláudia Menescal
Preço: R$ 49,90
283 páginas
Editora Futurama