Mineiro de Tiradentes, Richard Neves é tecladista do Pato Fu, cantor, compositor e produtor. Sempre produz algo para outros artistas, acostumou-se a trabalhar com vários músicos. A lista é grande: Milton Nascimento, Ivete Sangalo, Samuel Rosa, Paula Lima, Ney Matogrosso, Sérgio Pererê, Maurício Tizumba, Pedro Morais e Marina Machado.
Leia Mais
Evandro Mesquita festeja 40 anos do BRock: 'Blitz fez underground emergir'Exigência de teste de COVID para ir a eventos culturais em BH alarma setorKika Seixas lança livro sobre sua relação de 10 anos com o Maluco BelezaBanda mineira formada por chefs de cozinha assina com a Sony e lança EPNovo disco de Eduardo Gudin tem letra inédita de Cacaso (1944-1987)“Resolvi desengavetar tudo. Comecei pela instrumental ‘O mergulho’, que contou com a participação do Paulinho Santos (ex-Uakti) e do Mateus Bahiense, grande baterista e percussionista de BH”, conta Richard, de 40 anos.
COM BiD E DANIEL DE OLIVEIRA
O clipe tem outro mineiro: o ator Daniel de Oliveira, que o tecladista conheceu na casa do produtor Eduardo Bidlovski, o BiD, em São Paulo.
“Fui a Sampa fazer uns ensaios com o BiD para a série do Milton Nascimento. Começamos a conversar e, a partir dali, passei a seguir o Daniel nas redes. Saquei que ele estava fazendo uns vídeos muito bacanas, tudo com celular. Conectei as ideias dele com as do meu clipe, e Daniel topou fazer a parceria”, relembra.
Aliás, o tecladista também participou da série documental “Milton Nascimento e o Clube da Esquina”, com direção musical de BiD. Ela estreou em janeiro de 2020, no Canal Brasil, e foi gravada no estúdio Sonastério, em Nova Lima.
Em “O mergulho”, Richard também contou com a ajuda do baterista e videomaker Helton Lima, amigo dele de BH. “É um grande parceiro. Pegamos as imagens do Daniel, montamos com outras no chroma key e finalizamos. Então, o clipe de ‘O mergulho’ é do Daniel de Oliveira e do Helton Lima”, explica.
Na verdade, “O mergulho” é o primeiro passo para o álbum que Richard vem gravando, com as participações de Chico Amaral, Sérgio Pererê e Marcos Suzano. “Será basicamente um disco de sintetizadores e percussões”, adianta o tecladista.
Ao mandar a sua própria música para o mundo, como ele diz, Richard está estreando, apesar de já ser figurinha carimbada nos palcos. “Não sou cantor, sou compositor e produtor”, lembra, mas destaca que agora interpreta suas composições.
Richard é autor há tempos. Em sua gaveta, havia gravações em parceria com Sérgio Pererê. E a cantora Laís Lacôrte incluiu três composições dele em seu álbum.
Em 2010, “Latinoamerica” surgiu durante a viagem de Richard ao Peru. “Havia aquele sentimento de que a nossa música não é latina por causa da língua (português), o que é uma bobagem. A gente é muito mais latino do que imagina”, defende. A produção dessa faixa é do baixista Pablo Maia. “Gravamos no estúdio dele”, conta o tecladista e compositor.
DETETIVE DA LAGOINHA
A instrumental “O mergulho” tem “pegada meio James Bond”, com toques latinos, o que se reflete no clipe. “O nome original dela era ‘O fabuloso caso do detetive da Lagoinha’. Foi inspirada em um personagem que veio à minha cabeça, o detetive mambembe que fazia investigações no bairro, algo meio decadente”, diz Neves
Mas esse título de livro policial acabou não combinando com o conceito do projeto. “Mudei para 'O mergulho', pois a capa teria algo imagético, provavelmente uma foto do Pedro Davi de um cara com capacete de escafandro na cabeça”, explica. A canção vai ganhar desenho animado desenvolvido em parceria estudantes do curso de cinema de animação e artes digitais da UFMG.
Por sua vez, “Latinoamerica” é canção no estilo MPB que dialoga com o pop. Especialmente o pop feito na América do Sul, “com essa coisa do violão mais à frente da canção”, como explica Richard.
“A letra fala sobre um cara desbravando e conhecendo a América Latina, compreendendo sua própria latinidade. Ele percebe que é tão latino quanto os irmãos e irmãs que encontra pelo caminho.”
Decidido a apostar na carreira solo, Richard Neves prepara álbum com nove faixas. “Todas são instrumentais, com sintetizadores e percussões”, revela, contando que busca viabilizar o projeto com o apoio das leis de incentivo cultural.
Até março, Richard planeja mandar para as plataformas outro single: “Instante qualquer”, parceria dele com Chico Amaral. “Neste momento, eu e o Pablo Maia estamos produzindo essa canção”, revela.