Helena Ignez, de 79 anos, é conhecida por sua participação no cinema marginal dos anos 1960/1970 e pela parceria com Glauber Rocha e Rogério Sganzerla. Porém, muito mais que musa do Cinema Novo (título que ela dispensa) e companheira dos dois grandes diretores, Helena é “atriz-autora”, capaz de definir os rumos dos filmes em que atuou.
Esse é o mote do livro “Helena Ignez: Atriz experimental”, do mineiro Pedro Guimarães, professor e pesquisador do Departamento de Multimeios, Cinema e Comunicação da Unicamp, em parceria com o professor Sandro de Oliveira. O terceiro volume da coleção “Estudos atorais” será lançado nesta quinta-feira (20/1) à noite, na Livraria Quixote.
ENCOMENDA FRANCESA
Trata-se da nova versão do livro lançado na França em 2018, com pesquisas ampliadas da dupla de autores. Tudo começou quando Guimarães recebeu convite da Universidade de Estrasburgo para escrever sobre um ator brasileiro que representasse uma época.
“Não tive dúvida nenhuma: Helena Ignez, no panorama do cinema brasileiro, é a atriz que inventou e desenvolveu uma série de registros de atuação”, afirma o professor e jornalista.
Helena desempenhou importante papel nas produções com as quais colaborou, criando autoria através de sua atuação, defende Pedro Guimarães.
“Geralmente, colocamos tudo nas costas do diretor: ele pensa a montagem, os enquadramentos, comanda a escrita do roteiro, faz o casting, etc. Não estamos questionando isso, mas queremos provar, por meio de análises, que o ator também pode definir os rumos de um filme ou de uma cena”, comenta.
Não se trata de biografia, mas de estudo acadêmico-científico sobre o registro de atuação desenvolvido pela artista baiana a partir dos anos 1970. “A gente eventualmente fala da vida da Helena, pois como é uma atriz que vive intensamente o teatro e o cinema desde que começou a trabalhar, é muito difícil dissociar algumas coisas da vida pessoal da carreira. Mas nosso foco é a vida profissional”, explica.
O livro destaca também a importância da Belair Filmes, parceria de Helena com os diretores Rogério Sganzerla e Júlio Bressane nos anos 1970, como ponto central do caráter inovador da carreira da atriz.
Durante a sessão de autógrafos desta quinta-feira, Pedro Guimarães e Sandro de Oliveira participarão de bate-papo com Cláudia Mesquita e Ewerton Belico, pesquisadores do cinema brasileiro e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
“HELENA IGNEZ: ATRIZ EXPERIMENTAL”
. De Pedro Guimarães e Sandro de Oliveira
. Editora Sesc
. 232 páginas
. R$ 65
. Lançamento nesta quinta-feira (20/1), das 18h às 20h30, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi)