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Estado de Minas BBC

Editora pede desculpas por apontar nome de suposto traidor de Anne Frank

Equipe de investigadores do livro 'Quem traiu Anne Frank?' apontou um judeu como quem entregou a família Frank aos nazistas. Entretanto, críticos disseram que acusação é infundada.


31/01/2022 19:16 - atualizado 31/01/2022 19:16

Foto em preto e branco de Anne Frank sorrindo
Anne Frank foi morta em campo de concentração no ano de 1945, após passar dois anos escondida dos nazistas com a família (foto: Ann Frank Museum)
A editora holandesa Ambo Anthos pediu desculpas por publicar um livro que identificou o suposto nome da pessoa que teria entregado Anne Frank e sua família aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

 

A equipe de investigação do livro The Betrayal of Anne Frank: A Cold Case Investigation (publicado no Brasil pela HarperCollins com o título Quem traiu Anne Frank?: a investigação definitiva sobre a morte da autora do diário mais famoso do mundo) havia apontado que um judeu chamado Arnold van den Bergh teria sido responsável pelas detenções dela e da família.

 

Críticos, incluindo acadêmicos, disseram que as evidências para esta identificação são insuficientes, logo, que as acusações são infundadas.

Após as críticas, a editora holandesa escreveu em um e-mail interno para a autora do livro, a canadense Rosemary Sullivan, dizendo que deveria ter adotado uma "posição mais crítica" em relação à publicação.

 

"Aguardamos as respostas dos pesquisadores para as perguntas que surgiram e estamos postergando a decisão de imprimir outra tiragem", disse.

 

"Apresentamos nossas sinceras desculpas a qualquer um que possa ter se sentido ofendido pelo livro."

 

Anne Frank foi uma menina judia morta em 1945 no campo de concentração nazista de Bergen-Belsen, na Alemanha. Antes, ela ficou dois anos escondida com outros sete judeus, incluindo familiares, em um anexo em cima de um armazém na cidade de Amsterdã. Eles foram descobertos e todos foram deportados.

 

O diário da menina, publicado pela primeira vez em 1947, é o mais famoso relato em primeira mão da vida de judeus durante a guerra. Ele já foi traduzido para 70 idiomas.

 

A BBC pediu posicionamentos da editora Ambo Anthos; da autora do livro, Rosemery Sullivan; e da editora responsável pela versão na língua inglesa. Não houve retornos, por enquanto.

Versão com probabilidade de acerto 'em 85%'

Segundo o livro Quem traiu Anne Frank?, um tabelião judeu provavelmente entregou a localização do esconderijo dos Frank para salvar sua própria família.

 

A equipe de pesquisadores do livro, composta por historiadores e outros especialistas, incluindo um ex-agente do FBI (polícia federal americana), passou seis anos usando técnicas modernas de investigação, incluindo a inteligência artificial, para tentar desvendar o caso.

 

Segundo reportagem da emissora pública holandesa NOS, um dos pesquisadores do livro, Pieter van Twisk, disse estar perplexo com o e-mail e acrescentou que a equipe nunca afirmou ter feito uma descoberta indubitável. Ele disse que a versão tem "probabilidade de (acerto de) pelo menos 85%".

 

O tabelião foi membro do Conselho Judaico de Amsterdã, uma organização forçada a implementar a política nazista em áreas judaicas. O conselho foi encerrado em 1943, e a maior parte de seus membros foi enviada para campos de concentração.

 

Mas a equipe do livro descobriu que ele continuou morando normalmente em Amterdã.

 

A equipe de pesquisa diz que passou por conflitos para revelar que outro judeu era provavelmente o traidor da família Frank, mas apresentou a possibilidade de que Otto Frank, pai de Anne, sabia desta identidade e pode ter mantido isso em segredo.

 

Nos arquivos de um outro pesquisador, eles encontraram uma cópia de uma nota anônima enviada a Otto Frank identificando o suposto traidor.

 

Um dos investigadores disse ao programa 60 Minutes, da CBS, que o antissemitismo pode ter sido a razão pela qual a informação nunca foi divulgada: "Mas temos que ter em mente que o fato de ser judeu apenas significava que ele foi colocado em uma posição insustentável pelos nazistas para fazer algo para salvar sua vida".

 

Por outro lado, o Fundo Anne Frank, sediado na Suíça, se pronunciou à imprensa local dizendo que a investigação do livro estava "cheia de erros".

 

Professor da Universidade de Leiden, na Holanda, Bart van der Boom classificou a obra como uma "bobagem difamatória".

 

Johannes Houwink ten Cate, professor emérito de estudos do Holocausto na Universidade de Amsterdã, sentenciou que "para grandes acusações é preciso grandes provas".

 

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