Suspensas há dois anos devido à pandemia, as apresentações da peça “Atendendo a pedidos: A comédia da vida humana” estão de volta, desta vez no Teatro Feluma, na programação da Campanha de Popularização do Teatro e Dança. As sessões ocorrerão desta terça-feira (25/1) a 3 de fevereiro, sempre em dias úteis.
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Vieira faz o papel de um menino, de um trabalhador e do criador, esse último responsável pela invenção da roda, do computador e também da bomba atômica.
“Dentro da visão machista, o criador tem orgulho de ter feito o homem à sua imagem e semelhança, de ter criado todas as coisas. A vaidade dele é exacerbada por conta disso. Já o trabalhador tentou encontrar seu lugar na sociedade produtiva, mas se viu numa cilada e foi buscar na arte outra forma de produção, mais afetiva. Só que caiu em outra cilada, a cilada financeira da vida artística”, explica Robson Vieira.
De acordo com o ator e dramaturgo, a peça questiona a busca incessante por um lugar na sociedade, por oportunidades. “A gente fala muito dessa falácia da oportunidade”, comenta o ator.
Por sua vez, a figura do menino que sonha em conhecer o mar remete à mineração predatória em Minas Gerais. Nesse caso, ao barro de onde o ser humano veio e à lama dos desastres ecológicos ocorridos em Brumadinho e Mariana.
Tanto Robson Vieira quanto Ana Gusmão, atriz e gestora do Teatro Feluma, destacam que o fato de a temporada ocorrer em dias úteis permite ao público fazer programa cultural após a jornada de trabalho. Esta semana, “Atendendo a pedidos” ficará em cartaz nesta terça e quarta-feira. Na semana que vem, na segunda (31/1), quarta e quinta-feira (2 e 3/2).
“A arte permite a possibilidade de ressignificação da vida, seja rindo, seja chorando, questionando ou saindo do teatro com raiva”, diz Vieira. Tudo mudou na rotina das pessoas com a pandemia, observa.
Artistas encenam peças tanto para eles próprios quanto para o público, diz o ator, reforçando a importância da cultura e da arte neste momento difícil. Vieira e Ana Gusmão dizem que o Feluma está preparado para a pandemia, seguindo os protocolos de segurança.
Mesmo assim, os dois temem o afastamento da audiência devido ao recrudescimento da COVID-19. Vários shows têm sido cancelados em BH.
“A gente sabe que a segurança do público, neste momento de tanta fake news, não está apenas nos protocolos em si, mas também na informação. Por isso é tão importante a contribuição da imprensa, de veículos que têm credibilidade, para que as pessoas saibam que é, sim, seguro ir ao teatro”, comenta Ana Gusmão. De acordo com ela, a máscara deve ser utilizada durante toda a duração da peça.
A atriz e gestora destaca a importância de o público voltar às casas de entretenimento nesta edição da Campanha de Popularização. “Toda a cadeia produtiva – dos atores, produtores e diretores às equipes de segurança e higienização – dependem de seu trabalho e da movimentação do setor”, observa.
SEGURANÇA E SAÚDE
De acordo com Ana Gusmão, os teatros de Belo Horizonte estão aptos a receber o público. “Aprendemos muito com a pandemia e as pessoas podem vir, porque elas precisam sair um pouco, assistir a um espetáculo. Todos nós, artistas, produtores e seguranças, adotamos todos os cuidados para que o público venha e possa retornar para casa com toda a segurança”, garante Ana Gusmão.
“Sabemos que o público quer voltar. Mas da mesma forma como a gente demorou a voltar aos palcos, talvez ele demore um pouco. Estaremos aqui para receber todo mundo”, reforça Robson Vieira.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
“ATENDENDO A PEDIDOS: A COMÉDIA DA VIDA HUMANA”
Peça de Lenine Martins e Robson Vieira. Com Robson Vieira. Nesta terça (25/1) e quarta (26/1); dias 31/1, 2/2 e 3/2, sempre às 20h. Teatro Feluma. Alameda Ezequiel Dias, 275, 7º andar, Centro, (31) 3248-7888. Bilheteria: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Postos do Sinparc: R$ 20. Informações sobre a Campanha de Popularização estão disponíveis em https://www.vaaoteatromg.com.br/belo-horizonte