Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Novo disco de Eduardo Gudin tem letra inédita de Cacaso (1944-1987)


Paulistano, o cantor, compositor, violonista e arranjador Eduardo Gudin chega ao seu 18º disco de carreira. Com 13 faixas autorais, o álbum “Valsas, choros e canções” (Tratore) será lançado nas plataformas digitais e no formato físico na quinta-feira (3/2). Com a formação voz, violão, piano, viola e violino, Gudin gravou ao lado das cantoras e instrumentistas Léla Simões e Naila Gallotta.




 
Léla toca violino e viola sinfônica, Naila toca piano, e Gudin faz a base instrumental com seu violão e os vocais do disco inteiro. O lançamento do disco completo foi precedido pelo single “Arrebentação”, parceria dele com Paulo César Pinheiro. “Essa música é a cara do disco”, comenta.

O álbum conta com a participação de Ronen Altman (bandolim) em “Jacob”, choro inédito, feito em homenagem a Jacob do Bandolim, e em “Paulista”, parceria de Gudin com J.C. Costa Netto, e Fernando Goldemberg (gaita), na inédita “Poente”, que tem letra de Marco Antônio da Silva Ramos, além do cantor Renato Braz na regravação de “Luzes da mesma luz”, parceria de Gudin com Sérgio Natureza. 

Conhecido pelos belos sambas que compôs e e associado a grandes figuras do gênero, como Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini e Nelson Cavaquinho, com quem compôs importantes parcerias, Gudin fez um disco diferente dos anteriores, sem um samba sequer. “Tinha que fazer algo que fosse diferente”, ele afirma.





Gudin conta que no disco há uma música inédita composta por ele em parceria com o poeta mineiro Cacaso (1944-1987). “Essa canção nunca chegou a ser tocada, nem em festas de aniversário, e ficou guardada um tempão. É uma valsa, com melodia minha e letra dele. Então é um disco completamente diferente do que se faz atualmente, porque às vezes se espera algum samba ou uma bossa, e não é o caso.”

Definindo-se como “analógico”, ele ressalta que o CD físico já está sendo prensado e lamenta que o formato esteja sendo abandonado. “É uma coisa linda, porque você faz um livro. É uma linguagem digital, não entendo porque as pessoas estão abrindo mão desse formato para ficar ouvindo disco só em celular ou plataformas.” Ele se orgulha de ter o projeto gráfico da capa é assinado por sua filha Joana Gudin.

Envolvido com a preparação de seu songbook digital, o artista tem planos de compor uma peça para orquestra sinfônica, “algo meio erudito, uma fronteira popular que ainda não achei o caminho”, segundo diz. “Isso é o que quero fazer. Claro que leva um bom tempo. Não é pegar uma música popular e fazer um arranjo para orquestra, é fazer uma peça que envolve mesmo a composição orquestral.”




PANDEMIA 

O agravamento da pandemia neste início de ano, no entanto, abateu um pouco seu ânimo. “Já estava até saindo, mas agora a gente não consegue mais ter vontade, porque está perigoso. Vamos esperar para organizarmos uma turnê de lançamento desse disco. Dentro disso, fico desanimado, porque estava começando a trabalhar e até fiz um show em São José do Rio Preto (SP), que foi tão legal. Depois voltei com meu curso sobre composição popular, no Centro de Pesquisa do Sesc-SP, quando o presencial já estava valendo e o on-line também. E começando as atividades você começa a ficar animado.”

Depois dessa retomada promissora, veio o revés. “De repente, você começa a ver todos os amigos com problema e as coisas ficam meio interrompidas. E junto com a pandemia a gente tem esse momento horroroso pelo qual estamos passando. Para mim é um momento (político) trágico do país. É algo inacreditável, nunca imaginei que passaríamos por isso. Então, você junta uma coisa com a outra e fica meio assim para compor e também para agendar shows. Mas vamos aguardar para ver como as coisas ficam.”

(foto: Reprodução)
“VALSAS, CHOROS E CANÇÕES”

Disco de Eduardo Gudin
Tratore (13 faixas)
Disponível nas plataformas digitais a partir da próxima quinta-feira (3/2)