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Estado de Minas LITERATURA

Livro para crianças tematiza as consequências da tragédia de Brumadinho

Em "Paraó e Peba", primeira obra de Mônica Bonilha voltada ao público infantil, dois peixes que são muito amigos se veem separados pela invasão da lama no rio


25/01/2022 04:00 - atualizado 25/01/2022 08:44

Página do livro infantil 'Paraó e Peba' na qual os peixes-protagonistas se dão conta de que há algo errado no rio
(foto: Yellowfante/Reprodução)

Uma explosão, o céu escuro durante o dia, uma revoada de passarinhos e um “pega pra capar” entre a bicharada. Foi esse o sinal que a piabinha Peba recebeu de que alguma coisa muito grave havia ocorrido. Ela fugiu como pôde da escuridão, da lama e da água suja. Nesta fuga, perdeu-se de seu grande amigo, a tilápia Paraó. Encontrar um lugar seguro e também saber o que ocorreu com o companheiro de aventuras se tornaram a missão de Peba.

Com uma história simples, a jornalista e escritora mineira Mônica Bonilha lança seu primeiro livro infantil. Ilustrado por Ana Lasevicius, “Paraó e Peba” (selo Yellowfante) tematiza, por meio da saga dos dois peixes, a tragédia  ambiental ocorrida há três anos, com o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.

A autora chegou ao livro depois de ter uma vivência próxima com o local e seus moradores. Moradora de Brumadinho, Simone Bottrel, irmã de Mônica, coordena a ONG Arca Amaserra, que atua na região desde 2007, trabalhando para a recuperação e a conservação ambiental. Após a tragédia, conta Mônica, ela passou a se envolver com grupos que atuavam para ajudar a população.

ESCUTA 

“As necessidades básicas, comida, água, estavam sendo preenchidas pela Vale. Mas havia outras, inclusive psicológicas”, relembra. Diante disso, Mônica foi uma das idealizadoras do projeto Aceita um café?. “Era um movimento de escuta da comunidade. Fazíamos mesas de café da manhã na praça, para ouvir as pessoas. Ouvíamos o choro, a história do filho que morreu, pois nessas horas as pessoas precisam chorar”, diz ela, que também levou aulas de arte para a comunidade.

Mônica, que já havia ilustrado alguns livros infantis, começou a pensar em contar uma história. “Cinco dias depois da tragédia, apareceu uma flor amarela no meio da lama. A imagem foi muito impactante, na época até escrevi um poeminha sobre isso. Pensei em fazer uma história dando voz para a natureza, trabalhar a tragédia do ponto de vista dos peixes, do rio.”

Peba, a protagonista do livro, não tem a menor ideia do que é uma barragem, só tem consciência de que o rio está cheio de lama. “O livro não traz só a questão factual. Trata também de sustentabilidade, cuidado com o meio ambiente. Se a criança não tiver noção do que aconteceu, ela vai entender que entrou lama no rio e que os peixinhos precisaram se salvar”, afirma a autora .

Nas ilustrações de Ana Lasevicius, o azul do rio só aparece no início e no final do livro – na maior parte da narrativa, tudo é amarronzado, acompanhando a trajetória do mar de lama. Os personagens têm diferentes corpos – Paraó, por exemplo, tem o formato de um abacaxi. Há peixes com formato de milho, abobrinha, limão.

“A ideia era trabalhar o lúdico. A criança acompanha a história pela primeira vez com uma leitura da emoção. Na segunda, ela brinca com as ilustrações. Toda vez que pega um livro, tem uma leitura diferente”, diz Mônica, que tem nos três netos seus primeiros leitores.
 
Capa do livro 'PARAÓ E PEBA' mostra dois peixes de olhos grandes na água azul
(foto: Yellowfante/Reprodução)

“PARAÓ E PEBA”

Mônica Bonilha
• Ilustrações de Ana Lasevicius
• Yellowfante (32 págs.)
• R$ 44,90 (livro) e R$ 31,90 (e-book) 


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