Paralelamente à exposição “Viagem de ventania – Trilha sonora dos tempos”, que fica em cartaz até 6 de março, o Centro Cultural Unimed-BH Minas abriga shows de artistas que prestam seu tributo ao Clube da Esquina, a partir desta quinta-feira (3/2) até o próximo sábado.
Na série chamada “Mistura Minas”, quem abre a programação é Julia Guedes, integrante da mais nova geração do clã, que já deu ao mundo a música de seu bisavô Godofredo, de seu avô Beto e de seu pai, Gabriel. Iniciando a caminhada na carreira artística, ela empresta o frescor de sua voz à releitura de obras que fizeram a história do Clube da Esquina.
Na sexta-feira (4/2), é a vez da dupla formada por Érika Machado e Makely Ka, artistas que cresceram profissionalmente ouvindo, cantando e estudando o Clube da Esquina. E no encerramento, no sábado (5/2), os irmãos Lô e Telo Borges mostram temas de suas respectivas lavras.
Telo explica que o show que será apresentado pelo “Mistura Minas” é basicamente a transposição para o formato presencial de uma live que os irmãos fizeram no ano passado, com alguns ajustes. No palco do teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, ele abre os trabalhos acompanhado por Enéias Xavier ao piano e mostra músicas como “Vento de maio”, “Voa bicho” e “Tristesse”. Na sequência, Enéias se retira, Lô entra, e eles fazem juntos alguns números.
FELIZ ENCONTRO
“Nessa parte somos só nós dois, numa formação de violão, piano e voz, repetindo o que foi a live, que foi muito legal”, explica. Para Telo, o álbum “Clube da Esquina” se eleva no cenário da música popular brasileira por representar um feliz encontro de talentos que, naquele momento, ainda não eram reconhecidos como tal – nem pelos agentes da indústria fonográfica, nem pelo público em geral.
“Isso se deu pela generosidade e pela estrela maior do Milton. Ele era um cara da noite, se apresentava em muitos lugares, conhecia muitos músicos e sabia que havia pessoas com mais bagagem para gravar um disco com ele. Mas não, bancou uma turma de jovens desconhecidos, o Lô ainda adolescente, e eles fizeram um trabalho excepcional. O mais importante nessa história toda foi o ouvido do Bituca”, afirma.
Telo acredita que o movimento que o álbum, lançado em 1972, gerou sintetiza “a boa música que se faz no mundo”. Ele destaca o amálgama do jazz com a bossa nova e a música dos Beatles presente nas composições do Clube da Esquina. “Toda essa gama de referências, o que inclui também a música regional, muito bem representada pelo Tavinho Moura, resulta numa coisa forte, marcante. O próprio Milton trazia também influências da música negra norte-americana, o blues, Miles Davis”, aponta.
Sobre o show de sexta-feira, Érika Machado adianta que tanto ela quanto Makely terão seus respectivos momentos solo, mas também farão alguns números juntos. Do repertório do Clube, ela diz que pegou para si as canções de verniz mais pop, como “Para Lennon e McCartney”, “Nuvem cigana”, “Um girassol da cor do seu cabelo” e “Nada será como antes”. Makely, por sua vez, escolheu precisamente o lado menos pop, com canções que não repercutiram tanto.
“Sempre gostei muito de Clube da Esquina. Fui colega do Xexéu (Gabriel Guedes, filho de Beto) na escola, minha mãe curtia muito o Lô. Tenho muitas memórias afetivas, vi muitos shows dessa turma toda na cidade. Tenho uma ligação forte. É uma influência grande para mim o jeito de eles fazerem música, com uns compassos bem esquisitos”, diz.
Ela ressalta que, desde que está morando em Portugal, para onde se mudou no início da década passada, sua afeição pela música do Clube aumentou. “É como um refúgio, um lugar seguro que eu tenho para me abrigar.”
MISTURA MINAS
Show de Júlia Guedes, nesta quinta-feira (3/2), às 21h; Makely Ka e Érika Machado, na sexta-feira (4/2), às 21h; Telo e Lô Borges, no sábado (5/2), às 21h. No Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia), para cada um dos shows, à venda no site Eventim. Classificação: livre