O escritor britânico Lee Child, pseudônimo de James D. Grant, é um trabalhador das letras. Depois de mudar-se para os Estados Unidos e estrear com “Dinheiro sujo”, em 1997, ele publica religiosamente, a cada ano, novas aventuras com seu protagonista, Jack Reacher. Já são 26 romances com o personagem, o mais recente deles, “Better off dead”, de outubro de 2021.
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MORTE EM MARGRAVE
A narrativa começa com um crime – um homem é morto meticulosamente em Margrave, cidadezinha remota da Georgia. Pouco depois, assistimos a Reacher desembarcando de um ônibus. De acordo com o próprio, parou naqueles confins porque, segundo seu irmão Joe, teria sido ali que o cultuado bluesman Blind Blake (1896-1934) havia morrido – o músico, na verdade, morreu em Glendale, Wisconsin, mas isso não faz muita diferença, já que Margrave é uma cidade ficcional.
Viciado em café, Reacher está na lanchonete local preparando-se para a primeira mordida em uma torta de pêssego quando é interrompido pela chegada abrupta da polícia, que o prende no local. A situação toda já é um pouco risível, porque o personagem até então não emitiu nenhuma palavra. As cenas, logo de início, não deixam de explorar o escultural Ritchson (não faltarão sequências dele sem camisa,) que ficou conhecido por viver super-heróis em séries como “Smallville” e “Titãs”.
Levado para a delegacia local, ele logo vai conhecer dois personagens que o acompanharão na jornada: o detetive Oscar Finley (Malcolm Goodwin), um forasteiro como ele, e a jovem oficial local Roscoe Conklin (Willa Fitzgerald). Abrindo a boca somente para falar o estritamente necessário, Reacher vai ser preso e solto várias vezes. De cara, no episódio 1 ele é levado para um presídio, onde já destroça meia dúzia de presos.
A história vai longe, trazendo inclusive ligação com o passado remoto do personagem. Um cadáver leva a outro, e Reacher acabará se envolvendo em uma trama que vai além dos limites de Margrave.
Ritchson, mesmo depois de muita briga, tem sempre o jeito de um fortão de academia, o que contradiz o aspecto do andarilho que Lee Child imprimiu à sua criação. Falta carisma e sobram músculos. Apostando na testosterona, sequências de ação e algumas piadas, “Reacher”, como adaptação, é uma solução genérica demais. Mas tem uma trilha sonora de primeira – o piloto é encerrado com Rolling Stones, vale dizer.
“REACHER”
Série em oito episódios. Todos estreiam nesta sexta (4/2), na Amazon Prime Video