Esperança e leveza, mas também contestação e olhar crítico em relação ao mundo que enfrenta uma crise dramática. Assim é “Caos & cura”, o segundo disco da banda mineira Dom Pepo, que conta com os convidados Laura Catarina (vocais), aocoral (vocais), Di Souza (vocais e percussão) e Rafa Cota (vocais).
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O repertório remete ao que a humanidade, e sobretudo o brasileiro, está vivendo, tanto em termos de crise da saúde quanto de crise política.
“Estamos em um momento em que a gente tem de se posicionar e lidar com essa convulsão maluca que é estar de volta com uma pessoa que apoia torturadores e ditadura, nega a ciência e extingue o Ministério da Cultura”, diz João Vitor.
Com oito faixas autorais já disponibilizadas nas plataformas, o álbum foi viabilizado via Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte. O show de lançamento está marcado para 27 de janeiro, às 20h, no Teatro Raul Belém Machado, no Bairro Alípio de Melo.
Concebido antes da pandemia, o projeto “acabou acontecendo” em meio à crise provocada pela COVID-19, diz João.
“A gente fez o disco inteiro durante esse processo. Foi uma loucura não podermos nos encontrar para gravá-lo. Gravamos por etapas, quem produziu foi o Léo Moraes, que também é o dono da Autêntica (casa de shows). Além de mim, do Max e do Léo, só o Chico Bueno e o Marcelo Dai se encontraram, o resto gravou separadamente. Foi uma experiência muito maluca fazer um disco assim”, relembra João Vitor.
“Caos & cura” é álbum inteiro, com oito faixas. “Há uma canção que já tocamos em algum show ou outro, mas ela não fazia parte do nosso repertório constante. Pela primeira vez, a Dom Pepo gravou uma canção que não veio dos compositores de sempre”, explica.
O vocalista se refere à faixa “Circo dos horrores”, de Gui Borges. “Gui é um cara que sempre esteve próximo, grande amigo e compositor”, diz João.
“Circo dos horrores” remete ao Brasil atual. “Ela tem uma letra superinteligente”, afirma o vocalista, ressaltando que o disco “Caos & cura” é 100% independente.
“Foi uma experiência superlegal”, conta o músico, ressaltando a oportunidade que a lei de incentivo, “tão atacada ultimamente”, deu ao grupo de poder registrar seu trabalho, apesar do caos imposto pela crise da saúde à cena cultural.
Por enquanto, clipes não estão previstos. “Há muita intenção, porém pouca viabilidade, porque a banda está sem recursos devido à pandemia. Toda a classe artística está vivendo um pouco disso. A gente não tem como levantar o dinheiro do clipe ainda, os shows estão parados.”
SHOW DE GRAÇA
Porém, a aprovação para o projeto “Quinta do Raul”, iniciativa da prefeitura da capital mineira, trouxe alento para a banda. O show do próximo dia 27, com presença do público, é comemorado por João Vitor.
“Estamos superfelizes em poder compartilhar com todo mundo nesse dia. Os ingressos são gratuitos e podem ser adquiridos no site diskingressos.com.br”, afirma.
No palco, a banda manterá a formação que gravou o disco, contando também com o baterista Marcelo Dai. João Vitor fala com carinho dos atuais colaboradores e de todos que já passaram pela Dom Pepo, prosseguindo conectados a ela.
Cita o exemplo de Laura Catarina, filha do cantor e compositor Vander Lee (1966-2016). “Laura está conosco desde o início, foi integrante da Dom Pepo. Tem também a Rafa Cota, baiana maravilhosa, e o Di Souza, com trabalho incrível no carnaval de BH”, conclui.
CAOS & CURA
.Disco da banda Dom Pepo
.Oito faixas
.Independente
.Disponível nas plataformas digitais
.Lançamento em 27 de janeiro no Teatro Raul Belém Machado, com entrada franca