Lourenço Cazarré sempre foi fascinado pela história de Canudos e, sobretudo, pela maneira como Euclides da Cunha construiu a narrativa histórica em “Os sertões”. Nos anos 1970, decidiu que escreveria uma ficção baseada no episódio, mas foi atropelado pelo romance “A guerra do fim do mundo”, versão de Mario Vargas Llosa, publicada em 1981, para a história de Antônio Conselheiro e seu império.
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“Como escrevo para jovens, percebi que precisava fazer um livro interessante para meninas e meninos. Quando inventei a menina, já imaginei o triângulo amoroso entre ela e dois rapazes. E, obviamente, imaginei que os dois iam se envolver na Guerra de Canudos, no combate”, conta o autor.
Cazarré trabalhou no texto durante os últimos dois anos. Pesquisou, leu muitos livros e manteve algumas referências históricas. “A cronologia das histórias segue a cronologia da guerra, rigorosamente”, avisa.
“Amor e guerra em Canudos” tem 55 mil palavras, cerca de 25 mil a mais do que o máximo que Cazarré se permite para romances destinados aos jovens. “Não tinha jeito, era a história que eu tinha que contar”, diz.
Adotado pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), o romance deve passar a fazer parte da lista de leitura de milhares de jovens brasileiros.
“Esse livro dá uma série de TV, uma mininovela. É literatura para jovens em cima da história real que gerou o maior livro da literatura brasileira, 'Os sertões'. Euclides é um animal, um monstro. Minha velha paixão por 'Os sertões' me levou a escrevê-lo. Foi um desafio, uma loucura, uma trabalheira de dois anos”, garante Cazarré.
“AMOR E GUERRA EM CANUDOS”
Romance de Lourenço Cazarré
Yellowfante
224 páginas
R$ 46,25
Olhar voltado para a juventude
Gaúcho de Pelotas (RS), Lourenço Cazarré tem 68 anos de idade e sólida carreira literária, incluindo um Prêmio Jabuti (1998), recebido pelo livro “Nadando contra a morte”. Com cerca de 40 obras publicadas, entre novelas juvenis, contos e romances, o escritor foi agraciado com mais 20 premiações, além de possuir o selo “altamente recomendável para jovens”, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Entre suas obras premiadas estão o romance “O calidoscópio e a ampulheta” (1982) e o volume de contos “Enfeitiçados todos nós”. Teatrólogo, Lourenço, que é pai do ator Juliano Cazarré, venceu o Concurso Nacional de Dramaturgia da Funarte (regiões Norte e Centro-Oeste), em 2005, com a peça “Umas poucas cenas vistas do caos”.