A escritora Vilma Guimarães Rosa Reeves, filha do escritor João Guimarães Rosa, morreu aos 90 anos na tarde deste domingo (30/1), no Rio de Janeiro. A morte foi confirmada ao Estado de Minas pelo filho dela, João Emilio Ribeiro Neto.
Segundo João, Vilma estava internada há 11 dias no Hospital Adventista Silvestre, na Zona Sul do Rio de Janeiro, em decorrência de complicações do diabetes. Nesta tarde, ela teve um infarto fulminante, mesma causa da morte do pai, em 19 de novembro de 1967.
“Um dia antes, fiz uma visita a ela. Estávamos muito animados, tudo levava a crer que ela ia se recuperar. Na tarde de hoje, recebemos esta má notícia. Mamãe morreu muito lúcida. Fazia muitos planos de viagens e de livros”, diz Ribeiro Neto.
O velório está marcado para as 14h desta segunda-feira (31/1) no Cemitério Vertical Memorial do Carmo, no Bairro do Caju, na Zona Portuária do Rio. A cremação ocorre em seguida, às 16h.
Nascida em 5 de junho 1931, em Itaguara, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Vilma é a filha mais velha do primeiro casamento de Guimarães Rosa com Lígia Cabral Pena. Sua única irmã, Agnes Guimarães Rosa, morreu aos 82 anos em 2016.
A mineira é autora de oito livros. Assim como o pai, gostava de brincar com as palavras. Sua primeira publicação foi “Acontecências”, lançada em 1967. Outro destaque de sua bibliografia é “Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu Pai “, de 1983. A escritora era muito próxima de Guimarães Rosa, que a chamou de “jovem colega” em uma carta que enviou a ela na noite de autógrafos de “Acontecências”, no Iate Clube, na Urca.
Em novembro de 2017, Vilma esteve em BH para a inauguração da primeira estátua do país em homenagem ao autor de “Grande Sertão: Veredas”, erguida na praça batizada com o nome dele, no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste da capital.
“Guardarei este dia para sempre no coração. O sentimento será eterno. Meu pai foi um mineiro levado pelo idealismo, que trabalhou também como médico, diplomata e serviu a pátria com entusiasmo”, disse na ocasião.
Em diversas entrevistas à imprensa, a mineira confessou que sonhava em se tornar membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde o pai assumiu uma cadeira em 1967. Morreu sem ver seu desejo realizado, mas foi laureada com diversos prêmios - alguns mantidos pela própria ABL, como o Afonso Arinos e o Joaquim Nabuco.
Vilma foi casada duas vezes. A primeira, com Caio Antonio Bernardo, pai de seus dois filhos, João Emilio Ribeiro Neto e Laura Beatriz Guimarães Rosa Ribeiro Lustosa. O segunda, com Peter Quiney Reeves, com quem viveu por 55 anos até a morte dele, em 2020. Além dos filhos, ela deixa as netas Alice e Catharina.
Confira obra de Vilma Guimarães Rosa
Acontecências - 1967
Setestórias - 1970
Por que não? - 1972
Carisma - 1978
Clique! - 1981
Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu Pai - 1983
As Visionárias - 1986
Mistérios do Existir - 1999