Jornal Estado de Minas

ESTREIA HOJE

Alan Ritchson vive em série personagem que Tom Cruise levou ao cinema


O escritor britânico Lee Child, pseudônimo de James D. Grant, é um trabalhador das letras. Depois de mudar-se para os Estados Unidos e estrear com “Dinheiro sujo”, em 1997, ele publica religiosamente, a cada ano, novas aventuras com seu protagonista, Jack Reacher. Já são 26 romances com o personagem, o mais recente deles, “Better off dead”, de outubro de 2021. 





Reacher já foi chamado de Sherlock Homeless. O grandalhão que não tem nome do meio (todo americano tem) vive com uma aposentadoria do Exército, depois de servir por anos como policial militar. Não tem casa, carro, família e leva uma vida nômade, com a roupa do corpo e uma escova de dentes no bolso. Não usa cartão de crédito ou celular, mas é um brilhante investigador, capaz de perceber o que ninguém ainda entendeu.

Depois de ter sido levado duas vezes ao cinema por Tom Cruise (em “O último tiro”, de 2012, e “Sem retorno”, de 2016), o personagem ganha sua própria série. Com estreia nesta sexta (4/2) na Amazon Prime Video, “Reacher”, em sua temporada inicial, adapta precisamente o romance inaugural do personagem. Nos livros, o grandalhão é descrito com 1,96m, tamanho mais próximo de seu atual intérprete, Alan Ritchson (1,88m) que do baixinho Cruise (1,70m). 

MORTE EM MARGRAVE

A narrativa começa com um crime – um homem é morto meticulosamente em Margrave, cidadezinha remota da Georgia. Pouco depois, assistimos a Reacher desembarcando de um ônibus. De acordo com o próprio, parou naqueles confins porque, segundo seu irmão Joe, teria sido ali que o cultuado bluesman Blind Blake (1896-1934) havia morrido – o músico, na verdade, morreu em Glendale, Wisconsin, mas isso não faz muita diferença, já que Margrave é uma cidade ficcional.





Viciado em café, Reacher está na lanchonete local preparando-se para a primeira mordida em uma torta de pêssego quando é interrompido pela chegada abrupta da polícia, que o prende no local. A situação toda já é um pouco risível, porque o personagem até então não emitiu nenhuma palavra. As cenas, logo de início, não deixam de explorar o escultural Ritchson (não faltarão sequências dele sem camisa,) que ficou conhecido por viver super-heróis em séries como “Smallville” e “Titãs”.

Levado para a delegacia local, ele logo vai conhecer dois personagens que o acompanharão na jornada: o detetive Oscar Finley (Malcolm Goodwin), um forasteiro como ele, e a jovem oficial local Roscoe Conklin (Willa Fitzgerald). Abrindo a boca somente para falar o estritamente necessário, Reacher vai ser preso e solto várias vezes. De cara, no episódio 1 ele é levado para um presídio, onde já destroça meia dúzia de presos. 

A história vai longe, trazendo inclusive ligação com o passado remoto do personagem. Um cadáver leva a outro, e Reacher acabará se envolvendo em uma trama que vai além dos limites de Margrave. 





Ritchson, mesmo depois de muita briga, tem sempre o jeito de um fortão de academia, o que contradiz o aspecto do andarilho que Lee Child imprimiu à sua criação. Falta carisma e sobram músculos. Apostando na testosterona, sequências de ação e algumas piadas, “Reacher”, como adaptação, é uma solução genérica demais. Mas tem uma trilha sonora de primeira – o piloto é encerrado com Rolling Stones, vale dizer.

“REACHER”

Série em oito episódios. Todos estreiam nesta sexta (4/2), na Amazon Prime Video