A partir da próxima segunda (31/1), todos os eventos em casas de shows e espetáculos, casas de festas, discotecas, danceterias e espetáculos circenses em Belo Horizonte só poderão ser realizados mediante apresentação do comprovante de vacinação da segunda dose da vacina contra a COVID-19 e o resultado negativo do teste RT-PCR ou Teste Rápido de Antígeno realizados até 72 horas antes da atividade. A exigência é tanto para o público quanto para artistas e funcionários dos espaços envolvidos com as atrações.
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A partir da semana que vem, portanto, a regra vale para todos, independentemente da quantidade de público e do formato da apresentação (com plateia sentada ou em pé). Isso poderá mudar consideravelmente a programação cultural da cidade.
REUNIÃO
Coordenador da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, Dilson Mayron afirma que na segunda-feira será realizada uma reunião para saber se a edição 2022, que está em andamento e tem previsão de ocorrer até 27 de fevereiro próximo, continuará.
“Os testes custam muito caro, as pessoas vão à Campanha porque é mais barato (os ingressos antecipados têm o preço único de R$ 20). Como podemos exigir testes que custam R$ 80, R$ 120 pra um cara que ganha salário mínimo?”
Há ainda outra questão que complica esse cenário e a adaptação à nova regra. Portaria da Secretaria Especial da Cultura, em vigor desde 5 de novembro de 2021, proíbe a exigência de passaporte sanitário em projetos financiados pela Lei Rouanet. A lei permite que empresas abatam do Imposto de Renda valores investidos em projetos culturais. Na decisão, o secretário especial da Cultura, Mario Frias, determinou que nas cidades que exigem o comprovante de vacinação, os eventos devem adotar o modelo virtual.
“Estamos entre a cruz e a espada”, comenta Mayron, já que a Campanha de Popularização, que começou no último dia 13, e não foi realizada em 2021 em virtude da pandemia, tem patrocínio da Lei Rouanet. Até este domingo (30/1), os espetáculos em cartaz serão apresentados normalmente.
Presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de Minas Gerais – Sated/MG, Magdalena Rodrigues, em consonância com o Fórum dos Teatros e Centros Culturais de Belo Horizonte, protocolou ontem uma carta ao prefeito Alexandre Kalil pedindo que reconsidere a decisão. “Tem que haver uma ponderação. Por que nos cinemas isso não existe? A nossa atividade é confundida o tempo todo com evento. Não somos evento.”
Segundo a presidente do Sated, caso a decisão da exigência de vacinação e testes permaneça para o setor teatral, não haverá outra alternativa a não ser interromper a realização da Campanha. “E logo na época em que os artistas têm mais público. Muita gente precisa trabalhar. Começamos a Campanha no dia 13 com sucesso, as pessoas estão voltando aos teatros, temos lugar marcado, álcool em gel à disposição, todos investiram para participar. Como vamos colocar agora todo mundo no modelo virtual?”, questiona Magdalena.
A maior parte dos teatros de BH está com espetáculos na Campanha: Palácio das Artes, Cine-Theatro Brasil Vallourec, Minas Tênis, Marília, Francisco Nunes, entre outros. A programação reúne 87 espetáculos. “Estamos praticamente começando do zero. Estimamos que se conseguíssemos vender 20 mil ingressos em dois meses isso já ajudaria muito, pois há muitos produtores e atores passando dificuldade”, comenta Mayron.
Principal equipamento cultural de Belo Horizonte, administrado pela Fundação Clóvis Salgado (FCS), o Palácio das Artes, procurado pela reportagem, preferiu se manifestar sobre o assunto por meio de nota. A assessoria da entidade enviou ao Estado de Minas o seguinte comunicado: “Não há uma posição unificada. A decisão de manter ou não os espetáculos em cartaz é de cada produtor. A maior programação do mês de fevereiro na FCS é da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança e aguardamos uma posição do Sinparc (promotor do evento) sobre a continuidade ou não das agendas. Em relação à programação da própria FCS, estamos avaliando se (as atrações) serão adiadas ou não, pois há um cenário de inviabilidade financeira e operacional para cumprir a decisão da PBH”.
BOM SENSO
O Centro Cultural Banco do Brasil começou nesta semana o projeto Rock Brasil 40 anos, que prevê promover shows, espetáculos teatrais, sessões de cinema, palestras e exposições até 21 de fevereiro próximo. A programação do evento será mantida, e vai seguir a determinação da portaria da PBH, segundo os produtores. Aqueles que compraram ingressos para shows e espetáculos teatrais pelo Eventim e não quiserem (ou puderem) ir ao evento poderão pedir a devolução do valor pago por meio do próprio site.
O Eventim, no entanto, determina que nas “compras realizadas pela internet, o cancelamento do pedido deverá ser, obrigatoriamente, solicitado em até sete dias corridos, contados a partir da data da efetivação da compra”. Como a venda teve início em 16 deste mês, mais de uma semana antes do início da programação, há uma dúvida sobre o estorno de valores pagos em prazo maior do que o estabelecido pela regra geral.
Produtor do Rock Brasil 40 anos, Péricles Mecenas afirmou ao Estado de Minas que a situação em Belo Horizonte “é pontual”. “Hoje, valem as regras do site. A Eventim é a tiqueteira contratada pelo CCBB. Mas em todo caso tem que valer primeiro o bom senso. Será que o prefeito não vai rever a situação?”
A casa de shows Jack Rock Bar vai funcionar normalmente neste fim de semana. O espaço na Avenida do Contorno tem aberto para um público de até 350 pessoas – para todos é exigido o comprovante de vacinação. Um dos proprietários do local, Carlos Velloso afirma que o funcionamento da próxima semana é uma incógnita. “Não sabemos ainda como fazer, se vai compensar (abrir). O que digo é que hoje vamos funcionar.”